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VIVER EM VOZ ALTA | Vozes poéticas de Minas

VIVER EM VOZ ALTA | Vozes poéticas de Minas
Crédito: Guto Cortes

Fruto de feliz parceria entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) e a Academia Mineira de Letras (AML), o projeto “Vozes Poéticas de Minas” foi lançado na última terça, dia 15, em sessão virtual de que participei, ao lado, entre outros, do desembargador Tiago Pinto, segundo vice-presidente do TJMG, do desembargador Alberto Diniz Junior, presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), e de presidentes de várias academias de letras de cidades mineiras, como Juiz de Fora, Montes Claros, Ubá e Conselheiro Lafaiete, todas importantes centros de produção e difusão da Cultura.

 A partir de agora, sem nenhum custo, acessando os sites do TJMG, da Ejef ou da AML, o público poderá desfrutar de momentos agradáveis ouvindo versos que marcaram a literatura do nosso Estado. O formato escolhido para veiculá-los foi o chamado podcast, tão em voga ultimamente. Quando concebi o projeto, pensei no quanto é bom fechar os olhos (hoje exaustos das telas de celulares e computadores), escutar palavras inspiradoras e viajar para outros planos… Da primeira temporada, que vai até janeiro do ano que vem, fazem parte Abgar Renault, Adão Ventura, Alphonsus de Guimaraens, Carlos Drummond de Andrade, Henriqueta Lisboa, Laís Correa de Araújo, Lina Tâmega Peixoto e Maria Lúcia Alvim. Cada áudio reúne cerca de vinte textos, gravados por locutores profissionais, cientes dos desafios postos pela leitura poética, que não pode ser fria, nem impessoal. Pelo contrário, deve ser expressiva, marcante, de modo a envolver as pessoas, levando-as a mergulhar em uma verdadeira experiência estética. Na equipe de curadores, encarregados, pela AML, de selecionar os poemas, estão nomes como Afonso Henriques Guimaraens Neto, Gustavo Tannus, Jacyntho Lins Brandão, Wander Melo Miranda, Maria Esther Maciel, Ronaldo Werneck e Kelen Benfenatti.

 Além de promover a forma poética, o projeto também teve a preocupação de reativar a memória dos oito escritores focalizados. Antes dos poemas, cada podcast apresenta sempre uma rápida biografia do seu autor. Relembro a trajetória de um deles, que completaria cento e vinte anos em 2021: Abgar Renault, antigo ocupante da cadeira de número 17 da AML. Professor, tradutor, secretário de Estado e ministro da Educação, membro da Academia Brasileira de Letras, foi da geração de Drummond, mas sua produção ganhou dicção própria, distinta dos modernistas. Editada pela Record, em 1990, sua “Obra poética” é tesouro repleto de pedras preciosas. Transcrevo o lindíssimo “O poema conduz o poeta”: “A poesia acontece de repente, tal como um grande amor ou uma rosa: escorre uma palavra de uma pena ou de um lápis azul, e outra palavra a ela se casa, e súbito desperta um novo som ou uma ideia nova, que criam sobre os lábios e nos olhos musicais pensamentos, cores, formas. A poesia tem sua vida própria, segue linhas de curvas insabidas, e o fim de cada poema que escrevemos é incerto como todos os destinos. O poeta pensa que dirige o poema, e é por ele, em raízes, dirigido; a poesia é senhora de si mesma: Vida – acontece e acaba de repente.”

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