Basalt Shine é o topo de linha do SUV coupé da Citroën

Com a popularização dos utilitários esportivos (SUV), o mercado mundial mudou bastante nos últimos 20 anos.
Segmentos que já foram relevantes sucumbiram aos SUVs. Peruas e minivans sumiram das linhas de marcas generalistas e, até mesmo, os básicos sedans e hatches estão sofrendo com este modismo.
No Brasil, a marca que melhor se adaptou a essa realidade foi a Citroën. Dos três carros da sua linha, dois são SUVs e um tem “atitude SUV”, já que o hatch C3 tem design de SUV.
O C3 Aircross, outrora minivan, agora é um SUV compacto com opção de até 7 lugares, assim como o Basalt é um SUV coupé que ocupa o espaço que teria um sedan compacto em uma linha usual antes desta mudança de mercado.
Veículos avaliou o Basalt Shine Turbo 200, versão de topo de linha e segunda com o motor sobrealimentado.
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No site da montadora, em fevereiro, seu preço promocional era R$ 105,90 mil. O valor “normal” é R$ 117,10 mil.
Estranhamente, este preço só é válido na cor preta metálica. A cor branca sólida, quatro outras cores metálicas e combinações das mesmas com o teto na cor preta custam de R$ 1 mil a R$ 3 mil a mais na etiqueta final.

Sem opcionais, os principais equipamentos desta versão são: multimídia Citroën Connect de 10 polegadas e espelhamento sem cabo; painel digital em TFT de 7 polegadas; três saídas USB; volante multifuncional com regulagem em altura; direção com assistência elétrica; ar-condicionado automático e digital; vidros elétricos dianteiros e traseiros com sistema one touch e anti-esmagamento; retrovisores laterais com ajuste elétrico; banco do motorista com regulagem em altura; chave canivete e rodas em liga leve de 16 polegadas diamantadas e calçadas com pneus 205/60 R16.
Em termos de segurança, não são muitos os equipamentos: ABS; quatro airbags; controles de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas; DRL em LED; farol de neblina; sensor de pressão dos pneus e indicadores de direção nos retrovisores são os destaques.
Motor e câmbio
O motor denominado T200 é o GSE Turbo 200 da Fiat. Este bloco de três cilindros e 999 cm³ tem elevados números. Em potência, ele atinge 130/125 cv às 5.750 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.
Seu torque máximo é de 200 Nm, ou 20,4 kgmf, sempre às 1.750 rpm, com ambos os combustíveis.
O câmbio é automático do tipo CVT com sete (7) marchas programadas. Elas podem ser cambiadas em sua alavanca ou passam automaticamente em acelerações mais vigorosas.
De acordo com a Citroën, com este powertrain, o Basalt acelera, de 0 a 100 km/h, em 9,7 segundos
A carroceria alongada do Basalt conferiu ao SUV coupé um dos maiores porta-malas em um modelo compacto: 490 litros. No tanque de combustível cabem 47 litros.
Interior
Internamente eles são ainda mais parecidos. Basicamente, o que muda é o espaço no banco traseiro.
A cabine redesenhada nesta parte e distâncias entre-eixos diferentes mudam a habitabilidade, pois ampliam o espaço para as cabeças e pernas dos passageiros.
Entre os modelos compactos, o Basalt tem um dos maiores entre-eixos do mercado (2,65 metros). São apenas 30 mm a menos do que o C3 Aircross, mas são 105 mm a mais do que o C3. Seu espaço no banco traseiro é impressionante.
Por ter assento quase plano, o banco traseiro acomoda três adultos. Porém, somente uma criança se acomoda com conforto na parte do meio do banco, uma vez que o túnel central é alto e obriga um terceiro adulto a ficar com as pernas abertas.
Na dianteira, a cabine é idêntica nos três modelos. Os bancos são altos e as pessoas ficam assentadas mais eretas, aproveitando toda a área possível à frente.
Ergonomia
Na busca por espaço, o painel é recuado, as portas são finas e os encostos dos bancos dianteiros, estreitos.
Mas, por ser um compacto, sua ergonomia ainda é acertada, possibilita operar todos os equipamentos no limite do deslocamento dos braços. Volante, pedais e painel de instrumentos estão alinhados a contento.
O acabamento interno é simples. Macio ao toque, apenas os bancos. A maioria das superfícies é feita em plástico rígido na cor preta.
Detalhes em tons de cinza e em preto brilhante amenizam a simplicidade. Textura escamada e em cor cobre no painel é o maior requinte.
Diferentemente do C3 que tem ar-condicionado manual e painel digital básico, sem conta giros, o Basalt e o C3 Aircross têm ar-condicionado automático e painel digital com opções de páginas, ao menos nas versões mais equipadas.
O quadro de instrumentos de 7 polegadas é digital, seu grafismo é visível e a hierarquia dos dados, correta. Existem cinco páginas diferentes, algumas com informações múltiplas.
Multimídia
O sistema multimídia conta com fundo colorido e ícones grandes. Nele, o Android Auto foi atualizado, passou a reproduzir mensagem de áudio e manteve o lay-out com muitos atalhos.
O sistema de áudio conta com quatro alto-falantes e dois tweeters que garantem uma boa distribuição espacial. A potência é elevada, mas causa distorções nos volumes mais altos.

A direção elétrica é muito leve, favorece manobras de estacionamento e o circular entre outros carros no trânsito. Os três Citroën são elevados em relação ao solo e os bancos são altos, característica que torna muito fácil o trabalho de entrar e sair de sua cabine.
Manobrar em marcha à ré é difícil nos modelos da Citroën. Eles têm colunas “C” muito largas.
No Basalt, piora, pois o perfil coupé é alongado e diminui a visão através do vidro traseiro. A câmera traseira e os sensores de aproximação ajudam bastante nessa operação.
Modelo é confortável, apresenta desempenho convincente e é econômico
Considerando os três modelos da Citroën, o C3 You é o mais esperto. Além de acelerar mais rápido, seu entre-eixos menor deixa o modelo mais responsivo ao esterço da direção, entrando e saindo de vagas e circulando entre carros com maior agilidade.
Basalt e C3 Aircross dão o troco em conforto. Eles são mais pesados e com boa parte desta carga extra deslocada para depois do eixo traseiro.
Com as suspensões menos rígidas, suas carrocerias oscilam em frequência vertical mais baixa e eles vencem as irregularidades dos pisos transferindo menos vibrações para o habitáculo.
É perceptível que os dois também têm melhor isolamento acústico. O barulho do atrito dos pneus, do arrasto aerodinâmico e do motor são audíveis dentro das suas cabines, mas bem mais baixo do que no C3 You, um dos carros mais ruidosos que já avaliamos.
Desempenho
Se o Basalt não tem o desempenho esportivo que a carroceria coupé sugere, ele é, no mínimo, convincente. O conjunto T200 é o melhor entre os 1.0 turbo do mercado.
Pisando fundo, assim que a turbina pressiona, o Basalt acelera com vigor e só troca as marchas às 6.100 rpm.
Ainda com muito curso no acelerador, mas não total, é possível ouvir a válvula de alívio liberando o excesso de ar, som esportivo e que nos agrada.
Deixando o câmbio em manual, o carro fica mais esportivo, pois as trocas só ocorrem com a rotação no limite de proteção de do motor, às 6.500 rpm.
Usando o modo Sport, o motor passa a trabalhar em rotações mais elevadas em relação a qualquer curso do acelerador.
Como o sistema CVT tem amplo controle das relações de marchas, ele é permissivo ao fazermos reduções manuais pela alavanca do câmbio, deixando a tocada mais esportiva.

Essa mesma flexibilidade alonga ao máximo as relações quando o curso do acelerador é mínimo.
É possível circular aos 90 km/h às 1.650 rpm e, aos 110 km/h, às 2.100 rpm. Porém, a grande área frontal dos modelos da Citroën provoca a retenção deste deslocamento.
Consumo
Se suas dianteiras não são aerodinâmicas, a traseira do Basalt Shine fez a diferença em relação ao C3 You. Mesmo sendo mais pesado, o SUV foi mais econômico que o hatch.
Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta, o C3 You atingiu 16,3 km/l, já o Basalt, 18,7 km/l. Na mais rápida, o hatch registrou 14,3 km/l contra 15,8 km/l do SUV coupé, sempre com gasolina no tanque.
Em nosso circuito urbano de 6,3 km, realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.
Nessas condições severas, o C3 You finalizou o teste com 9,6 km/l e o Basalt Shine com 9,9 km/l, também com gasolina.
Mais equipado, espaçoso e confortável dinamicamente, além de mais econômico, o Basalt é uma pedra no sapato do C3 You.
Como informamos na avaliação do hatch, ele é atrativo somente para quem quer um carro mais esportivo. Não sendo o caso, as vantagens do Basalt podem justificar o investimento extra para levar o SUV coupé para a garagem.
*Essa e outras matérias estão no blog: dcautoblog.com
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