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Voluntários de BH resgatam animais no Rio Grande do Sul; veja formas de ajudar

Médica veterinária do Barreiro conta experiência na cidade de Novo Hamburgo
Voluntários de BH resgatam animais no Rio Grande do Sul; veja formas de ajudar
Grupo de BH resgata animais no Rio Grande do Sul | Crédito: Gra-BH

De Belo Horizonte a Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul (RS), são cerca de 1.700 quilômetros. A distância, que levaria cerca de 20 horas para ser percorrida de carro, ainda parece pequena diante da solidariedade de voluntários de todo o Brasil. Eles partem de todos os cantos do País rumo ao Sul para ajudar a mitigar os efeitos da tragédia que devasta o estado.

O lema “toda vida importa” é o que move um grupo de voluntários de BH, que partiu para a cidade de Nova Hamburgo, um dos 425 municípios afetados pelas chuvas, no último sábado (4). Não há data para voltar para a capital mineira. “Ainda mais porque as chuvas estão voltando”, conta uma das veterinárias do Grupo de Resgate Animal de Belo Horizonte (Gra-BH), Paula Martins, entre um resgate e outro na cidade gaúcha.

Com 28 anos e moradora do Barreiro, ela estima ter resgatado mais de 70 animais em seis dias. O número, no entanto, provavelmente está subnotificado. “Não há como fazer uma contagem exata porque são muitos animais, e às vezes resgatamos vários de uma só vez. Agora, por exemplo, há gente retirando bichos da água, então é difícil dizer quantos já conseguimos salvar”, explica.

O grupo que está no Rio Grande do Sul é formado por sete pessoas e está equipado com botes, caiaques, pranchas de salvamento, bolsas para transporte de gatos, maletas de medicamentos, coletes salva-vidas para pessoas e animais, além de equipamentos de contenção e resgate na água. Todos são veterinários e bombeiros civis.

“A especialização dos veterinários é bem variada, o que torna nosso grupo multidisciplinar e capaz de atender a diferentes situações. Além da medicina veterinária, também nos formamos como bombeiros civis justamente para entender mais sobre análise de risco, atendimento pré-hospitalar e resgate”, detalha Paula Martins.

Pelas mãos do grupo já foram resgatados cachorros, gatos, cavalos, porcos, galinhas e outras aves, além de pessoas. “É que ao entrar nas casas, também trazemos as pessoas que estão lá para o barco, por isso levamos coletes salva-vidas para socorrê-los”, conta a veterinária.

A logística é complexa. A cena lembra a do cavalo ilhado no telhado cercado por água, mostrada nos telejornais. “São muitos animais nessa condição, presos em pequenos espaços acima da água. Em Novo Hamburgo, há sete abrigos para animais, todos lotados. Quando o animal não está ferido, resgatamos da água e o levamos para uma área segura, seca e alta, sem risco. Nesses locais também há muitas pessoas tentando reencontrar seus bichos de estimação”, detalha.

Mais difícil ainda é conciliar os próprios sentimentos com a prática técnica dos resgates. “Cada caso é único, mas o resgate do porco me marcou pela pouca importância que a sociedade dá a esses animais de produção, muitas vezes tratados como objetos. Além disso, ver a felicidade no rosto das pessoas quando conseguimos levar seus animais para um local seguro não tem preço. Elas perderam tudo e ainda conseguem sentir felicidade ao ver que seus bichinhos estão vivos”, comenta.

Corrente do bem torna o grupo de voluntários bem maior

O Gra-BH se mantém por meio de doações de pessoas de todo o País. Criado em 2019, após o rompimento da barragem em Brumadinho, surgiu para resgatar animais que emergiam da tragédia. Desde então, já atuou em incêndios no Pantanal e no Chile, além de enchentes e inundações em diversos estados, como Espírito Santo, Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais.

A “sede” do grupo fica no Hospital Público Veterinário de Belo Horizonte, no bairro Madre Gertrudes. As equipes se revezam em escalas de 24 horas para realizar os resgates. Na capital mineira, é comum o trabalho do grupo em ocorrências de animais jogados ou que caem no Rio Arrudas, além de cavalos vítimas de maus-tratos. Para isso, contam com carretas para animais de grande porte e ambulâncias, o que possibilita resgates de urgência e emergência.

“Viemos ao Rio Grande do Sul justamente pela nossa experiência. A equipe está preparada tanto para resgates urbanos quanto para resgates rurais e em áreas de difícil acesso”, pontua Paula Martins.

Imagens de alguns resgates de animais no Rio Grande do Sul
Alguns dos resgates feitos pelo grupo de BH no Rio Grande do Sul | Crédito: Gra-BH

O grupo chegou ao Sul do País graças às doações. Lá, também conta com o apoio de moradores locais. Para dormir, se alimentar e tomar banho, os voluntários se acomodaram na Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Novo Hamburgo, onde foram acolhidos. É da mão de várias pessoas que eles também recebem comida, água e outros itens essenciais para continuarem resgatando vidas no Sul.

Como se voluntariar para ações no Rio Grande do Sul

Para se voluntariar, no entanto, não basta apenas ir ao local, até mesmo por questões de segurança. O Gra-BH, por exemplo, só partiu para o estado gaúcho após alinhamento prévio com o Conselho de Medicina Veterinária local e a Defesa Civil.

É possível se disponibilizar para ações como essa acionando os órgãos corretos. Veja, abaixo, três formas de se voluntariar.

Profissionais de saúde

A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul abriu um cadastro para profissionais de saúde em diversas áreas que querem colaborar com as ações no estado. Podem se cadastrar médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, psicólogos, dentre outros, que tenham disponibilidade de horários.

Desta forma, os profissionais poderão ser convidados para atuar em hospitais, unidades de pronto atendimento e demais serviços de saúde, de forma voluntária.

Para se cadastrar, clique aqui.

Ajuda na organização e triagem de doações

Para quem deseja ajudar nas tarefas de organização, seleção e triagem das doações de ajuda humanitária, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Rio Grande do Sul abriu um formulário para voluntários. Podem se disponibilizar pessoas físicas, empresas, instituições e grupos.

O link para mais informações e cadastro é este.

Participação no SUS

A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), programa de cooperação voltado à execução de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população, também está cadastrando voluntários em diversas áreas além da medicina, como assistência social, biologia, nutrição, educação física, medicina veterinária, dentre outras.

Saiba mais aqui.

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