Virada Cultural em Belo Horizonte movimenta R$ 1,5 milhão e incentiva retomada do setor

Alento à arte, aos belo-horizontinos e espectadores que anseiam pelas manifestações culturais e por respirar a cidade. É com esse sentimento que a Virada Cultural de Belo Horizonte acontece, de forma on-line, entre os dias 16 e 17 de outubro, e traz esperança e incentivo a milhares de pessoas que compõem a cena cultural da capital mineira dos bastidores ao palco.
De acordo com o secretário municipal adjunto de cultura da Prefeitura de Belo Horizonte, Gabriel Portela, esta edição da Virada Cultural foi repensada sob a ótica das implicações decorrentes da pandemia da Covid-19 para o setor e neste ano tem como tema a “Cultura vibra, viva e vira”, em alusão à retomada gradual que dá boas-vindas ao setor com o avanço da vacinação, por exemplo.
“Essa questão de trazer o evento para o online é resultado das circunstâncias. A Virada tem o objetivo de apropriação do centro de Belo Horizonte e tem também uma função econômica importante. Quando a gente repensou, fizemos uma avaliação de que o setor cultural sofreu um grande impacto, e o nosso foco neste ano seria contemplar o artista, o produtor, a cadeia produtiva como um todo”, afirma Portela.
Com investimento de R$ 1,5 milhão para a realização do evento que já foi gravado e será transmitido neste final de semana por meio de nove canais do Youtube disponibilizados pela Fundação Cultural de Belo Horizonte, a programação de 24 horas contará com a apresentação de 2.160 artistas e outras 1.500 pessoas envolvidas na parte técnica e de produção, conforme informações da Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte.
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Incentivo aos artistas
Os artistas selecionados, por meio de inscrição e cadastramento, para participar da Virada Cultural de 2021 recebem até R$ 3.000,00 como cachê, um valor que, segundo o secretário municipal de cultural de Belo Horizonte, foi pulverizado para abranger mais profissionais. No entanto, ainda para Portela, a realização de um evento de porte grande, para além do incentivo financeiro, cumpre com o papel de contribuir para o retorno dos profissionais à arte e à cultura.
“A gente sabe que o investimento em cultura tem efeito multiplicador. A cada real investido, esse valor ao final é duplicado. E a Virada é importante porque o recurso vai para a cadeia produtiva da arte, da cultura. Mas também faz com que as pessoas voltem a trabalhar. Essa não é só uma medida assistencial, que é fundamental, mas esse retorno dos profissionais ao ofício é essencial. E é isso que queremos garantir, que eles voltem aos seus ofícios”, acredita o secretário.
Esse incentivo de retorno ao ofício é a realidade da Black Machine. Composta por 12 músicos, a pandemia da Covid-19 forçou a parada das atividades da banda, assim como ocorreu com outros profissionais, e para alguns integrantes significou o desafio de se reinventar para sobreviver.
“Cada um começou a dar o seu pulo, buscando atividades on-line, temporárias. O Black Machine tem alguns integrantes com outras profissões, alguns dão aula em ambiente acadêmico, mas o vocalista, por exemplo, começou a fazer marmitex para vender e plantar vegetais orgânicos. E a virada veio em boa hora porque ela sempre abraça os músicos da cidade e valoriza o produto local, o trabalho autoral”, afirma Rafael Carneiro, guitarrista da banda.
Um evento para todos
Ainda de acordo com Gabriel Portela, o evento cumpre também o papel de gerar apropriação da cidade pela sua população: “essa apropriação gera cidadania, sensação de pertencimento, convivência. E a Virada Cultural é uma forma de continuarmos afirmando o lugar da arte e da cultura em Belo Horizonte. E a arte e a cultura vêm para trazer esse efeito psicossocial de reunir momentos de lazer e convivência para toda a população”, acrescenta o secretário.
Em meio à programação que contempla o universo infantil, o geek – mundo dos gamers e cosplays -, adulta e as mais diversas linguagens artísticas que envolvem, por exemplo, o cinema, a dança, a música, a moda e a arte contemporânea, a festa junina que há dois anos enche o coração do público da capital mineira de saudade será lembrada por meio da apresentação do Kdu dos Anjos e de 30 pessoas entre artistas e equipe de figurino do Centro Cultural Lá da Favelinha.

“É muito bom ter de volta a Virada Cultural, mesmo que online, de forma simbólica. Porque isso marca um evento que é importante para a movimentação da cidade, da economia local. E neste ano a gente trouxe a Formação de Quadrilha para o evento, para trazer esse gostinho para a cidade, já que não tivemos festa junina neste ano”, conta Kdu dos Anjos.
Para Francisco José Gonçalves, presidente da Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova, a Virada Cultural é um alento no momento de dificuldade e uma forma de levantar o astral da população belo-horizontina. “A Escola de Samba já está desde o carnaval de 2020 sem atividades. E desta vez nós levamos um contingente menor para a apresentação na Virada, o coração fica apertado. Mas queremos levar a nossa alegria para o povo com a apresentação de bateria soul”, conta Francisco.
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