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VIVER EM VOZ ALTA | Nos noventa anos do DIÁRIO DO COMÉRCIO

VIVER EM VOZ ALTA | Nos noventa anos do DIÁRIO DO COMÉRCIO
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Inspiradas pelo jornalista Cesar Vanucci, sete instituições culturais mineiras realizaram sessão conjunta em homenagem aos noventa anos do DIÁRIO DO COMÉRCIO: a Academia Mineira de Letras (que sediou o evento), a Academia Municipalista de Letras, a Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a Academia de Letras do Ministério Público, a Academia Mineira de Leonismo, a Academia de Letras João Guimarães Rosa, da Polícia Militar, e o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Seus representantes relembraram a trajetória do fundador da publicação, José Costa, e a fidelidade mantida por seus sucessores ao seu legado. Aqui, deixo minha homenagem a todos eles, em especial a Luiz Carlos Costa, Adriana e Yvan Costa Muls.

 Em minha intervenção, destaquei a alegria de escrever nas páginas do DC há seis anos e, sobretudo, sua seriedade no trato das notícias e seu respeito pela inteligência dos leitores. Não deixei de tocar nos pontos mais desafiadores: num tempo em que as atenções gerais são cada vez mais convocadas pela internet e pelas redes sociais, onde o apelo da imagem e dos textos brevíssimos é poderoso, a tarefa da imprensa de qualidade é ainda mais complexa. Como seduzir os leitores para o contato com informações nem sempre simples ou de fácil compreensão? Muitas delas exigem uma dedicação maior à leitura, e, principalmente, capacidade de reflexão e de crítica, atributos cada vez mais raros nos dias que correm.

 A missão não é de execução trivial. Para desempenhá-la a contento, o mais indicado é recorrer a mandamentos clássicos, a estratégias antigas, que nunca saem de moda, e que garantem o prestígio e a vitalidade de que o ofício jornalístico sempre gozará, não importando o quanto o Instagram e o Youtube avancem sobre as audiências. A primeira estratégia: valorizar o jornalista profissional. Formados para ler o mundo e interpretá-lo de modo inteligível para o público a que se dirigem, repórteres e editores são os ‘curadores’ de que precisamos para decifrar corretamente a realidade que nos cerca. São os ‘ordenadores’ do caos informacional no qual a era digital procura nos mergulhar o tempo todo. O jornalista profissional tem o repertório necessário para retirar os fatos do mundo em que se escondem e transformá-los em matérias de interesse coletivo, comunicando-os de maneira direta, precisa e clara, sem rodeios, em linguagem acessível e agradável. Melhor: têm a experiência necessária para separar o joio do trigo, sabendo lidar, sem ingenuidade, com as fontes e, sobretudo, com os detentores do poder (econômico, político, social…), cuja agenda nem sempre coincide com o bem comum.

 A segunda: quanto mais pontos de vista sobre um mesmo tema forem compilados e confrontados, melhor. A imprensa dá voz à comunidade e precisa fazê-lo de modo amplo, abrangente, inclusivo, sem discriminações ou vetos. Quanto mais vozes forem escutadas no decorrer da apuração ou da redação de uma reportagem, mais rica ela será. Um jornal deve ser polifônico, reverberando a diversidade e a pluralidade de ideias e opiniões presentes na sociedade. Se prioriza só um lado, ou um setor, será pobre, parcial, insuficiente.

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