VIVER EM VOZ ALTA | A posse, hoje à noite, de J.D.Vital na AML

Em sessão solene na sede da rua da Bahia, o jornalista J.D. Vital tomará posse hoje, às oito da noite, na cadeira de número dez da Academia Mineira de Letras (AML). Tendo como patrono o inconfidente Cláudio Manoel da Costa, a referida cátedra foi fundada por Brant Horta, nela sucedido por uma das mais interessantes personalidades da vida cultural de Minas, o professor João Etienne Arreguy Filho, paraninfo de minha turma de comunicação social na PUC, em 1995. Nascido em Caratinga, em 1918, Etienne ingressou no jornalismo em 1935, em “O Diário”, publicação católica idealizada por Dom Cabral. Generoso, foi uma espécie de ‘padrinho’ de alguns jovens que gostavam de escrever, como Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos, para os quais abriu as portas da imprensa de Belo Horizonte. Secretário de Alceu Amoroso Lima, lecionou história geral, história do Brasil e língua portuguesa, conseguindo, ainda, dedicar-se ao teatro, como diretor, e ao basquete, como técnico. Com a morte de Etienne, em 1997, sua cadeira passou a ser ocupada pelo jornalista Fábio Proença Doyle, falecido em abril de 2021.
J.D. Vital, por sua vez, nasceu em Barão de Cocais, vindo a graduar-se em filosofia e em comunicação social pela UFMG. Dono de texto fluente e elegante, passou pelas redações do “Diário de Minas”, do “O Estado de São Paulo” e de “O Globo”. No rádio, atuou na “Antena Um” e na “Alvorada”. Na saudosa Rede Manchete, manteve o ótimo “Gente de Opinião”, nos bons tempos de Lúcio Portela e Cássia Lage. Habilidoso, chefiou a assessoria de imprensa e relações públicas dos governos de Tancredo Neves e Hélio Garcia, testemunhando importantes fatos da história recente do país, sobretudo no período que ficou conhecido como ‘transição democrática’. Depois, assumiu a chefia, em Minas, do escritório da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), quando se destacou pelo entusiasmado e permanente investimento na cultura, ciente de sua função estratégica no desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Ocupante da cadeira de número quatro da Academia Marianense de Letras, cujo patrono é Dom Viçoso, em “Como se faz um bispo – segundo o alto e o baixo clero” (Editora Civilização Brasileira, 2012, 362 páginas), J.D.Vital investigou, em minuciosa e competente reportagem, os meandros das nomeações para o episcopado brasileiro, estudando, ainda, instituições fundamentais para a compreensão de tal processo, como o Pontifício Colégio Pio Brasileiro, criado em 1934 sob a inspiração do Colégio Pio Latino-Americano.
Em “A revoada dos anjos de Minas (ou a diáspora de Mariana)” (Autêntica Editora, 2016, 208 páginas), o novo acadêmico levantou os detalhes do que levou ao fechamento temporário, em 1966, do Seminário Maior de Mariana, fundado em 1750 por Dom Frei Manoel da Cruz. Por meio da realização de dezenas de entrevistas e de rigorosa pesquisa em livros, documentos e jornais, o autor acabou produzindo livro essencial para a compreensão dos efeitos do Concílio Vaticano II (1962-1965) sobre as instituições de educação católica em Minas. A chegada de J.D. Vital à Academia Mineira de Letras, por todas as suas qualidades, é motivo de satisfação e festa para todos nós.
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