Bolt EUV é o primeiro SUV elétrico da Chevrolet no Brasil

Há quase um ano, publicamos a avaliação do Bolt EV, o primeiro Chevrolet elétrico vendido no Brasil. Classificado como hatch, ele mais parecia um monovolume e nos impressionou pelo amplo espaço interno, ótima autonomia e dinâmica apurada.
Em maio do ano passado, a marca lançou o Bolt EUV, utilitário esportivo da linha. Contando com o mesmo conjunto mecânico e interior do Bolt EV, sua carroceria é original, maior e mais alta. Apesar dessas diferenças, eles são parecidos. O novo modelo não nega a herança do antigo.
Ainda neste ano, a Chevrolet completará sua linha de SUVs elétricos com o Equinox EV e o Blazer EV, modelos médios e bem diferentes dos carros à combustão homônimos destes eletrificados.
O Veículos recebeu o Bolt EUV (2023) para avaliação. O site da montadora não divulga o preço do modelo. Segundo a Jorlan, concessionária Chevrolet de Belo Horizonte, seu preço sugerido é R$ 279,90 mil, em qualquer uma das quatro cores disponíveis.
Ele é oferecido em uma única versão, sem opcionais. Seus principais equipamentos de série são: teto solar panorâmico com abertura elétrica do vidro e da cortina; sistema de atendimento remoto OnStar com Wi-Fi embarcado; multimídia MyLink com tela LCD de 10 polegadas, equipado com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, Alexa nativa e Spotify integrado; sistema premium de áudio Bose com 7 auto-falantes e subwoofer; painel de instrumentos com tela LCD 8 polegadas, colorida e configurável; ar-condicionado com controle eletrônico e acionamento remoto pela chave; carregador de celular por indução eletromagnética; direção elétrica com regulagem em altura e distância; aquecimento do volante e dos bancos dianteiros e traseiros; abertura das portas por sensor de aproximação da chave; banco do motorista com todos os ajustes elétricos e rodas em alumínio aro 17 polegadas com superfície usinada e pneus 215/50 R17.
Em sistemas de segurança, o Bolt está entre os modelos mais equipados do mercado. Ele traz 10 airbags (frontais, de joelho, laterais na 1ª e 2ª fileira e de cortina); alerta de colisão frontal e frenagem automática de emergência em baixa velocidade; alerta frontal de detecção de pedestres com auxilio de frenagem e alerta de movimentação traseira em marcha à ré; câmera 360° em alta definição; detector de mudança de faixa com alerta de ponto cego; sistema auxiliar ativo de permanência em faixa; controle de velocidade de cruzeiro adaptativo; controle eletrônico de estabilidade (ESC); farol alto adaptativo; acendimento automático dos faróis; espelho retrovisor interno fotocrômico e espelho retrovisor externo com aquecimento; alerta de pressão dos pneus e carregador emergencial portátil (220V, limitado a 2,2 kVA), entre outros.
Motor
O Bolt EUV é equipado com um conjunto modular de baterias de íons de lítio de alta capacidade de armazenamento (66 kWh). Seu motor elétrico do tipo síncrono de imãs permanentes é montado sobre o eixo dianteiro e traciona as rodas dianteiras.
Ele rende 150 kW, o equivalente à 203 cv, e entrega 36,8 kgfm de torque, praticamente, em todo o regime de utilização. O câmbio automático tem apenas uma marcha, modelo comum em elétricos, e é operado por teclas individuais.
Segundo a General Motors, ele tem autonomia para 377 km, no ciclo de testes do Inmetro. Sua bateria pode ser recarregada em tomadas CCS Type 2 /AC ou CCS Combo 2 / DC.
No carregador de emergência, a cada hora, ela recupera carga para rodar até 10 km. No aparelho doméstico, wallbox, são até 40 km neste mesmo tempo.
Em carregadores públicos super-rápidos são até 160 km em apenas 30 minutos. Essas variações de ganhos de carga ocorrem conforme a capacidade de cada rede à qual o equipamento é instalado e a potência do próprio.
Este conjunto de baterias tem garantia de fábrica por oito (8) anos ou 160.000 km, o que ocorrer primeiro.
Visual
Na dianteira, o Bolt EUV tem capô, para-choques e para-lamas mais altos, redesenhados, formando uma linha mais paralela ao piso, assim como um novo conjunto ótico, agora bipartido, e as grades inferiores em formato inédito.
Lateralmente, o Bolt EUV tem os dois volumes melhor definidos do que o EV, a frente mais destacada da cabine, teto menos arqueado e vidro traseiro mais inclinado, perfil que em nada lembra um monovolume e, sim, o faz parecer um SUV coupé.

As portas altas, janelas estreitas e horizontais e rodas mais elaboradas contribuem com a robustez e a sofisticação do Bolt EUV, características apreciadas nos SUVs.
Na traseira, o design dos modelos é mais distinto do que na dianteira. Apesar de ambos terem as lanternas interligadas, este conjunto ótico é mais estreito no Bolt EUV.
Sua tampa do porta-malas tem recortes e vincos retilíneos e, não, arqueados. O para-choque tem maior área sem pintura, parte que sobe até a base desta tampa.
Interior
Internamente, quase nada mudou. Basicamente, a parte central do painel que já era revestida com um tecido sintético que imita o couro, porém, em padrão diferente ao dos bancos, passou receber o mesmo revestimento destes assentos, o material em azul petróleo e micro perfurado em formato de triângulos contrapostos.
No mais, em aparência, qualidade construtiva e materiais empregados, a cabine do Bolt EVU é a mesma do Bolt EV.
Essa parte central do painel, bancos, volante e todos os apoios de braços são revestidos por este material.
As partes superiores das portas dianteiras e do painel principal são forradas com manta emborrachada, macia ao toque, e as outras são construídas em plástico rígido de ótima qualidade.
Diversos detalhes em preto brilhante, metalizados foscos e alguns cromados compõem este interior de carro de entrada, para os padrões norte-americanos.

Espaço
O Bolt EUV é ainda mais espaçoso do que o Bolt EV. Seus eixos estão 75 mm mais afastados, resultando em um amplo espaço para as pernas de quatro adultos.
Até o quinto passageiro fica confortável, pois o assoalho é totalmente plano e o console central não invade muito a área dos pés.
Para as cabeças dos mesmos existe quase tanta folga quanto, pois o teto do SUV é mais alto do que o do hatch. Somente os ombros dos três ocupantes traseiros não ficam tão à vontade.
A largura interna, que não foi alterada, recebe o trio de adultos com conforto, mas sem sobras. Uma criança vai muito bem nesta posição central traseira.
Vale observar que este mesmo piso plano é um pouco elevado, característica comum aos carros elétricos, pois as baterias ficam sob toda essa base, deixando os pés mais altos e, consequentemente, as pernas mais descoladas do assento traseiro.
Além desta diferença de 75 mm na distância entre os eixos, que mede 2,68 metros no Bolt EUV, outras medidas externas foram ampliadas em relação ao Bolt EV.
São elas: 4,31 metros de comprimento (141 mm a mais); 1,77 metro de largura (5 mm de diferença) e 1,62 metro de altura (6 mm mais elevado).
A Chevrolet declara um grande volume para o seu porta-malas: 462 litros. O Bolt EUV pesa 1.711 kg e pode transportar até 396 kg de carga útil, isto é, o peso total de passageiros e bagagens. Ele não é homologado para puxar reboques.
Ergonomia
Sua ergonomia é muito acertada. Todos os comandos estão à mão e não exigem amplos movimentos dos braços para serem acessados.
Quase todos os equipamentos têm botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
A parte mais diferenciada no interior dos Bolt é o console central. Teclas individuais habilitam o câmbio em “P”, “R”, “N” ou “D”, as tradicionais posições dos sistemas automáticos.
Ainda neste conjunto, existe a tecla de acionamento do one pedal, outra do freio de estacionamento e três botões de pressão para ativar o modo sport, desativar o controle de estabilidade e desabilitar o reconhecimento da faixa de rodagem.
Sistema de auxílio à condução é o melhor da montadora
A câmera 360° ajuda bastante nas manobras de estacionamento, pois o vidro traseiro é pequeno e a traseira do Bolt EUV (2023) também é alta.
Com visões em detalhe das rodas dianteiras e traseiras, da traseira e da frente do carro, essas imagens permitem acertar as balizas e saídas de ré com muito mais precisão.
Auxiliado pelos sensores sonoros de aproximação traseira e pelo alerta de movimentação traseira, este é um dos conjuntos mais completos oferecidos no mercado.
Também muito abrangente, o sistema de auxílio à condução do Bolt é o melhor entre todos que equipam os modelos da Chevrolet no Brasil.
Além da detecção de obstáculos com frenagem automática de emergência, do aviso de presença no ponto cego e da correção ativa de saída de faixa, ele conta com o controle de cruzeiro adaptativo, recurso que não contempla os outros carros da marca.
E ele é dos mais modernos, pois imobiliza o veículo em paradas breves, em congestionamentos, e retoma o movimento automaticamente.
Todos eles funcionaram com precisão, assim como a comutação automática entre o farol alto e baixo, tecnologia que complementa estes dispositivos de segurança.
O volante conta com botões na frente e atrás que controlam quase todos os equipamentos de bordo. A direção elétrica tem calibragem adequada para todas as condições de rodagem. Talvez, fique um pouco pesada nas velocidades maiores, mas garante a segurança direcional em um carro tão potente.
A robustez das suspensões chama a atenção. Mesmo calibrada para entregar mais estabilidade do que conforto, ela consegue isolar a cabine da maioria das imperfeições dos pisos e cumpre essa função silenciosamente, não atingindo o limite do seu curso.
Por outro lado, os painéis internos sofrem na buraqueira das nossas vias, rangendo com o excesso de torção ao qual o monobloco é submetido.
Rodando
O centro de gravidade do Bolt é muito baixo e o peso é muito bem distribuído sobre os dois eixos. Sendo assim, ele contorna curvas em velocidades maiores de forma neutra, com pouca inclinação da carroceria e sem tender sair de frente ou traseira.

Em todos os elétricos que avaliamos, a dinâmica sempre sobressaiu às outras características. No caso do Bolt EUV, o desempenho vai muito além do que a aparência sugere.
Sua aceleração é realmente esportiva. Segundo a GM, ele vai de 0 a 100 km/h em apenas 7,7 segundos. Para preservar a vida útil dos módulos da bateria, sua velocidade máxima é limitada, apenas, aos 146 km/h.
Se a performance é surpreendente, o isolamento acústico poderia ser melhor. Os ruídos externos, como os provenientes dos pneus e do vento contra a carroceria invadem a cabine mais do que o esperado para um carro tão bem construído e com um acabamento esmerado.
Dois sistemas para a regeneração de carga das baterias são oferecidos no modelo. O mais tradicional é o one pedal, recurso acionado por tecla que ativa a regeneração das baterias todas as vezes que se alivia o pé do acelerador. Desta forma, é possível dirigir usando apenas este pedal.
Como essa regeneração nem sempre é intensa o suficiente para segurar o carro em velocidades maiores, existe uma aleta atrás do volante que a aumenta e, consequentemente, retém o modelo com mais eficácia, aplicando um freio motor muito útil, principalmente em decidas de serra, condição que extrai o melhor aproveitamento energético possível.
Consumo
Mesmo mais alto e pesado, o Bolt EUV foi quase tão econômico quanto o Bolt EV. Eles estão entre os elétricos mais econômicos que já avaliamos em nossos testes padronizados de consumo.
Neles, aferimos o consumo em kWh a cada 100 km e convertemos para km/kWh, medida que adotamos para estes modelos.
No teste de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta atingimos 8,4 km/kWh, apenas 0,3 km/kWh a menos do que no Bolt EV. Na mais rápida, o Bolt EUV atingiu 6,6 km/kWh, 0,8 km/kWh menos econômico do que o hatch.
No teste padronizado de consumo urbano, em um circuito de 6,3 km, realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos.
Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso. O Bolt EUV finalizou este exigente teste com 6,5 km/kWh, 0,6 km/kWh menos eficiente do que o hatch.
Considerando essas médias, o Bolt EUV, com 100% de carga em suas baterias, pode atingir 554,4 km e 435,6 km circulando aos 90 e 110 km/h, respectivamente.
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