VIVER EM VOZ ALTA | A exposição sobre a rua da Bahia

Com entrada franca, vai até o dia 20 de novembro a exposição “Rua da Bahia: Cartografia Imaginária”, na sede da Academia Mineira de Letras (AML), no bairro de Lourdes. Tendo como curadores Marconi Drummond e Maurício Meirelles, ela é dividida em dez núcleos e propõe um olhar contemporâneo sobre a história cultural de uma das vias mais famosas da cidade.
Entre os endereços emblemáticos da rua, o público é convidado a passear pelo Bar do Ponto, a Livraria Francisco Alves e o Café Estrela, onde se reuniam os modernistas da geração de Drummond, Nava, Emílio Moura e João Alphonsus. O Grande Hotel, que hospedou, em 1924, a chamada ‘Caravana Paulista’ (integrada por Mário e Oswald de Andrade, entre outros), também é focalizado, assim como o edifício construído em seu lugar, o Maletta, forte ponto de difusão literária em Beagá, sobretudo nas décadas de setenta e oitenta. A cena atual, marcada pelo movimento hip hop e pelos duelos de MC’s, realizados embaixo do viaduto Santa Tereza, merece igual destaque.
Outras atrações são as revistas literárias surgidas em BH ao longo das décadas. Na mostra, é possível contemplar originais de “A Revista”, “Leite Criolo”, “Vocação”, “Tendência”, “Complemento” e do “Suplemento Literário”, fundado por Murilo Rubião, em 1966, durante o governo de Israel Pinheiro.
Marconi Drummond diz que “nenhuma rua em Belo Horizonte carrega tanto significado quanto a da Bahia. Ao revisitar tantos clássicos da literatura brasileira e a própria história da cidade, é natural parafrasear Pedro Nava e dizer que todos os caminhos levam à rua da Bahia. Importantes momentos da vida cultural de Belo Horizonte e do País aconteceram – e continuam acontecendo – ali: é como se o tempo criasse uma linha que parece infinita para quem a percorre com sensibilidade: a rua da Bahia continua se transformando e sendo ponto de encontro de várias gerações”.
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Maurício Meirelles comenta que “se a literatura produzida sobre a capital mineira tivesse uma cartografia, certamente a rua da Bahia seria seu eixo principal. Foi a partir dessa ideia que criamos a exposição, de modo que o ‘mapeamento literário’ da cidade, feito por sucessivas gerações de narradores, permita ao público investigar sua própria relação com esse território cultural de Belo Horizonte”.
Além do programa educativo, que leva estudantes a visitá-la, das oficinas de colagem e serigrafia, e dos bate-papos semanais com os curadores, outra atividade proposta pela exposição é a vivência “Subir Bahia”, uma visita guiada pela rua. O ponto de encontro para o início da caminhada é o coreto do Parque Municipal. Depois de uma conversa introdutória, é feita uma caminhada pela avenida Afonso Pena, no sentido do Mercado das Flores, onde se inicia a subida da Bahia.
No trajeto, os participantes contemplam alguns edifícios e monumentos, recebendo informações completas sobre cada um. O final do passeio é na sede da AML, com uma visita especial ao Palacete Borges da Costa, construído no início da década de 20 e tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.
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