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VIVER EM VOZ ALTA | A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

VIVER EM VOZ ALTA | A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Crédito: Divulgação

Rogério Faria Tavares*

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi instituída por conta da ação decisiva do embaixador José Aparecido de Oliveira, que estaria completando noventa anos em 2019. Em 1989, ele visitou os países de língua portuguesa convidando os seus dirigentes para uma reunião de cúpula, que afinal se realizou em primeiro de novembro daquele ano, em São Luís do Maranhão, sob a liderança do presidente brasileiro José Sarney, natural daquele estado. Surgiu, aí, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, até hoje em plena atividade, na Cidade da Praia, em Cabo Verde.

Em 1993, sob a presidência de Itamar Franco, realizaram-se mesas redondas afro-luso-brasileiras no Rio de Janeiro, em Lisboa e em Luanda, congregando personalidades da vida cultural e social da lusofonia. No ano seguinte, os ministros das relações exteriores dos países de língua portuguesa, reunidos em Brasília, recomendaram a realização de um encontro de cúpula de chefes de estado e de governo para, finalmente, aprovar a constituição da CPLP.

Depois de alguns adiamentos, a reunião fundadora teve lugar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em 17 de julho de 1996, quando o presidente do Brasil já era Fernando Henrique Cardoso. Nascia oficialmente a comunidade, atualmente integrada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Expressando ato de fidelidade à vocação e à vontade de seus povos e no respeito pela igualdade soberana dos Estados, a CPLP chegou para consolidar a realidade nacional e plurinacional que confere identidade própria aos países de língua portuguesa, refletindo o relacionamento especial existente entre eles. A língua portuguesa, aí, é definida como um vínculo histórico e um patrimônio comum resultante de uma convivência multissecular. Tal convívio deve ser valorizado, já que oferta um meio privilegiado de difusão da criação cultural dos povos que falam português e de projeção internacional de seus valores culturais.

Os anos iniciais da Comunidade foram, naturalmente, os de sua implantação, o que nunca é tarefa fácil. É de dezembro de 1998 a nota deixada por José Saramago no livro de honra da CPLP, quando de sua visita à entidade: “Casa de todos nós, a CPLP é o lugar onde o futuro nos espera, mas não poderá haver futuro se o presente não se puser a trabalhar. Trabalhemos, pois, porque o futuro está à espera e é preciso ganhá-lo hoje”.

Oito anos depois dessa convocação feita pelo Nobel de Literatura, o Brasil instituiu representação exclusiva junto à CPLP. Foi o primeiro membro da Comunidade a fazê-lo, em atitude pioneira. A titularidade do posto recaiu, entre 2006 e 2010, sobre o embaixador Lauro Moreira, fraterno amigo, que, a meu convite, esteve recentemente na Academia Mineira de Letras para abrir o Biênio da Língua Portuguesa, principal marca da minha gestão à frente da AML. Depois de Lauro, o Brasil foi representado por diplomatas competentes e talentosos, que também tive a alegria de conhecer: Pedro Motta Pinto Coelho, José Roberto de Almeida Pinto e Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão. Desde agosto deste ano, o titular do posto é o embaixador Pedro Fernando Bretas Bastos, a quem caberá a bela tarefa de incrementar, ainda mais, os laços que unem os países da lusofonia.

* Jornalista e presidente da Academia Mineira de Letras

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