Variedades

VIVER EM VOZ ALTA | A reedição dos quatro romances de Godofredo Rangel

VIVER EM VOZ ALTA | A reedição dos quatro romances de Godofredo Rangel
Crédito: Arquivo/Wikipedia

Com alegria, a Academia Mineira de Letras, a Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), e a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), celebraram, na semana passada, o convênio para a reedição dos quatro romances de Godofredo Rangel: “Vida ociosa – romance da vida mineira”, “A filha”, “Falange gloriosa” e “Os bem-casados”. O primeiro começou a ser publicado em capítulos, a partir de 1917, na edição vespertina do jornal “O Estado de São Paulo”, conhecida como ‘Estadinho’, vindo à luz, na íntegra, apenas em 1920. O segundo foi editado nove anos depois. Os dois últimos foram póstumos, só saindo em 1955.

 Graças ao empenho do desembargador Tiago Pinto, segundo vice-presidente do TJMG, do desembargador Alberto Diniz Junior, que presidiu a Amagis até o começo do ano, e do juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, atual presidente da entidade, a obra de um dos maiores escritores do Estado voltará a circular, possibilitando que ele seja conhecido pelas novas gerações. O volume contendo as quatro histórias deverá ser lançado ainda esse ano. Guardião do legado de Rangel, o acadêmico Márcio Sampaio – viúvo da artista plástica Eliana, neta do autor – integra a equipe responsável pelo projeto e se encarregará, entre outras coisas, da redação do posfácio da publicação.

 Nascido em Carmo de Minas, em 1884, Godofredo Rangel morou em Três Corações até mudar-se para São Paulo, onde cursou direito na Faculdade do Largo do São Francisco. Aí, formou um grupo de amigos do qual faziam parte Lino Moreira, Tito Lívio Brasil, Albino Camargo, Raul de Freitas, José Antônio Nogueira e Monteiro Lobato, com quem o mineiro se correspondeu durante mais de quarenta anos. A troca de cartas entre os dois gerou o famoso livro “A barca de Gleyre”, em que se podem ler os textos do paulista. Rangel nunca autorizou a edição dos seus, que permanecem inéditos.

 Ingressando na magistratura em 1909, o escritor foi juiz municipal em Machado e em Santa Rita do Sapucaí, e juiz de direito em Estrela do Sul, Três Pontas, Passos e, finalmente, Lavras, onde se aposentou, em 1937. Professor por vocação, não deixou a sala de aula em nenhuma das comarcas em que serviu. Eleito para a Academia Mineira de Letras em 1939, ocupou a cadeira de número 13, hoje de Silviano Santiago. Versado no inglês, no francês e no espanhol, traduziu mais de setenta obras para a Companhia Editora Nacional, de Lobato. Além de romancista, foi contista (a coletânea “Andorinhas” apareceu em 1922 e “Os Humildes” surgiu em 1944) e ainda escreveu para crianças: “Um passeio à casa do Papai Noel” e “Histórias do Tempo do Onça” são de 1943. Falecido em 1951, é tido como um dos grandes mestres da narrativa. Autran Dourado chamava-o de ‘meu professor’.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


 Preocupadas em garantir o acesso amplo à cultura, direito garantido pela Constituição Federal, as instituições responsáveis pela reedição dos romances de Rangel assumem, com o seu gesto, protagonismo fundamental no resgate da memória intelectual de Minas, o que dá alento a todos, sobretudo nos tempos difíceis que atravessamos. Recorrer ao que a nossa civilização já foi capaz de construir é estratégia para seguir adiante. Que a literatura continue a nos inspirar e a renovar as nossas energias!

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas