VIVER EM VOZ ALTA | As revistas modernistas brasileiras

Depois da Semana de Arte Moderna, ocorrida entre 11 e 17 de fevereiro de 22, em São Paulo, aparece, em 15 de maio deste mesmo ano, a revista “Klaxon: Memórias de Arte Moderna”, sendo Rubens Borba de Morais o seu principal formulador. Klaxon durou nove números e contou com a colaboração de Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Sérgio Buarque de Holanda e Ronald de Carvalho, entre outros.
Em agosto de 1922, surge mais uma revista modernista, desta vez no Rio de Janeiro. Ela ganha o nome de “Árvore Nova: Revista do Movimento Cultural do Brasil” e é dirigida por Rocha de Andrade e Tasso da Silveira. “Árvore Nova” teve quatro números e publicou textos de Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Sérgio Buarque de Holanda, Guilherme de Almeida, Jorge de Lima e José Lins do Rego, entre outros.
Em São Paulo ainda aparecem a “Novíssima”, de 1923, editada por Cassiano Ricardo; “Terra roxa e outras terras”, de 1926, dirigida por Couto de Barros e Alcântara Machado, e a “Revista de Antropofagia”, que circulou entre 1928 e 1929, tendo à frente Alcântara Machado e Raul Bopp, na primeira fase, e Raul Bopp e Jaime Adour da Câmara, na segunda fase.
Já no Rio de Janeiro, surgem “Terra do sol”, entre 1924 e 1925, “Festa”, que circulou entre 1927 e 1929, e a revista “Estética”, de Prudente de Morais, neto, e de Sérgio Buarque de Holanda, que tirou três números entre 1924 e 1925.
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Relembra o escritor mineiro Luiz Ruffato (autor de importante livro sobre a Revista Verde, de Cataguases, sua terra natal) que, ao longo da década de vinte, influenciados pelas novas ideias, foram surgindo revistas modernistas em vários pontos do Brasil: “Mauriceia”, de 1923, e “Revista do Norte’, de 1926, em Recife; “Belém nova”, de 1923, em Belém, no Pará; “A Revista”, de 1925, e “Leite Criolo”, de 1929, em Belo Horizonte; “Madrugada”, de 1926, em Porto Alegre; “Arco e flecha”, de 1928, em Salvador: “Maracujá”, de 1928, em Fortaleza; e “Equador”, de 1929, em Manaus.
No interior de Minas, a primeira referência que se deve fazer é à “Elétrica: Revista moderna e ilustrada do Sul de Minas”, editada em Itanhandu entre 1927 e 1928. Ela foi idealizada e viabilizada pelo poeta Heitor Alves, que, tuberculoso, deixou o Rio de Janeiro para tratar-se naquele município, onde começou a lecionar no Ginásio Sul Mineiro. Pelo que conta Luiz Ruffato, Heitor Alves contou com o incentivo do escritor Ribeiro Couto, na época promotor de Justiça na vizinha Pouso Alto. Também desfrutou da ajuda do então jovem Heli Menegale (depois presidente da Academia Mineira de Letras), responsável por acompanhar a impressão da revista em Passa Quatro, onde morava. O periódico teve, ao todo, nove edições: seis números mensais entre maio e outubro e um número duplo em novembro-dezembro de 1927, outro número duplo em janeiro-fevereiro de 1928 e um último em maio do mesmo ano. Em “Elétrica” colaboraram Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Murilo Araújo e Tasso da Silveira.
Na mesma época, circulou em Ubá o único número da revista “Montanha”, de cuja equipe fizeram parte Martins de Oliveira, Leocádia Godinho e Siqueira, Alcino Duque e Azevedo Correa Filho, Venâncio Barbosa e Assis Rodrigues. Mas a revista modernista mais famosa do interior do estado foi mesmo a “Verde”, de que já falei nesse espaço.
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