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VIVER EM VOZ ALTA | A “Beagá Perfis”, de José Eduardo Gonçalves

VIVER EM VOZ ALTA | A “Beagá Perfis”, de José Eduardo Gonçalves

Rogério Faria Tavares*

Uma das iniciativas que mereceu o patrocínio do BDMG Cultural durante a minha gestão foi a da coleção “Beagá Perfis”, que, na época, contava com dois números. Outros dois já haviam sido encomendados pelo meu antecessor na presidência do Instituto, João Paulo Cunha, um dos pensadores mais lúcidos e perspicazes que já conheci.

Tive a honra de lançá-los, o tempo de concluir mais um e de encomendar o sexto.
Escritor e produtor cultural (curador da Festa do Livro de São João Del-Rei, Tiradentes e Santa Cruz de Minas e da Festa do Livro na Rua), o idealizador da coleção, José Eduardo Gonçalves, também comanda excelente projeto literário no Minas Tênis Clube, o “Letra em cena. Como ler…”, além de dirigir, com Maria Esther Maciel e Maurício Meirelles, a revista “Olympio”, preciosa publicação literária de que Minas e o Brasil não podem abrir mão, sobretudo num tempo em é preciso, mais que nunca, combater a barbárie e a perversão com as armas da inteligência, da cultura e da poesia.

O primeiro volume da “Beagá Perfis” foi dedicado a Fritz Teixeira de Salles, chamado por Carlos Drummond de Andrade de ‘um quixote irresistível’. Escrito por Paulinho Assunção, expõe a trajetória do poeta e ensaísta que ajudou, entre outras coisas, a fundar o cineclubismo na capital mineira, na década de cinquenta, ao lado de Jacques do Prado Brandão e de Cyro Siqueira.

Autor de “Associações Religiosas do Ciclo do Ouro”, texto fundamental para a compreensão do tema, foi também professor de história brasileira na recém-criada Universidade de Brasília.

Ao título de estreia se seguiu “Hugo Werneck – Médico e Construtor de Sonhos”, de Letícia Miraglia, bisneta do biografado. Personagem decisivo nos primeiros anos da nova capital de Minas, o doutor Hugo foi um dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia, da Maternidade Hilda Brandão, do Hospital São Lucas, da Faculdade de Medicina e da Universidade de Minas Gerais, hoje UFMG. Também foi figura indispensável à criação do Banco da Lavoura (futuro Banco Real), do Automóvel Clube e do Rotary Clube de Belo Horizonte.

O terceiro número chegou a finalista do Prêmio Jabuti e ganhou o sugestivo nome de “Wander Piroli – Uma manada de búfalos dentro do peito”. Em texto notável, Fabrício Marques conta o percurso de um dos jornalistas e escritores mais marcantes da vida da cidade, autor, entre outros, de livros inesquecíveis como “A mãe e o filho da mãe”, “A máquina de fazer amor”, “Minha bela putana”, do romance “Eles estão aí fora” e dos infantis “O menino e o pinto do menino” e “Os rios morrem de sede”.

O quarto número, de João Antônio de Paula, foi “Francisco Iglésias – o caminho do historiador”, que narra a bela existência de um dos maiores intelectuais mineiros do século vinte. O quinto, de Míriam Peixoto, foi “Sônia Viegas – uma pensadora da cultura”, e focalizou a professora de filosofia que formou gerações entusiasmadas de alunos.

O sexto virá em breve, assinado por Régis Gonçalves, e é a realização de um antigo sonho meu: divulgar para o grande público quem foi a escritora Lúcia Machado de Almeida.

*Jornalista e presidente da Academia Mineira de Letras

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