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VIVER EM VOZ ALTA | Amanhã, em Ouro Preto

VIVER EM VOZ ALTA | Amanhã, em Ouro Preto
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Neste sábado, 23 de julho, a sede da Academia Mineira de Letras (AML) será transferida simbolicamente para Ouro Preto, onde realizará sessão solene na Biblioteca Pública Municipal, no centro da cidade. Na cerimônia, será celebrado o sesquicentenário de nascimento do patrono da instituição, o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, nascido naquele município em 24 de julho de 1870. O centenário de sua morte, em 2021, também será relembrado, já que não foi possível fazê-lo durante a pandemia.

 A outra personalidade homenageada amanhã será Mário Franzen de Lima, que presidiu a Academia entre 1921 e 1922, quando fundou a revista da entidade. Igualmente nascido em Ouro Preto, o poeta parnasiano talvez não imaginasse que sua iniciativa gerasse frutos tão duradouros. Há um século publicando regularmente ensaios, crônicas, contos e poemas, a Revista da AML é uma das mais longevas de seu gênero, até hoje em plena circulação. Desde o ano passado, ela também está na versão digital. Sua coleção completa pode ser consultada, sem nenhum custo, no site da Academia Mineira de Letras na internet. Em dezembro de 2021, foi lançado o volume de número 80, contendo extenso dossiê sobre as mulheres mineiras que se dedicaram à literatura, trabalho organizado por mim e pela professora Constância Lima Duarte, da UFMG.

 O número 81 será lançado amanhã, em Ouro Preto. Com mais de quatrocentas páginas, o volume conta com capa assinada pelo artista plástico Jorge dos Anjos e o texto da orelha de autoria do escritor Edimilson de Almeida Pereira. O poema que abre a edição é de Flávia de Queiroz, que consolida seu nome como poeta de alto nível. O número 81 traz dois dossiês especiais: o primeiro é sobre literaturas africanas em língua portuguesa e foi organizado pela professora Nazareth Soares Fonseca e por mim; o segundo é sobre poesia indígena e foi organizado pela professora Maria Inês de Almeida e pelo escritor Ailton Krenak, eleito o novo ocupante da cadeira de número 24 da AML, vaga desde o falecimento do saudoso Eduardo Almeida Reis.

 No dossiê sobre as literaturas africanas, é possível encontrar ensaios sobre escritores de cinco países daquele continente: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Entre os autores focalizados estão nomes como Agostinho Neto, Luandino Vieira, Ondjaki, Pepetela, Vera Duarte, Craveirinha e Paulina Chiziane, ganhadora do Prêmio Camões no ano passado.

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 No dossiê sobre poesia indígena, os leitores terão acesso a textos de Rosângela Tugny, Kanátyo Pataxó, Ercina Xacriabá, Gleyson Kaxixó e de alguns dos professores da Aldeia Brejo Mata-Fome. No belíssimo “Takruk Mik – O livro da Vó Laurita”, Ailton Krenak recorda algumas das histórias contadas por sua avó Laurita Krenak, a matriarca que liderou sua família na beira do Rio Eme: “Laurita ouviu de Vó Bastiana a linda história do tempo em que o Deus visitava as aldeias dos índios. Contam que quando o Deus terminou a criação do mundo, ficou um tempo vivendo entre suas criaturas, cantando e dançando com seus filhos, depois decidiu se retirar. Foi embora deixando os burumse virarem aqui na terra”.

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