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VIVER EM VOZ ALTA | A história do Brasil na obra de Chico Buarque de Holanda

VIVER EM VOZ ALTA | A história do Brasil na obra de Chico Buarque de Holanda
Crédito: Reprodução Facebook

Concebida pela Academia Mineira de Letras (AML) para celebrar devidamente o Bicentenário da Independência, a série de 22 entrevistas sobre o tema, sempre veiculadas no canal da instituição no Youtube, estreou em 21 de abril do ano passado.

De lá para cá, cumprindo sua promessa, ofertou ao público produtivas sessões de reflexão e crítica sobre o mencionado fato histórico protagonizadas por estudiosos como José Murilo de Carvalho, Paulo Rezzutti, Mary del Priore, Jorge Caldeira, Heloísa Starling, João Paulo Garrido Pimenta, Laurentino Gomes, André Ricardo Heráclio do Rego, Lúcia Pascoal Guimarães, Lúcia Neves, Lucas Figueiredo e José Luis Cardoso, que assumiu, recentemente, a presidência da Academia de Ciências de Lisboa, fundada em 1779.

Agora, é hora de abrir a segunda e última temporada do projeto, especialmente destinada a avaliar como a obra, em prosa e verso, de alguns dos melhores escritores brasileiros nos ajuda a entender um pouquinho melhor a história e a realidade do nosso País. Entre os 12 autores escolhidos, estão Gregório de Matos, Gonçalves Dias, Mário de Andrade, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles, Dias Gomes, João Ubaldo Ribeiro, Ignácio de Loyola Brandão, Oswaldo França Junior, Luiz Ruffato e Itamar Vieira Junior.

Quem completa a lista é Chico Buarque de Holanda. Para falar sobre sua vasta produção musical e literária, convidei a professora Ana Maria Clark Peres, pesquisadora que se dedica ao tema há décadas. Presente no cenário cultural do Brasil pelo menos desde a década de sessenta, Chico teve sua trajetória minuciosamente analisada pela entrevistada, que focalizou, sobretudo, o país que emerge da poética do compositor.

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Dos anos sessenta, Ana Maria destacou canções como “A banda”, em que Chico busca uma identidade nacional; “Pedro Pedreiro”, “Roda Viva” e “Meu refrão”, em que o artista procura retratar vários tipos de brasileiros comuns, elegendo o ‘sambista’ como o brasileiro paradigmático.

Nos anos setenta, predominam no repertório do autor as letras que retratam o País sob o jugo da ditadura militar imposta em março de 64. Aí, a professora relembra composições como “Apesar de você”, “Construção”, “Deus lhe pague”, “Cálice”, “Partido Alto”, “Bye Bye Brasil”, “Maninha” e “Angélica”, dedicada à estilista Zuzu Angel, mineira de Curvelo.

Já sobre os anos oitenta, Ana Maria Clark Peres chama a atenção para “O meu guri” e “Brejo da Cruz”, as duas voltadas para a grave realidade social do país, e para “Pelas tabelas” e “Vai passar”, ambas alusivas ao período da chamada redemocratização, que teve início em 1985.

Finalmente, a entrevista também inclui sofisticada reflexão sobre os romances de Chico, com ênfase em “Leite Derramado”, de 2009, e em “Essa gente”, lançado em 2019, um vigoroso e perspicaz painel da sociedade brasileira no final da segunda década do século vinte e um. A estreia do autor no campo das narrativas curtas, com a edição de “Anos de Chumbo e outros contos”, de 2021, também não escapou do olhar arguto da professora, que ressaltou o talento de Chico para criar histórias marcantes como “Meu tio”, “O passaporte”, “Os primos de Campos” e “Cida”.

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