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Rodoviária de BH ganha sala de cinema com exibição gratuita de curtas nacionais; veja a programação

Filmes serão exibidos gratuitamente para quem passa pela rodoviária; 30% da programação será de curtas mineiros
Rodoviária de BH ganha sala de cinema com exibição gratuita de curtas nacionais; veja a programação
Sala de cinema na rodoviária de Belo Horizonte | Dione AS/ Diário do Comércio

O Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, no Centro da capital mineira, ganhou, nesta sexta-feira (27), um espaço gratuito para a exibição de curtas-metragens brasileiros e independentes para fomentar o cinema nacional. O projeto de cinema na rodoviária é realizado pela plataforma mineira de streaming Cardume, e tem apoio do coletivo Viva Lagoinha, por meio do edital BH nas Telas- edição Paulo Gustavo.

De acordo com a sócia fundadora da plataforma, Luciana Damaceno, a iniciativa tem 30% do repertório preenchidos pela escolha de curtas-metragens mineiros, que serão exibidos todas às sextas-feiras, a partir do dia 4 de outubro, em quatro horários com produções diferentes: às 18h30, às 19h30, às 20h30 e às 21h30. Os espectadores também receberão pipoca de graça para assistir às obras.

Luciana Damaceno afirma que o projeto trabalha com a ideia de democratizar o acesso ao cinema, especificamente aos curtas.

“É um projeto que pretende levar curtas-metragens independentes para quem não é um especializado em cinema. Geralmente, os curtas são filmes exibidos mais em festivais do gênero. Ao trazê-los para a rodoviária, os inserimos em um ambiente democrático para pessoas que muitas vezes não têm acesso ou o conhecimento da existência dessas obras. São todos filmes brasileiros, com 30% de filmes de Minas Gerais”, diz.

Veja quais filmes serão exibidos na rodoviária de BH:

Durante os dias 4, 11, 18 e 25 de outubro, ou seja, as quatro sextas-feiras do mês, passam a ser exibidas as seguintes obras cinematográficas em auditório com 60 assentos, situado no terceiro piso do terminal:

  • De Déu em Déu, Dols ao Lêu, dos diretores Guilherme PAM e Jeanne Kieffer;
  • Bicho do Mato, de Jullana Sanson;
  • Angela, de Marilia Nogueira, que tem como protagonista a atriz Teuda Bara;
  • o documentário “Anderson”, do diretor Rodrigo R. Meireles, que retrata, sem a perspectiva de dramatização, a vida de um brasileiro que tem paralisia cerebral.

Cinema brasileiro custa para chegar ao público

O projeto terá a exibição de cerca de 50 filmes, que ficarão em cartaz, inicialmente, por um ano. Em seis meses os organizadores também farão uma coleta de dados para avaliar a iniciativa.

“Temos um orçamento de R$ 100 mil pela Lei Paulo Gustavo para manter essa sala. Nesse trabalho, a equipe da Cardume é composta por sete ou oito pessoas, mas, quando consideramos todo o projeto, são cerca de 30 profissionais dedicados a transformar essa iniciativa em realidade”, diz o sócio da Cardume, Daniel Jaber.

A presidenta da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (Apan), Tatiana Carvalho Costa considera emocionante estar numa sala de cinema, dentro de um espaço público, que acaba de receber filmes gratuitos e brasileiros, a partir de uma iniciativa que vem também de editais da esfera pública.

“Tenho repetido tanto a palavra público porque ela diz respeito à nós, e esta é uma iniciativa que atende a sociedade de uma maneira mais ampla e plural, bem no Hipercentro de uma cidade como Belo Horizonte, que circula tantas pessoas diferentes e que exibirá produções brasileiras, ou seja, curtas-metragens que pouco circulam para falar sobre a realidade do País. Uma realidade apresentada em diversas maneiras, diversos sotaques e diversas caras. Isso é bonito demais, pois acredito muito no cinema para isso: dela ir ao encontro do público. Esse encontro permite que as pessoas se reconheçam nas telas e elas darem conta de si valorizar”, pontua.

Presidenta da Apan, Tatiana Carvalho Costa | Foto: Diário do Comércio/Dione AS

Apoiador do Cine Cardume Rodoviária, o fundador do projeto Viva Lagoinha, Felipe Thales Bernardo, considera que o cinema público tem o potencial de nutrir uma sociedade que carece de cultura, de arte e de obras que, muitas vezes, são elitizadas.

“A cidade de BH tem uma dívida histórica com o bairro da Lagoinha, e começa a repetir que lá é uma Cracolândia, que não tem espaço para cultura, e deixa de experimentar o potencial cultural que ele tem. Só a arte e cultura que dá conta. Queremos trazer os moradores do bairro para cá. Vida longa ao projeto”, comemora.

Fundador do projeto Viva Lagoinha, Felipe Thales Bernardo | Foto: Diário do Comércio/Dione AS

Daniel Jaber enfatiza a importância do projeto em um local que os espectadores têm um tempo limitado, garantindo uma vivência de cultura em espaços urbanos sem comprometer seu itinerários.

“Um aspecto interessante é que, enquanto as pessoas aguardam um ônibus na rodoviária, muitas delas não imaginam que ali poderia existir um cinema. A arte tem o poder de tocar profundamente as pessoas, e por isso temos um cuidado especial na seleção dos filmes que exibimos. Nossa curadoria é diversificada e busca respeitar a vida e o cotidiano de cada um, proporcionando momentos inesquecíveis, seja com animações ou documentários”, diz Jaber.

Sala dará espaço à 18° edição do CineBH

Nesta sexta (27), a sala ainda realizará a exibição de filmes às 19:30. As produções em cartaz são frutos da 18° edição do CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte.

Com a reprodução de quatro produções belo-horizontinas, a sala estreia com os seguintes filmes:

  • Um Dia de Todos os Dias, de Fábio Narciso, que trata do racismo;
  • Igual a um Nativo, documentário coletivo sobre a vida de imigrantes na cidade;
  • Morro do Cemitério, de Rodrigo R. Meireles, que traz a arte de um rapper em Conselheiro Lafaiete;
  • Jardim Tropical, de Breno Alvarenga e Luiza Garcia, que discute a gentrificação urbana.

Projeto pode ser expandido para o Rio, São Paulo e Natal

Para ampliar as oportunidades de levar a proposta de cinema gratuito para comunidades, a plataforma de streaming mineira avalia também a possibilidade de expansão do projeto para outras rodoviárias brasileiras.

“A nossa ideia é levar essa iniciativa para as rodoviária do Tietê (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Natal (RN), inicialmente, com a oportunidade de nutrir a sociedade com a pluralidade brasileira de produções de curtas-metragens”, projeta Luciana Damaceno.

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