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C3 Aircross é um SUV com espaço de minivan e conforto de sedan

Design robusto, ampla cabine e conforto de marcha se destacam no modelo da Citroën; motor é de origem Fiat, GSE 1.0 Turbo 200
C3 Aircross é um SUV com espaço de minivan e conforto de sedan
Crédito: Amintas Vidal

Entre as marcas da Stellantis no Brasil, a Citroën está focada no custo-benefício. Os novos projetos nacionais são oriundos da Ásia e não da Europa.

Se por um lado modelos desta origem perdem em sofisticação, por outro, eles são mais baratos e, normalmente, mais espaçosos e mais robustos, pois precisam acomodar famílias maiores e circular por vias mais precárias.

Veículos recebeu para avaliação o Citroën C3 Aircross 1.0 CVT Shine, versão de topo de linha e com 5 lugares. A versão avaliada, a Feel Pack (intermediária) e a Feel (de entrada), têm configurações com 5 e 7 lugares.

C3 Aircross
Crédito: Amintas Vidal

O preço sugerido desta versão é de R$ 129,99 mil, apenas na cor preta metálica.
Nas cores da unidade avaliada, vermelha metálica com o teto na cor preta metálica, a etiqueta encarece R$ 3 mil, finalizando o seu valor em R$ 132,99 mil.

De série

Os principais equipamentos de série desta versão são: ar-condicionado analógico; painel de instrumentos digital; multimídia de 10 polegadas’ com espelhamento sem cabo; volante multifuncional com regulagem em altura; direção elétrica com assistência variável; computador de bordo; barras de teto decorativas; volante e bancos revestidos em material sintético que imita o couro e rodas de 17 polegadas diamantadas com pneus 215/60 R17.

Em termos de segurança, a versão traz poucos equipamentos a mais do que os obrigatórios. Os principais sistemas são: ESP (controle eletrônico de estabilidade) e ASR (controle de tração); hill assist (assistente de partida em rampa); quatro airbags; monitoramento de pressão do pneus; assinatura dos faróis em LED; faróis de neblina; sensor de aproximação traseira e câmera de marcha à ré.

Motor e câmbio

O motor é de origem Fiat, o GSE 1.0 Turbo 200. Em potência, ele atinge 130/125 cv às 5.750 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente. Seu torque máximo é de 200 Nm, ou 20,4 kgmf, sempre às 1.750 rpm, com ambos os combustíveis.

O câmbio é automático do tipo CVT com sete (7) marchas programadas, com possibilidade de trocas manuais através da alavanca.

Essa versão Shine pesa 1.216 kg e tem relação peso/potência de 9,35 kg/cv. A Stellantis declara que ela acelera de 0 aos 100 km/h em 9,7 segundos e chega aos 191 km/h de velocidade máxima.

Design

O C3 Aircross tem a frente agressiva e alta, as laterais volumosas e robustas e a traseira reta, aproveitando todo o espaço interno possível.

Seu design de SUV “quadradão” permite uma arquitetura de minivan. Todas as suas medidas são superiores às do C3, hatch do qual se origina.

Ele tem 4,32 metros de comprimento, sendo 33,6 cm a mais do que o hatch, medida que ampliou o porta-malas para 493 litros, ganho de 178 litros.

C3 Aircross
Crédito: Amintas Vidal

É um espaço suficiente para receber a terceira fileira de bancos. O entre-eixos de 2,67metros, ou 13,5 cm a mais, também ampliou bastante a área para os ocupantes da segunda fileira.
Em sua cabine, quatro adultos têm muito espaço para cabeças, ombros e pernas. Provavelmente, ele é o automóvel compacto nacional com a maior área para os passageiros do banco traseiro.

Acabamento

A cabine ampla tem acabamento simplificado. Tirando o revestimento escamado e na cor bronze que cobre o painel principal, o fino apoio de braço central e os bancos, todas as outras peças são feitas em plástico rígido.

Pequenos detalhes em preto brilhante, cromados e imitando alumínio fosco melhoram o visual, mas não disfarçam as economias.

Neste projeto de baixo custo faltam alguns recursos. Os cintos dianteiros não têm regulagem em altura. Os botões dos vidros traseiros estão no console central.

A coluna de direção só tem ajuste em altura e a chave não é nem do tipo canivete. No mais, os equipamentos estão na média da categoria. Eles estão bem posicionados e alguns têm botões físicos, os ideais.

Equipamentos

O ar-condicionado é analógico, o tipo que consideremos o mais eficiente. Os três botões são grandes e todos giratórios. O central se diferencia por ter o seletor da recirculação acoplado a ele, permitindo a operação cega do conjunto.

A tela do multimídia é do tipo mais longa, 10 polegadas na diagonal, mas seu aproveitamento na altura é próximo ao dos painéis de 8 polegadas.

Espelhando sem fio, o multimídia é rápido e estável. Em brilho e em sensibilidade ao toque ele é eficiente, sem destaques. Seu grafismo é simples, tem fácil visualização e usabilidade, apesar da falta de botões físicos para a sua operação.

O quadro de instrumentos de 7 polegadas é 100% digital, configurável e fornece muitas informações.

Estão presentes câmera de ré e sensor de aproximação traseira, dupla que ajuda muito em manobras de estacionamento, pois o C3 Aircross é alto e as colunas “C” são largas.

Maciez e conforto ao rodar não comprometeram a estabilidade do utilitário esportivo

A carga de molas e amortecedores tem a rigidez mínima necessária para garantir o controle direcional deste modelo mais alto.

Incrivelmente macio, o conjunto de suspensões do SUV compacto faz o seu rodar ficar confortável como o deslocamento de alguns sedans médios. Ele trabalha em frequência mais baixa e isola a cabine das irregularidades do piso.

Em curvas, o modelo aderna pouco, mantém a trajetória sem tendência a escapar, mas sua altura eleva o centro de gravidade reduzindo a carga sobre os pneus, fazendo os mesmos cantarem nessas situações.

C3 Aircross
Crédito: Amintas Vidal

Com 23,8° de ângulo de ataque, 32° de ângulo de saída e 200 mm de altura livre do solo, o C3 Aircross supera lombadas e entradas de garagem sem raspar para-choques ou fundo.
Em estrada de terra ele foi tão confortável quanto no asfalto e mostrou ótima aderência para um modelo 4×2.

Se o conforto de marcha é elevado, o acústico é o esperado para um carro de baixo custo. Faltam matérias fono-absorventes.

Barulhos dos pneus, motor e aerodinâmicos são ouvidos na cabine, mas em volumes aceitáveis, não comprometendo o conforto ao rodar em viagens, por exemplo. O ótimo câmbio CVT contribui com a paz interior.

Rodando

Rodando em “D” (Drive), aos 90 km/h, o motor trabalhas às 1.650 rpm. Aos 110 km/h, ele ainda não atinge às 2.000 rpm, regimes baixíssimos.

Por ter torque máximo às 1.750, rotação dentro desta faixa de trabalho, o carro fica vivo, mesmo com giro tão baixo. Essa característica deixa o modelo solto, deslocando por inércia, assim como gostamos.

Todas as versões do C3 Aircross contam com este mesmo conjunto motor e câmbio. Mais que a eficiência energética, ele entrega desempenho exemplar.

Com aceleração total, o câmbio bloqueia as marchas pré-programadas até às 6.100 rpm e faz as trocas muito rapidamente para um CVT com conversor de torque, garantindo uma das melhores performances para um motor 1.0 turbo.

Mesmo não sendo esportivo, o desempenho é elevado e exige responsabilidade na condução deste SUV familiar.

Com o modo Sport ativado em um botão no painel, as rotações são elevadas em aproximadamente 1.000 rpm e o carro fica mais responsivo em qualquer curso do acelerador.

Cambiando as marchas manualmente pela alavanca, o sistema é permissivo e faz reduções mesmo quando as rotações se aproximam do limite de segurança, tornando a condução muito prazerosa.

Consumo

Em nossos testes padronizados de consumo, avaliamos o Citroën C3 Aircross abastecido com gasolina.

No circuito rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta registramos 17,2 km/l. Na mais rápida, 14,5 km/l.

No nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos.

Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo deste acidentado percurso. O modelo finalizou o teste com 10,2 km/l.

As versões do C3 Aircross são mais baratas do que as variantes do Chevrolet Spin, seu principal concorrente.

Se o SUV da Citroën perde na qualidade dos acabamentos, assim como na oferta de equipamentos e no espaço do porta-malas, ele dá o troco em desempenho, espaço na cabine e, principalmente, no conforto de marcha.

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