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VIVER EM VOZ ALTA | A vida e a arte de Mauricio de Sousa

VIVER EM VOZ ALTA | A vida e a arte de Mauricio de Sousa
Crédito: APEX/Divulgação

Nascido em Santa Isabel, no interior paulista, Mauricio de Sousa mudou-se ainda pequeno com a família para Mogi das Cruzes, onde passou a infância nadando no rio e jogando bola na rua. Em entrevista disponível no canal da Academia Mineira de Letras no youtube, ele relembra que, na hora da fome, era comum entrar com sua turma em qualquer das casas do bairro e lanchar gostosamente. Não havia portas trancadas, naquela época. De família ligada às artes, Mauricio se recorda do dia em que o pai fez um imenso desenho na parede da sala e conta que ele permaneceu lá, sem ser apagado. Com a avó Benedita (mais tarde transformada na Vó Dita, do Chico Bento), diz ter aprendido o poder e o fascínio das histórias. Isso tudo certamente facilitou o caminho trilhado, vida afora, pelo menino que, desde bem cedo, já gostava de desenhar e de inventar aventuras. Outra sorte do quadrinista foi contar com professores sensíveis às suas habilidades mais evidentes. Ao invés de ser reprimido, Mauricio era convidado pelos mestres a traduzir em imagens os conteúdos das diferentes matérias. Todo dia chegava à escola com uma ilustração encomendada por eles para tornar as aulas mais interessantes.

Determinado a vencer na vida como desenhista, Mauricio foi para São Paulo em busca de oportunidades para mostrar o seu trabalho. Na visita ao editor de arte da “Folha da Manhã”, ouviu que deveria desistir da profissão e procurar outra atividade. Mas ele insistiu. Aconselhado por um velho jornalista, arrumou emprego no jornal e trabalhou como revisor e repórter de polícia e de esportes, até conseguir publicar suas primeiras tirinhas. Seu personagem de estreia foi o cachorrinho Bidu. Em seguida veio o Franjinha. Mônica e Magali foram inspiradas nas filhas dos mesmos nomes. Cebolinha e Cascão foram baseados em antigos colegas de Mogi que tinham, de fato, características idênticas às dos dois garotos (‘o Cebola falava ‘elado’ e o Cascão não gostava muito de banho…’). A primeira revista chegou em 1960. A partir daí, Maurício não parou mais. Foi para o teatro, a tevê e o cinema (o primeiro longa-metragem, “As aventuras da Turma da Mônica”, é de 1982). Criou parques temáticos, licenciou extensa linha de produtos e internacionalizou seus negócios, hoje presentes em vários países. Agora, já pensa em se aventurar pelo poderoso universo dos jogos eletrônicos.

Atento aos movimentos de seu público, concebeu a “Turma da Mônica Jovem”, para não perder os leitores adolescentes, que começavam a migrar para os mangás. A ideia foi um sucesso. Sensível à importância do cultivo de valores como a diversidade e a tolerância, criou personagens fundamentais para a formação das crianças, como o Luca (portador de deficiência física), a Dorinha (portadora de deficiência visual), o André (portador do transtorno do espectro autista), Igor e Vitória (portadores do HIV).

Membro da Academia Paulista de Letras desde 2011, Mauricio me disse, no final da entrevista, que a mensagem que tenta passar para a criançada é a da importância de brincar, de fazer amigos e de ter um bom contato com a natureza e com os animais, de preferência longe das máquinas, sobretudo das que viciam. E arrematou: ‘você já viu algum personagem meu com um celular na mão?’

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