Avaliamos o Kicks Play, utilitário esportivo de entrada da Nissan

Maior sucesso da Nissan no Brasil, o SUV compacto Nissan Kicks foi lançado em 2016 e reestilizado na linha 2022.
Este ano, essa primeira geração foi renomeada Kicks Play para conviver com a segunda geração, lançada no meio deste ano.
Veículos recebeu o Nissan Kicks Play Advance Plus para avaliação, antiga versão intermediária, atual topo de linha do modelo de primeira geração.
No site da montadora, seu preço é R$ 148,09 mil, na cor preta sólida. As outras cores disponíveis custam R$ 2 mil a mais.
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Os destaques desta versão são: ar-condicionado analógico; multimídia com tela de oito polegadas e espelhamento por cabo; painel multifuncional em TFT de sete polegadas; chave presencial; revestimento sintético que imita o couro e rodas diamantadas com pneu 205/55 R17.
Em termos de segurança essa versão, mesmo que simplificada, ainda é bem equipada. Ela conta com: alerta de colisão frontal; frenagem de emergência; seis airbags; sistema de partida em rampa; monitoramento de pressão dos pneus; luzes de condução diurna, de freio e lanternas em LED.
Motor e Câmbio
O motor do Kicks Play continua sendo o HR16DE. Ele tem quatro cilindros, 1,6 litro e 16 válvulas.
Aspirado e bicombustível, é tracionado por corrente e conta com injeção indireta multiponto, além de duplo comando de válvulas com variação de abertura na admissão e no escape.
Atualmente, ele desenvolve potência 113/110 cv às 5.600 rpm e torque de 15,2/14,9 kgfm às 4.000 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.
De acordo com dados técnicos da Nissan, o Kicks Play acelera de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos e atinge velocidade máxima de 175 km/h.
A transmissão é a automática CVT com sete relações programadas para simularem marchas. O seu acoplamento é feito por conversor de torque.
Ela não permite trocas manuais, mas conta com o botão “S” para ativar o modo esporte, e posição “L”, na alavanca, para o modo reduzido.
Externamente, a inclusão do emblema Play abaixo do logotipo Kicks foi única mudança. Internamente, apenas os pacotes de equipamentos de série foram alterados.
Quatro adultos ficam confortáveis, com boa área para cabeça, ombros e pernas. O quinto vai um pouco apertado, mas consegue se acomodar bem em percursos urbanos e viagens mais curtas.
Ergonomia
A ergonomia é acertada com todos os comandos ao alcance das mãos. Ar-condicionado e multimídia têm botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
As partes revestidas do painel e os quatro apoios dos braços são as únicas áreas macias ao toque. O restante é plástico duro.
Peças em preto brilhante e outras imitando metais cromados e foscos conferem alguma sofisticação ao interior.

Analógico, o ar-condicionado é eficiente em tempo de resfriamento, manutenção da temperatura e volume da ventilação.
Ser um pouco ruidoso é característica comum a estes sistemas não automáticos. Não ter saídas de ar para o banco traseiro é a sua limitação.
O multimídia funciona perfeitamente espelhando o celular, porém, a conexão é feita por cabo USB.
Ter uma conexão estável e botões físicos para a maioria das funções são seus diferencias. O sistema de som é comum, oferecendo boa distribuição espacial, frequências bem definidas e potência razoável.
O quadro de instrumentos é meio digital (conta-giros), meio analógico (velocímetro). Além de configurável, suas informações são múltiplas, relevantes e ajudam bastante na navegação.
A direção com assistência elétrica do Kicks tem respostas diretas, apesar do volante não ser pequeno.
Seu peso é leve o suficiente para ser confortável em manobras e o sistema perde assistência progressivamente, ganhando peso ideal conforme a velocidade aumenta.
ADAS
No Kicks Play, o sistema ADAS foi resumido ao alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência. Em nossa opinião, escolha acertada, pois ele é o mais importante.
Este recurso dispara um alarme e mostra um símbolo no painel digital quando a possibilidade de colisão é grande. Caso o condutor não reaja, o sistema atua nos freios para mitigar ou evitar a colisão.
Além destes sistemas de segurança, o Kicks é um modelo com muito “chão”. O acerto das suspensões garante uma estabilidade surpreendente para o SUV. Ele contorna as curvas com muito controle direcional e é muito difícil fazer os pneus cantarem.
Circulando sobre pisos irregulares, o conjunto trabalha em silêncio e isola bem a cabine dos impactos das imperfeições.
O equilíbrio entre estabilidade e conforto de marcha do Kicks é dos mais elevados entre os carros de marcas generalistas.
Porém, ele é um SUV voltado para o asfalto e, não, para a terra. Sua altura é suficiente, apenas, para vencer lombadas e entradas de garagens sem raspar para-choques e o assoalho.
Modelo se destaca pelo silêncio a bordo, mas desempenho do motor é bastante contido
Acusticamente, ele também se destaca. Motor, arrasto aerodinâmico e atrito dos pneus são ouvidos na cabine de forma contida.
Segundo a Nissan, a adoção de um filme acústico na laminação do para-brisa reduziu em até 35% a incidência de ruídos no interior da cabine em relação à faixa de frequência de conversas.
Se em dinâmica o Kicks é estável e confortável, no que diz respeito ao desempenho ele não se sobressai.
Mesmo sendo um SUV leve, pesando 1.136 kg, o seu motor é um dos menos potentes do mercado. Visivelmente, o câmbio CVT se vira para dar conta do modelo.
Com pouco curso no acelerador, o motor já responde de imediato, buscando elevar a rotação e deixar o carro responsivo.
As relações são alteradas ao mínimo deslocamento do pedal ou com as variações topográficas, no intuito de elevar o giro e deixá-lo mais próximo ao do torque máximo.
Mesmo com grande curso no acelerador, o sistema usa a multiplicação das relações para o motor subir de rotação antes de fixar uma das relações pré-programadas.

Com curso total e em modo Sport essas relações são trocadas às 6.000 rpm, 500 rpm abaixo da faixa vermelha.
Falta algum recurso de controle das marchas para fazer reduções e deixar o carro em freio motor, como aletas no volante ou trocas no câmbio.
O modo Sport segura pouco e o Low trava muito. Poder escolher as relações programadas do CVT seria o ideal para este sistema.
Rodando
Conduzindo suavemente no plano ou em leves descidas aos 110 km/h, o motor chega a trabalhar às baixas 1.700 rpm, condição que propicia muito conforto acústico e baixo consumo. Mas, qualquer alteração no relevo muda essa tranquilidade.
Um leve aclive já faz o câmbio encurtar as relações e subir o giro do motor. Em leve declive, a programação põe o carro em freio motor, limitando o deslocamento por inércia.
Preferimos sistemas que alongam as relações e deixam o carro deslocar aproveitando ao máximo o embalo.
Entendemos que este recurso ajuda na condução de motoristas que nunca usam o freio motor, tanto para a sua segurança, como na economia de combustível.
Mas, poder usar a retenção mecânica nos momentos exatos resulta em uma maior eficiência energética.
Consumo
Em nosso circuito rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta atingimos 17,8 km/l. Na mais rápida, 14,9 km/l sempre com gasolina no tanque.
Em nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do percurso.
O Kicks Play finalizou o teste com 9,8 km/l de gasolina, marca que poderia ser ainda melhor se ele oferecesse o sistema stop/start.
O Kicks Play é a primeira geração do modelo e está prestes a completar uma década, mas é um SUV que amadureceu bem. Seu visual ainda é atraente, não acusando tanto a idade.
Além disso, sua mecânica é robusta e passou por aprimoramentos neste período. Se não tem o frescor do lançamento, como o Kicks de segunda geração, o Kicks Play é uma ótima opção entre os concorrentes que ainda estão na faixa de preço abaixo dos R$ 150 mil.
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