Woody Allen faz sua desconstrução

A Editora Globo S/A, em edição de 2020, publicou ‘Woody Allen, a autobiografia”. Gente de alto calão intelectual já leu, comentou e aplaudiu. Houve quem manifestasse algum estranhamento. “Aquelas feministas”, sabe? Pois é. Também exultantes fãs de revelações podre delícias ficaram satisfeitos.
É sabido que cautela e canja de galinha não vendem livros, filmes, músicas e etcetera do mercado de cultura e entretenimento. O livro é dedicado a uma órfã asiática que por acaso foi por Woody adotada e, de boneca inflável, se converteu na melhor versa de Chucky, o brinquedo assassino.
Rubem Fonseca enfatizava que a vingança é um gozo a se observar. Ruy Castro, em sua sabedoria e prudência, deixa de lado indignações e se investe de toga, bate o martelo e diz que a vítima dispensa absolvição.
Como as autobiografias começam na infância, o autor discorre orgulhoso da sua linhagem de ladrões, assassinos e transgressores, com especial admiração pelo seu pai, caricatura tarantinesca e imprestável. À sua mãe está reservada a consideração de uma criatura grotesca e ridícula em seus esforços de trabalho e dedicação doméstica. Um acervo de expressões desprezíveis e depreciativas, típicas do imaginário dos filhos de chocadeira.
Igualmente, às demais figuras femininas, inclusive as divas de seus filmes geniais e brilhantes, nunca foi atribuído talento. Era um misto de virtuose erótica e bossalidade que movia suas magníficas interpretações.
Evidencia que a inteligentzia é um atributo conferido por papéis esverdiados e retangulares, links espertos e telefonemas pontuais. Note bem, que não é de graça. Não vale cuspir no prato que comeu.
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Aquele que está acima da média e da gente medíocre que o cerca e aplaude, pode tudo. Inclusive reduzir tudo e todos à difamação.
Quem ostentava cabeleira laranja, voz esganiçada e compleição física daqueles cujo fracasso atávico é líquido e certo, dedica sua vida ao estereótipo do neurótico chato e brochante, Haja divã…
A leitura demonstra como se desfaz um castelo de areia no show business. Viva Billy Blanco: “O que dá para rir, dá para chorar” Ou seria “Billy The Kid”?
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