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UFMG retira animais do campus Pampulha por causa da Stock Car, que começa nesta quinta (15)

Hospital Veterinário vai suspender os atendimentos durante o período da corrida
UFMG retira animais do campus Pampulha por causa da Stock Car, que começa nesta quinta (15)
Equinos entram em caminhão para a viagem de saída do campus Pampulha | Crédito: Bruno Ihara | UFMG

Com a data da etapa da Stock Car Pro Series em Belo Horizonte cada vez mais próxima, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) começou a transferir os animais da Escola de Veterinária e do Hospital Veterinário. A perturbação aos pacientes veterinários e os ruídos que a corrida irá causar estão entre as principais reclamações da universidade. O evento acontece nos dias 15 a 18 de agosto no entorno do estádio Mineirão, na Pampulha.

Segundo a UFMG, a operação de retirada dos animais começou na segunda-feira (12) e deve ser concluída nesta quarta (14), quando a transferência de 15 equinos, seis bovinos e seis cachorros será finalizada. Até então, já foram transferidos 13 equinos, entre eles, um garanhão que ficou muito agitado por causa da mudança de local e precisou de um espaço exclusivo para ser levado.

Os animais estão sendo distribuídos para a Fazenda de Igarapé (Fazenda Experimental Hélio Barbosa, da UFMG), para outras escolas e hospitais, e também para o sítio de um aluno de residência do Hospital Veterinário, onde ficarão provisoriamente.

Segundo a UFMG, a medida visa minimizar os riscos de estresse e acidentes para os animais devido ao ruído e à movimentação intensa gerados pela corrida.

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A vice-diretora da Escola de Veterinária, Eliane Gonçalves de Melo, ressaltou a necessidade de retirar os animais do espaço, mas também destacou que este processo de transferência também envolve riscos. “É claro que temos que retirar do campus todos os animais que podem ser transferidos. Mas também nos preocupam muito os riscos de acidente implicados numa operação de transporte e o estresse gerado pelo percurso e pela mudança de local de abrigo”, explicou.

Caminhão de transporte de animais da UFMG
Vinte e um animais de grande porte (equinos e bovinos) e mais seis cachorros estão sendo transferidos para outros locais | Crédito: Arquivo Escola de Veterinária

Ela relatou um episódio recente em que o ruído de um carro de treino, que testou por 20 minutos a pista onde está prevista a prova, agitou os animais, quase provocando um acidente. “Estava em velocidade menor que a de corrida, mas já pudemos constatar os efeitos negativos do ruído: os animais em atendimento ficaram muito agitados, e um deles quase caiu da mesa onde passava por um procedimento”, lembra.

Além disso, Eliane Melo mencionou que as obras para a prova já causaram impactos negativos, como poeira e barulho, afetando o bem-estar dos animais.

Impacto nos serviços do Hospital Veterinário

Segundo a diretora do Hospital Veterinário da UFMG, Christina Malm, com a movimentação do BH Stock Festival, a unidade, que funciona 24 horas por dia, terá que ficar fechada de quinta (15) a domingo (18), período de realização da corrida. Isso deve interromper o atendimento a cerca de 400 animais.

“Mas os pacientes que porventura aparecerem com problemas mais sérios – apesar da divulgação do esquema extraordinário para esta semana – serão encaminhados a uma clínica parceira na Pampulha ou seguirão para a unidade de preferência do tutor”, disse.

Conforme a diretora, nos últimos dias, o hospital desacelerou suas atividades para minimizar o número de pacientes graves que precisariam ser transferidos. Equipes de plantão estarão disponíveis para emergências envolvendo os animais que permanecerão no campus, como cabras grávidas e bezerros em experimentos.

Stock Car critica UFMG por não aceitar apoio financeiro

Por meio de nota, o diretor-geral do BH Stock Festival, Sérgio Sette Câmara, afirmou que a decisão de remover os animais foi tomada exclusivamente pela UFMG e criticou a universidade por não ter aceitado o apoio financeiro oferecido pela organização do evento para facilitar a transferência. Ele também disse que todas as medidas de mitigação de ruído foram apresentadas e que o evento respeitará rigorosamente as normas municipais.

“O documento já foi juntado na ação civil pública em trâmite na Justiça Federal, onde a instituição é representada pela Advocacia Geral da União, que inclusive já até se manifestou nos autos a respeito. O estudo acústico é suficiente para que não haja incômodo aos animais, pois observa rigorosamente as normas municipais de ruído para o horário do evento, que será 100% diurno no tocante aos carros, não ultrapassando duas horas diárias”, diz a nota assinada por Sette Câmara.

PBH destaca os efeitos positivos do evento

A Prefeitura de Belo Horizonte informou também por meio de nota que as questões relacionadas à mitigação de efeitos sonoros e impactos para os animais devem ser direcionadas à organização do evento. No entanto, destacou o impacto econômico positivo que o BH Stock Festival pode trazer para a cidade.

“Estima-se um impacto positivo de cerca de R$ 1 bilhão em cinco anos, gerando mais de 1,5 mil empregos temporários em diversas áreas, tais como montagem da estrutura e logística, alimentação e transporte. Além disso, o evento será transmitido ao vivo para 153 países, gerando visibilidade mundial para a Capital”, disse a PBH.

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