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Voo espacial que levou Katy Perry tinha plantas desenvolvidas por cientistas da Embrapa

A batata-doce e o grão-de-bico foram escolhidos porque reúnem vantagens agronômicas e nutricionais
Voo espacial que levou Katy Perry tinha plantas desenvolvidas por cientistas da Embrapa
Foto: Divulgação Embrapa e Reprodução Instagram Katy Perry

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Mais do que uma tripulação estrelada, composta exclusivamente por mulheres, o voo suborbital da Blue Origin, lançado nesta segunda-feira (14), levou na bagagem plantas desenvolvidas no programa de melhoramento genético da Embrapa. É um avanço científico inédito para o Brasil e teve um destaque a mais para o mundo: a mega estrela da música pop Katy Perry foi uma das tripulantes.

Foram embarcadas plantas de batata-doce das cultivares Beauregard e Covington e sementes do grão-de-bico BRS Aleppo, desenvolvidas por cientistas brasileiros nos programas de melhoramento genético da Embrapa. A pesquisa com as duas espécies em condições espaciais integra as ações da Rede Space Farming Brazil, parceria entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB), que reúne as principais pesquisas no País sobre a produção de alimentos em ambientes fora da Terra, com alta radiação e baixa gravidade. A inclusão do material brasileiro no voo foi viabilizada por um convite da Winston-Salem State University (WSSU), da Carolina do Norte, nos EUA.

A astronauta que conduzirá os experimentos com as sementes brasileiras, Aisha Bowe, é ex-cientista de foguetes da WSSU e mantém parceria com a Odyssey, empresa de operações e ciências espaciais da universidade que viabilizou os experimentos na missão da Blue Origin.

A batata-doce e o grão-de-bico foram escolhidos porque reúnem vantagens agronômicas e nutricionais, quando se consideram os desafios tecnológicos e científicos de cultivar plantas no espaço. Elas são espécies adaptáveis e resilientes, de rápido crescimento e fácil manejo, que conseguem se desenvolver bem em condições adversas, mesmo com o mínimo aporte de insumos ao longo do ciclo de produção.

Grão de bico da Embrapa
Grão de bico da Embrapa enviado ao espaço no mesmo voo de Katy Perry Foto: Divulgação Embrapa

Como é a dieta dos astronautas no voo espacial

Como contribuição para a dieta de astronautas, a batata-doce é uma fonte de carboidratos de baixo índice glicêmico e suas folhas oferecem uma alternativa de consumo como proteína vegetal. “As raízes da batata-doce produzem compostos bioativos que promovem a saúde humana, pois atuam como poderosos antioxidantes naturais que inibem a ação de radicais livres no organismo. Esse consumo é especialmente valioso em ambientes expostos à radiação, como nas condições da Lua, de Marte ou na Estação Espacial Internacional”, explica a engenheira-agrônoma e pesquisadora da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, Larissa Vendrame.

A escolha do grão-de-bico – conhecido como o grão da felicidade – considera seu alto teor de proteínas. “A cultivar BRS Aleppo foi eleita para essa missão em função de seu alto valor nutricional e pela alta adaptabilidade do cultivo”, pondera o pesquisador Fábio Suinaga, da área de melhoramento genético vegetal da Embrapa Hortaliças.

O cultivo de plantas no espaço demanda tanto o desenvolvimento de sistemas de produção sem solo ou com regolito (“solos”) lunares e marcianos, quanto cultivares selecionadas para condições de baixa disponibilidade de água e nutrientes. Segundo Vendrame, esses desafios são também demandas reais do setor produtivo de batata-doce para as condições de cultivo nas lavouras brasileiras.

A pesquisa em agricultura espacial deve acelerar o melhoramento genético e trazer inovações para a agricultura praticada na Terra, especialmente com o avanço das mudanças do clima. Além disso, são esperados diversos impactos, os chamados spin-offs, capazes de promover saltos no conhecimento agronômico brasileiro e gerar novas tecnologias. No retorno das amostras ao Brasil, cientistas da Rede Space Farming Brazil vão se juntar para avaliar o material recebido.

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