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VIVER EM VOZ ALTA | Nos 40 anos de literatura de Lindolfo Paoliello

VIVER EM VOZ ALTA | Nos 40 anos de literatura de Lindolfo Paoliello
Crédito: Divulgação

 Nascido em Ubá, no seio de uma das mais tradicionais famílias mineiras, Lindolfo Paoliello morou por dez anos na cidade de Raul Soares, onde o pai exercia a magistratura. Sua vinculação à terra natal, entretanto, permaneceu forte: era onde passava as férias, na companhia dos primos e dos amigos. Sua mudança para Belo Horizonte ocorreu quando tinha por volta de doze anos. Em 1967, assim que ingressou na Faculdade de Direito da UFMG, começou a atuar como repórter de cultura do jornal “Estado de Minas” (EM), então dirigido por Pedro Aguinaldo Fulgêncio. Em seguida, passou a cobrir assuntos gerais, vindo a especializar-se, posteriormente, em reportagens sobre desenvolvimento econômico. Depois de passagens pela Fundação João Pinheiro, pelo BDMG e pela Fiat Automóveis, Lindolfo fundou a própria empresa, até hoje plenamente ativa. Seu apreço pelas causas sociais levou-o, também, a integrar o corpo diretivo da Santa Casa por cerca de vinte e cinco anos. A Associação Comercial e Empresarial de Minas, entidade mais que centenária, foi por ele presidida com o zelo de todos conhecido.

 Sua paixão pela literatura, no entanto, nunca o abandonou. Por quinze anos, escreveu crônicas para o EM. Tal produção resultou em dez livros, entre os quais menciono “A rebelião das mal-amadas” (1981), “Nosso alegre gurufim” (1983), “O poeta que não sou” (1986), “O país das gambiarras” (1986), “Banquete dos mendigos” (1992), “Pura emoção” (1997) e “Alma dos anjos” (1997). Integrante das coletâneas “Crônicas mineiras”(1984), ao lado de Affonso Romano e Ângelo Prazeres, entre outros, e “As cores das palavras” (1996), junto com Carlos Herculano Lopes e Márcio Rubens Prado, Lindolfo celebra, agora, quarenta anos dedicados ao ofício de escrever com o lançamento, pela Editora Del Rey, da versão digital de “O melhor da crônica”, uma coletânea de sua obra originalmente publicada em 2003, em papel. A seleção dos cem textos ficou a cargo da experiente professora Imaculada Reis, que, por décadas, adotou os livros de Lindolfo em sala de aula, popularizando seus textos entre os estudantes da cidade e confirmando a crônica como uma das mais eficientes estratégias para a aquisição do hábito da leitura literária, uma ‘porta de entrada’ leve e agradável, capaz de seduzir o público para outras aventuras, como as do conto e do romance.

 Fiel ao gênero no qual se notabilizou, logo na introdução do referido volume, Lindolfo exalta a crônica como uma expressão literária tipicamente brasileira, nela destacando os elementos do bom humor, do lirismo e da nostalgia, e sublinhando, ainda, seu compromisso com a vida contemporânea. O autor escreve que o cronista busca síntese, informalidade e reflexão, conjugados a certo descompromisso, mas frisa que ela requer técnica, declaração que comprovo facilmente lendo os seus textos, compostos com maestria. Com proporção e equilíbrio, Lindolfo explora temas tão diversos como o jeito mineiro de ser, as agruras econômicas vividas pelos brasileiros, ao longo dos tempos, e até uma estapafúrdia decisão que proibiu o beijo em público em Sorocaba, no interior de São Paulo. Na segunda, dia 31 de maio, às sete e meia da noite, entrevistarei Lindolfo no canal da Academia Mineira de Letras no youtube. Vamos falar de toda a sua carreira literária e muito mais. Você está convidado!

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Nos 40 anos de literatura de Lindolfo Paoliello
Nos 40 anos de literatura de Lindolfo Paoliello | Crédito: Divulgação
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