VIVER EM VOZ ALTA | A literatura de Leo Cunha

Mineiro de Bocaiuva, onde nasceu em 1966, Leo Cunha é um intelectual de múltiplos talentos. Professor universitário há mais de vinte anos, é doutor em Cinema pela UFMG e autor de numerosos artigos sobre a sétima arte, sobre poesia e literatura infantil, publicados em diferentes revistas especializadas. Tradutor, já verteu ao português mais de trinta livros, do inglês ou do espanhol. Dramaturgo, escreveu três peças de teatro: “O que você vai ser quando crescer?”, “Em boca fechada, não entra estrela” e “O reino adormecido’, as três já devidamente levadas aos palcos. Letrista, compôs dezenas de canções em parcerias com Thelmo Lins, Tino Freitas, André Abujamra, Bernardo Rodrigues e Renato Villaça, entre outros. Na imprensa, manteve, na revista “Canguru”, coluna sobre a sua grande paixão, a Literatura Infantil, e uma seção de crítica de cinema na revista digital “Filmes Polvo’.
Autor de mais de trinta livros dedicados às crianças, inventa histórias criativas e instigantes, além de altamente poéticas, como se pode facilmente comprovar pela análise de sua obra. Ilustrado por Flávio Fargas, “Poemas para ler num pulo” traz versos delicados e espirituosos, como os que ganharam o nome de ‘Poesia’: “Brincar de poesia/é varrer a poeira da memória/pra baixo de um tapete voador”. Em ‘O próximo século’, do mesmo livro, Leo escreve: “O que será dos futuros poetas/que não se embalaram no colo/ das cadeiras-de-balanço?”
Ilustrado por André Neves, “Um dia, um rio” ficou reconhecido internacionalmente por contar, de modo magistral, a tragédia do rio Doce, comovendo pela beleza e a força de sua mensagem, além de servir para despertar, em seu público, a necessária e urgente consciência ambiental. “Perdido no Ciberespaço”, ilustrado por Guto Lins, promove um jogo inteligente e sofisticado de palavras e imagens para apresentar aos leitores o mundo das tecnologias digitais e da internet. Em projeto gráfico caprichado, é leitura fundamental para as atuais gerações, tão assediadas pelo universo dos games e das interações em rede. Delicioso é “Língua de sobra e outras brincadeiras poéticas”, ilustrado por Suppa. De forma lúdica e descontraída, Leo Cunha apresenta variadas modalidades de jogos com a linguagem, entre os quais estão o ‘trava-língua’, o ‘trocadilho’, o ‘ditado’, o ‘acróstico’, o ‘anagrama’, a ‘adivinha’ e a ‘charada’. Ideal para a sala de aula, o livro ajuda os alunos a conhecerem melhor as possibilidades de combinar e de recombinar as palavras.
Em “Infinitos”, que traz desenhos de Alexandre Rampazo, a protagonista Mari se encanta por uma tatuagem no pescoço da avó, na forma do infinito (o oito deitado), o que a motiva a pesquisar o seu significado: “A menina ficou fascinada. Nunca tinha parado pra pensar naquilo. O que era o tal infinito? Até onde ele ia? Que tamanho ele tinha? Precisava saber direitinho”. A busca da menina não tem fim: “A partir daquele dia, Mari começou a procurar infinitos. Nos livros, nas roupas, nos muros. (…) E, de tanto caçar infinitos, não é que o infinito começou a encontrar Mari também? Quando ela menos esperava, aquelas curvas apareciam, assim, por acaso. Na mangueira do quintal… Num barbante usado, e até na espuma do banho”.
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