Retrospectiva 2022 vai exibir dez filmes

A primeira mostra de cinema, em 2023, do Centro Cultural Unimed-BH Minas será realizada a partir da próxima quinta-feira e até 1º de fevereiro. A Mostra Retrospectiva 2022 apresenta dez filmes escolhidos por dez programadores de salas de cinema de todas as regiões do País. Os filmes selecionados são “Marte Um” (foto), “Drive My Car”, “Memória”, “Os Primeiros Soldados”, “Licorice Pizza”, “Vitalina Varela”, “Il Buco”, “O Acontecimento”, “Pequena Mamãe” e “Não! Não Olhe”. Os ingressos para as sessões custam R$ 2 (inteira) e podem ser adquiridos na bilheteria do Cinema que fica no Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244. Lourdes, 5ª andar).
Cada um dos programadores trouxe para a Mostra Retrospectiva 2022 o olhar apurado e suas motivações, que passam pelo gosto pessoal e por observações técnicas. Convidados por Samuel Marotta, coordenador e programador das Salas de Cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas, os curadores da mostra são oriundos de Palmas, Elisângela Dantas (Cine Cultura); de Manaus; Evie Mota (Cine Casarão); de Goiânia; Fabrício Cordeiro (Cine Cultura); de Fortaleza; Kênia Freitas (Cinema do Dragão); de Recife; Luís Fernando Moura (Cineteatro do Parque); de Niterói; Lívia Cabrera (Cine Arte UFF); de Rio Branco; Marcelo Cordero (Cine Teatro Recreio); de Curitiba; Marden Machado (Cine Passeio), e de Vitória, Marden Machado (Cine Passeio).
“A retrospectiva é uma mostra muito comum nos cinemas do Brasil inteiro, sobretudo em salas como a do Centro Cultural Unimed-BH Minas, chamados de cinemas de rua”, explica Samuel Marotta. O coordenador afirma que alguns pontos são mais relevantes na curadoria da Mostra Retrospectiva 2022, a descentralização e a troca de experiências. “Eu queria uma partilha de experiências que fossem descentralizadas. Eu percebi que cada cinema desses quatro cantos do País tem desafios próprios, dessa forma, eu achei que seria interessante chamar esses programadores para fazer essa curadoria e não ficar só nisso, mas em seguida, criar um grupo de discussão, e quem sabe, até uma associação”, vaticina Samuel, que também fez parte da curadoria da mostra.
Muitos títulos, além dos dez escolhidos, foram mencionados pelos programadores e a escolha se baseou no número de citações do filme e na colocação nas respectivas listas de cada um dos programadores. O filme “Marte Um”, dirigido pelo mineiro Gabriel Martins, filme escolhido para representar o Brasil na cerimônia do Oscar de 2023, está presente, com destaque, em todas as justificativas. Marcelo Cordero, de Rio Branco (AC), afirma que a película “é possivelmente não só o filme mais importante e revelador dos lançamentos nacionais de 2022, mas, sem medo de estar errado, permanece como uma das referências cinematográficas da história recente do cinema brasileiro”, atesta.
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O filme “O Acontecimento”, livremente inspirado no livro homônimo de Annie Ernaux, vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 2022, foi indicado por Lívia Cabrera, do Rio de Janeiro. “Não tem como ser mulher e não saber a angústia que a personagem da estudante Anne passa ao ter que lidar de maneira solitária com um aborto. Desesperador. A excelente e jovem intérprete se soma a uma linguagem cinematográfica proposta pela diretora que nos coloca muito próximos às situações pelas quais Anne passa, forçando o espectador a enxergar a questão de perto ao mesmo tempo em que mostra o quão sozinha a personagem está. Sem contar que é um tema sempre necessário de ser discutido”, observa.
“Como de hábito, os filmes de Pedro Costa apresentam um visual um tanto quanto único, em que gente e rostos são lapidados por uma iluminação muito precisa em meio a um universo rodeado de infinita escuridão. Como um ramo de planta que brota do asfalto, é como se cada imagem encontrasse formas de construir a partir das trevas, com uma luz que, de tão elegante, é enfim convidada (ou autorizada) a esculpir algo de vida e beleza diante da onipresença das sombras”, justifica de forma poética o curador Fabrício Cordeiro, de Goiás, sua escolha pelo filme “Vitalina Varela”, do português Pedro Costa.
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