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VIVER EM VOZ ALTA | As entrevistas sobre a Independência do Brasil

VIVER EM VOZ ALTA | As entrevistas sobre a Independência do Brasil
Foto: Christian Tragni

Na primeira entrevista da série especial sobre o Bicentenário da Independência do Brasil, promovida pela Academia Mineira de Letras (AML), o jornalista Lucas Figueiredo – autor de excelente biografia sobre Tiradentes – abordou o contexto histórico vivido pela humanidade no final do século dezoito, quando houve a independência dos Estados Unidos, em 1776, e a eclosão da Revolução Francesa, em 1789.

As ideias iluministas circulavam com toda força, sobretudo na Europa, e teorias como o direito divino dos reis estavam com os dias contados. Ficava cada vez mais difícil aceitar o absolutismo como forma de exercício do poder. Toda essa densa atmosfera também envolveria os inconfidentes, articuladores do famoso movimento que lutou pela autonomia em relação a Portugal. Mesmo derrotado, ele inspirou outras revoltas, como a Conjuração Baiana, de 1798, e a Revolução Pernambucana, de 1817, em que sobressaiu a figura impressionante de Frei Caneca.

Com a autoridade do pesquisador rigoroso, Lucas também levantou o clima então vivido na Colônia, principalmente em Vila Rica, onde a crescente dificuldade em extrair mais ouro convivia com a fúria tributária da Coroa, o que ampliava, fatalmente, o desejo de liberdade. Com inúmeras visualizações, a entrevista de Lucas continuará disponível no canal da AML no youtube, onde também é possível ver o segundo episódio da série: a conversa com Mary del Priore.

 No bate papo sobre José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o ‘patriarca da Independência’, a renomada historiadora Mary Del Priore (foto) traçou um complexo retrato de Bonifácio, desde a infância e a juventude, ainda em Santos, interior de São Paulo, até seus dias finais, depois de atuar como tutor de Dom Pedro II e de suas irmãs.

O período passado por Andrada na Europa, especialmente em Portugal, e sua atuação como mineralogista e como professor, também mereceram exame detido de Mary, responsável por uma conhecida biografia de Andrada. Suas ideias sobre os índios, a escravidão, o meio ambiente e a educação pública ganharam análise arguta da entrevistada, que ainda comentou sobre a ‘monarquia constitucional’, solução defendida por Andrada e implantada no Brasil pela Constituição de 1824.

 No dia de ontem, foi ao ar o terceiro episódio, em que entrevistei o jornalista Laurentino Gomes sobre o seu famoso livro “1822”. Claro, preciso e profundo, o depoimento do autor de “1808” e de “1889” não esqueceu de mencionar a relevante vinda da família real para o Brasil e a abertura dos portos, o papel crucial de Dona Leopoldina e as lutas pela Independência que ocorreram em províncias mais resistentes a ela, como o Pará e o Maranhão.

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A situação baiana também foi analisada em sua devida dimensão. Afinal, a Independência foi um evento complexo, multifacetado, que não se resumiu ao Grito do Ipiranga, no sete de setembro. Para a sua correta compreensão, é preciso ir além, cruzando fatos e versões, resgatando acontecimentos e personagens pouco valorizados pela história e promovendo um debate amplo, aberto e livre, sempre baseado no que a pesquisa séria e de qualidade já conseguiu esclarecer.

Os próximos entrevistados da série, Paulo Rezzutti e José Murilo de Carvalho, certamente enriquecerão, com suas visões sobre o tema, o acervo que estamos formando sobre o assunto, todo ele gratuito e acessível a todos (e com tradução para Libras!).

 

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