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VIVER EM VOZ ALTA | Alguns livros sobre a Independência do Brasil

VIVER EM VOZ ALTA | Alguns livros sobre a Independência do Brasil
Crédito: DIVULGAÇÃO / UFMG

Quem de fato se interessar em estudar a independência do Brasil, cujo bicentenário celebraremos no ano que vem, encontra, com facilidade, ótimos livros sobre o tema. Sugiro, inicialmente, os de autoria do professor doutor João Paulo Garrido Pimenta, da Universidade de São Paulo, que tive a alegria de entrevistar para a série especial da Academia Mineira de Letras sobre o assunto, disponível no canal exclusivo da instituição no youtube.

 Em “Estado e Nação no fim dos Impérios Ibéricos no Prata (1808-1828)” (Editora Hucitec, 266 páginas), o autor aborda não só o processo histórico brasileiro mas também o que se passou na Argentina e no Uruguai. Ele ainda identifica a emergência de uma cultura política na América ibérica no ocaso do sistema colonial, além de analisar a presença da Corte portuguesa no Brasil e as revoluções na América espanhola. A independência é tratada com argúcia: “(…) na (América) portuguesa a ruptura com a metrópole, declarada, oficialmente, em 1822, não significou a consolidação de um novo Estado, tampouco a fundação de uma nova nação. Mas ela representa, sem dúvida, importante mudança, uma revolução que alterou de imediato as formas de exercício do poder político de maneira que fizesse avançar a diferenciação da América portuguesa no Reino Unido não mais como simples percepção de sua operacionalidade como corpo político autônomo, mas sim à sua própria concretização como tal”.

 Já em “A Independência do Brasil e a experiência hispano-americana (1808-1822)” (Editora Hucitec, 492 páginas), fruto de sua tese de doutoramento, o professor Garrido Pimenta situa a independência no contexto da crise das monarquias do começo do século XIX e da expansão napoleônica sobre o continente europeu. O que ele chama de “o colapso da Espanha metropolitana” é avaliado também em suas repercussões sobre a América portuguesa, contribuindo para a formação do conceito a que o autor dá o nome de “experiência hispano-americana”, algo que, segundo ele, faz parte de uma “experiência revolucionária moderna”.

 Inovador, o trabalho é assim definido pelo seu autor: “Este livro pretendeu ver as coisas de modo diferente, partindo não da constatação de diferentes resultantes dos processos de independência da América ibérica (o que, ademais, é uma obviedade), mas sim do problema que se constitui compreendê-los uns em função dos outros, com o que as eventualmente concebidas diferenças surgem como produtos históricos de um amplo processo que, pautado por manifestações e resultados singulares – como são sempre quaisquer fenômenos humanos – só adquirem suas feições porque foram sendo moldadas no bojo do grande laboratório de trocas, contingências, imposições e influências recíprocas, formado pelos mundos português, espanhol, suas respectivas colônias americanas e outras partes do mundo ocidental”.

 Outro livro valioso do mencionado professor é “Tempos e Espaços das Independências – A inserção do Brasil no mundo ocidental (1780-1830)” (Editora Intermeios, 185 páginas), em que ele relaciona o processo da independência brasileira aos que se passaram no México, no Peru e na Venezuela. Vale a pena conferir.

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