Variedades

Zula Cia. de Teatro apresenta “Casa”

Os ingressos podem ser obtidos no Sympla e custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Zula Cia. de Teatro apresenta “Casa”
Crédito: André Veloso

“Casa”, o novo espetáculo da Zula Cia. de Teatro, que estreia em Belo Horizonte na próxima quinta-feira, nasce de uma esperança de futuro.

Enquanto o mundo se via impossibilitado de abrir as portas, em pleno período pandêmico, e fomos privados do encontro com o outro, surgia o embrião desta nova montagem do grupo mineiro que se notabilizou na cena teatral pela pesquisa acerca do teatro documentário e por trazer à cena histórias, reflexões e personagens ligadas ao universo feminino. 

A montagem fica em cartaz até o dia 16 de julho, na Fazendinha Dona Izabel, um casarão localizado na barragem Santa Lúcia.

Ocupar a cena com a história de mulheres reais faz parte da trajetória do coletivo, desde sua primeira montagem “As Rosas no Jardim de Zula”, com foco na história de Rosângela, mãe da atriz Talita Braga que passa a viver em situação de rua; passando por um olhar ainda mais ampliado sobre a maternidade como tema em “Mamá”; e, em “Banho de Sol”, dá-se o encontro com a realidade das mulheres na penitenciária.

Neste novo trabalho, o coletivo parte de relatos autobiográficos das atrizes-criadoras Andréia Quaresma, Gláucia Vandeveld, Kelly Crifer, Mariana Maioline e Talita Braga para transformá-los em material cênico e, além da continuidade da pesquisa do teatro documentário com foco em histórias de mulheres, a Cia experimenta uma nova relação com o público, ao levar o acontecimento teatral para dentro de uma casa. 
“A escolha da casa surgiu do desejo de ressignificação deste local no pós-pandemia. Na ideia de abrir todas as portas e lotar a casa de gente, promover encontros para falar de experiências de vidas, compartilhar segredos e comidas e celebrar com arte o fato de estarmos vivas, estarmos vivos”, conta Talita Braga, que assina a dramaturgia do espetáculo. 

Criado coletiva e colaborativamente, “Casa” foi se transformando, ao longo do processo de criação, em um espetáculo de grupo que contempla cinco monólogos, cada um protagonizado por uma das atrizes. Cada uma ocupa um cômodo, se instala na cozinha, na copa, nos quartos, na sala ou no quintal, e a travessia por essas histórias só será possível a partir do encontro entre elas e o público que, a cada apresentação, se divide nos espaços e assiste à narrativa de uma das personagens.

Pensamento coletivo

A dramaturga ressalta que, embora a dramaturgia tenha como ponto de partida histórias pessoais, ela transborda para um pensamento mais coletivo na medida em que, pela própria diversidade e heterogeneidade das artistas que integram o projeto, muitas vivências que permeiam questões humanas pelo olhar das mulheres são compartilhadas no espetáculo, com temas como envelhecimento, luto, maternidade, abusos de várias ordens, dentre outras questões existenciais.

“E essa ruptura permite que isso se transforme num grito coletivo, feminino, somando às nossas as vozes de tantas outras mulheres que estarão ali com a gente assistindo, já que é uma dramaturgia com muitas fissuras que deixam essas outras vozes ocuparem a casa junto com a gente”, completa.

A casa que dá nome ao espetáculo é metáfora, mas também é concreta. E mais que mero cenário, a Fazendinha Dona Izabel, um casarão localizado na barragem Santa Lúcia, torna-se também personagem da peça que foi, inclusive, concebida no local durante o período de ensaios. “Ao ocupar aquela casa, a história das pessoas dali soprou, gritou nos nossos ouvidos. Era inviável ocupar aquela casa com as nossas histórias sem ouvir as pessoas que ali estiveram antes. Tanto que a Flávia Regina Rocha da Silva, que é filha da Dona Izabel que dá nome ao casarão, faz uma participação especial com a gente no espetáculo”, antecipa Talita. 

O espetáculo “Casa” será apresentado nas quintas e sextas, às 20h; sábados e domingos, às 19h, na Fazendinha Dona Izabel (avenida Arthur Bernardes, 3.120, barragem Santa Lúcia) Os ingressos podem ser obtidos no sympla.com.br e custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

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