Saberes do Rosário – Reinados, Congados e Congadas podem se tornar patrimônio cultural nacional

Minas Gerais se prepara para um momento que pode ser histórico: a 109ª Reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) poderá reconhecer oficialmente os Saberes do Rosário – Reinados, Congados e Congadas – como Patrimônio Cultural do Brasil. A reunião acontece nesta terça-feira (17), às 14h, na sede da Superintendência do Iphan em Minas Gerais, na Capital.
O reconhecimento é fruto de um extenso processo de pesquisa e instrução técnica conduzido ao longo de quase duas décadas, envolvendo as comunidades detentoras, pesquisadores, agentes públicos e instituições do patrimônio. Somente no Estado, os Saberes do Rosário estão presentes em mais de 330 municípios, com mais de 1.100 grupos ativos de congadeiros, moçambiqueiros, catopês, marujos, candombes e guardas diversas, compondo uma das expressões mais profundas da cultura afro-brasileira e da fé popular no Brasil.
Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), Leônidas Oliveira, trata-se de um reconhecimento histórico e reparador: “O Rosário é onde a cultura, a fé e a arte do povo negro de Minas e do Brasil se unem em uma sabedoria ancestral. O reconhecimento nacional desses saberes como patrimônio do Brasil é o reconhecimento de uma história de resistência, beleza e humanidade. Minas é terra-mãe desse patrimônio vivo, e os Congados são sua alma.”
A Rainha Conga de Minas Gerais, Isabel Casimira das Dores Gasparino, que também participou da redação do dossiê do Iphan, destaca a importância do reconhecimento para as futuras gerações: “Esse reconhecimento não é só para nós, é para os nossos antepassados e para os nossos filhos. A coroa que carregamos é de dignidade, e o Rosário é nosso modo de viver, de rezar, de ensinar. É hora de o Brasil enxergar que nós sempre estivemos aqui, com nossos tambores, nossas danças e nossa fé.”
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O presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), João Paulo Cunha, reforça que o reconhecimento pelo Iphan dialoga com a política de valorização da cultura afro-mineira do Estado. “Minas tem liderado a valorização das culturas afromineiras com políticas públicas concretas. O reconhecimento nacional dos Saberes do Rosário se soma ao registro estadual realizado em 2024 e fortalece a identidade, o direito e a memória dos povos afrodescendentes. É um passo fundamental para recontar a história do Brasil com justiça e beleza”, completa o presidente. (Secult-MG)
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