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VIVER EM VOZ ALTA | O primeiro livro da atriz Maria Flor

VIVER EM VOZ ALTA | O primeiro livro da atriz Maria Flor
Crédito: Divulgação

Nascida no Rio de Janeiro, em família desde sempre ligada às artes, sobretudo ao audiovisual, não demorou muito para que Maria Flor se decidisse pela carreira de atriz. Na televisão, ao longo dos anos, atuou em “Malhação” e em novelas como “Cabocla”, “Belíssima”, “Eterna magia” e “O rebu”, além de séries como “As Brasileiras”, da Rede Globo, e “Do amor”, exibida pelo Multishow. No cinema, integrou, entre outros, o elenco de “Diabo a quatro”, “Proibido proibir”, “Pode crer!” e “360”, de Fernando Meirelles, quando contracenou com Anthony Hopkins. Como diretora, esteve à frente de “Só garotas”, de 2014, veiculado na tevê a cabo, e de “Filme Ensaio”, de 2017. Nas redes sociais, manteve o canal “Flor e Manu”, onde aparecia ao lado do marido, o ator e diretor Emanuel Aragão, em discussões sobre os mais variados temas, atraindo grande número de seguidores, todos entusiasmados pelo modo espontâneo e franco com que expressava suas opiniões. Grávida do primeiro filho, a atriz resolveu afastar-se temporariamente de tal atividade para concentrar-se mais na experiência da maternidade.

Sua ligação com a literatura também começou cedo. Até hoje, Maria Flor se lembra de livros e de autores que marcaram a sua formação, como Jorge Amado, com “Capitães de Areia”, e José Mauro de Vasconcelos, com “Meu pé de laranja lima”. Leitora voraz, nunca escondeu sua afeição pelas obras de Clarice Lispector, Rainer Maria Rilke, Manoel de Barros, Fernando Pessoa e da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Apaixonada por livros, a vontade de escrever era antiga. Com a chegada da pandemia, foi possível dedicar-se com mais intensidade ao projeto que já vinha acalentando desde 2016. Assim surgiu “Já não me sinto só” (Planeta do Brasil, 188 páginas).

Em estilo leve, suave, elegante, vazado em uma linguagem direta, coloquial, o livro conta a história de Maria, uma atriz que termina um relacionamento conjugal e logo segue para o deserto do Jalapão, no estado do Tocantins, onde ficará por algum tempo no set de filmagem de um longa dirigido por Júlio, com quem terá um envolvimento amoroso. O ambiente em que se dá a ação pode ser considerado, em si mesmo, um importante personagem, dotado de energia própria, capaz de dinamizar disputas de poder, encontros e desencontros. Embora a trama inclua personagens masculinos importantes, como Pedro, Zeca e Romeu, a sua força está nas personagens femininas e nas questões postas para o universo da mulher nos dias de hoje. Uma delas é Marta, a figurinista, descrita pela narradora do seguinte modo: “Ela era inspiradora. Livre. Parecia destemida, uma mulher que enfrenta o mundo para estar onde quer estar. Ela parecia saber quem era”. A outra é Lea, uma atriz veterana, segura, que se torna uma importante referência para a colega. Com o desenrolar do enredo, Maria vai se afirmando e conquistando mais poder e autonomia sobre seu destino. No final do volume, ela diz para si mesma: “Tá tudo bem. Você não precisa que alguém te olhe para você existir. Você pode ficar sozinha. Nenhum homem te define. Nada te define”. E mais adiante: “Acho que não tem nada que me faça existir a não ser eu mesma e as minhas escolhas” ou “Era a escolha do meu amor por mim mesma que iria sempre me guiar”.

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