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UFMG recebe arte do Jequitinhonha

UFMG recebe arte do Jequitinhonha
Crédito: Divulgação

O Vale do Jequitinhonha é conhecido por uma vasta produção de bordados, tecelagem, peças de cerâmica e outros tipos de artesanato. A cada ano, a UFMG traz para Belo Horizonte parte dessa riqueza cultural de Minas Gerais com o objetivo de promover o trabalho desses artistas e ampliar as possibilidades de reconhecimento e comercialização de seus produtos. Neste ano, 90 expositores, representantes de 26 municípios e 37 associações de artesãos, incluindo os povos indígenas Aranã e Pankararu-Pataxó, da Aldeia Cinta Vermelha em Araçuaí, participam da 21ª edição do evento, que ocorre até o próximo sábado. A entrada é gratuita e aberta ao público na Praça de Serviços do Campus Pampulha da UFMG (avenida Antônio Carlos, 6.627). 

Organizada pela Pró-reitoria de Cultura da UFMG, por meio do programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, a feira conta com apresentações musicais, exposição e homenagem a duas mestras artesãs. Segundo o produtor cultural e coordenador do evento, Sérgio Diniz, a feira “é resultado da articulação de diferentes órgãos da universidade e também do apoio financeiro de diversas entidades, que entendem o momento de crise pelo qual a universidade pública passa, bem como a importância social de uma iniciativa como esta”.

Criada com o objetivo de colocar os artesãos do Vale do Jequitinhonha em evidência na capital mineira, a feira segue com o princípio de valorizar a troca de experiências entre artesãos, universidade e comunidade local. Para Maria das Dores Pimentel Nogueira, coordenadora do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, “a Feira não é somente um espaço para venda; é mais do que isso, um espaço de encontro. É fundamental que a comunidade universitária e a população de BH conheçam esses saberes ancestrais, tão importantes quanto os acadêmicos”. 

Além da comercialização dos produtos artesanais, a feira contará, até amanhã, com apresentação musical do Grupo Meninas de Sinhá, hoje, às 17h30, e de Wilson Dias, amanhã, às 12h30. O público que passar pelo local também poderá conferir a instalação plástico-sonora Sinfonia, do artista visual de Araçuaí, Pierre Fonseca. Por meio de um painel interativo, as pessoas poderão ver e ouvir o canto de diferentes pássaros do cerrado, utilizando a tecnologia QR Code de seus celulares.

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Homenagem

Desde 2009, a feira presta homenagem a mestras e mestres de ofício, entre ceramistas, trançadeiras, tamborzeiros, fiandeiras, tecelãs, bordadeiras, escultores em madeira, entre outros. Neste ano, as homenageadas serão Elza Có e Gesilene Pataxó, em evento amanhã, às 17h, na Praça de Serviços. 

De acordo com a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, a homenagem prestada pela UFMG representa um reconhecimento à força criativa dos saberes tradicionais, cada vez mais valorizados na própria Universidade.

Conhecida como dona Elza Có, Elza Pereira de Andrade aprendeu a costurar e bordar desde cedo. O artesanato intrínseco em seu fazer foi se expandindo com os anos e aos poucos o bordado, tricô, corte de costura e a argila se tornaram complemento fundamental para a renda da família. Há 28 anos, assumiu o Boi de Janeiro e as negas de Heraldo, evento anual que rendeu-lhe o título de símbolo cultural de Jequitinhonha. Hoje, aos 87 anos, seu maior orgulho é ter conseguido perpetuar a cultura local com a fundação do grupo cultural Boi Cometa.

Liderança Pataxó, Gesilene Braz da Conceição, é mestra detentora de saberes ancestrais que estruturam a vida de sua comunidade na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, em Araçuaí. Importante referência na luta histórica em defesa dos territórios e direitos dos povos indígenas, enfrentou diversos percalços que a obrigaram a interromper os estudos, dedicando-se ao artesanato e ao ensino do ofício. Após 20 anos sem estudar, conseguiu concluir os estudos pela Educação de Jovens e Adultos e realizou o sonho de se formar em Pedagogia e tornar-se alfabetizadora. Com 45 anos de idade, hoje é professora da educação infantil de sua aldeia.

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