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VIVER EM VOZ ALTA | Quase cem anos de história

VIVER EM VOZ ALTA | Quase cem anos de história
Crédito: Guto Cortes

 Fundada em 1922, quando o presidente da Academia Mineira de Letras (AML) era o poeta Mário de Lima (irmão de Augusto de Lima), a revista da instituição permanece na plenitude de seu vigor, publicando ensaios, contos, crônicas e poemas. Com lançamento previsto para 4 de dezembro, na sede da Casa de Alphonsus de Guimaraens, o próximo número, o 80, trará um dossiê organizado pela professora Constância Lima Duarte e por mim sobre algumas das numerosas mulheres mineiras que se dedicaram à literatura. Ele é extenso e reúne artigos de renomados especialistas sobre cerca de trinta nomes que marcam a produção literária de nosso estado: Adélia Prado, Ana Elisa Ribeiro, Ana Maria Gonçalves, Ana Martins Marques, Beatriz Brandão, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Laís Correa de Araújo, Maria Clara Machado, Maria Lúcia Alvim…

 Na lista, também está Janete Clair, nascida no município de Conquista, perto de Uberaba, no Triângulo Mineiro, em 1925. Quem assina o texto a ela dedicado é sua filha, a talentosa escritora Denise Emmer, que acolheu imediatamente o meu convite para escrever sobre a novelista. Hoje injustamente esquecida, Janete foi autora de sucessos nacionais como “Selva de Pedra”, “Pecado Capital”, “O astro” e “Pai herói” e uma das ficcionistas mais populares do país, mobilizando diariamente a atenção de milhões de brasileiros em torno de suas histórias. Casada com o brilhante dramaturgo Alfredo Dias Gomes, morreu precocemente, aos cinquenta e oito anos, deixando inestimável legado e pelo menos um bom sucessor, o sofisticado Gilberto Braga (criador das inesquecíveis “Dancin’ Days”, “Vale Tudo” e “Celebridade”), que nos deixou há poucos dias, aos setenta e cinco anos.

 Em outra seção do mesmo volume 80, os leitores encontrarão ensaios sobre as escritoras que pertenceram (ou ainda pertencem) à Academia, como Henriqueta e Alaíde Lisboa, Lacyr Schettino, Carmen Schneider Guimarães, Maria José de Queiroz, Elizabeth Rennó, Yeda Prates Bernis e, ainda, Maria Esther Maciel, eleita recentemente para a vaga deixada pelo saudoso jurista Bonifácio Andrada. A poeta de Patos de Minas teve sua obra estudada pelo competente escritor Jacques Fux, que dimensionou muito bem a sua importância no panorama literário da atualidade.

 O volume 81 da revista da Academia já está praticamente pronto e será lançado em março do ano que vem. Em seu conteúdo, um rico dossiê sobre as Literaturas africanas em Língua Portuguesa, organizado pela professora Nazareth Soares Fonseca (uma das mais reputadas especialistas no tema) e por mim. Com cerca de trinta ensaios, ele contempla análises rigorosas das trajetórias literárias de criadores como Luandino Vieira, José Craveirinha, Orlanda Amarílis, Alda Espírito Santo, Alda Lara, Odete Semedo, Mia Couto e Paulina Chiziane, entre tantos outros, na intenção de divulgar amplamente esse valioso repertório literário, quase sempre negligenciado pelo público brasileiro.

 A melhor notícia, no entanto, vem agora: no mesmo 4 de dezembro, será possível anunciar solenemente uma imensa vitória de minha gestão como presidente da Academia: a completa digitalização de todos os volumes da nossa revista, que já estarão, naquela data, integralmente disponíveis no nosso site, na internet, para consulta irrestrita. Afinal, educação e cultura devem ser para todos…

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