Chevrolet Tracker Midnight segue estilo all black

Antenada com o mercado, a General Motors oferece variantes temáticas para alguns dos seus modelos, além das versões usuais da marca. As duas mais frequentes na linha Chevrolet são a Midnight e a RS, ambas focadas em visuais diferenciados, all black e esportivo, respectivamente. O Tracker 2024 recebeu essas duas variantes de uma só vez. A Midnigth, posicionada entre as versões LT e LTZ e, a RS, entre a LTZ e a topo de linha Premier. Também contando com uma variante de entrada, a Turbo, o modelo é o SUV compacto com o maior número de versões únicas no segmento.
No mês de setembro, o Tracker foi o SUV compacto mais vendido em nosso mercado, registrando 6.537 unidades, o 5º automóvel mais emplacado neste período. Com 47.310 unidades vendidas de janeiro a setembro, o modelo é o 8º automóvel mais emplacado em 2023 e está em 2º lugar no pódio da categoria, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Veículos recebeu o Chevrolet Tracker Midnight 1.0 para avaliação. O site da montadora só informa os preços iniciais para cada modelo. Segundo a concessionária Jorlan Chevrolet de Belo Horizonte, a versão Midnight custa R$ 145,69 mil. A cor azul metálica escura é a única neste valor. A cor branca sólida custa R$ 900,00 e todas as outras metálicas acrescentam R$ 1,75 mil ao preço inicial, inclusive a cor preta da unidade avaliada.
Equipamentos
Essa versão vem completa de série e não oferece opcionais. Os principais equipamentos são: sistema OnStar com wi-fi embarcado; multimídia MyLink; volante com os comandos do som e do controlador de velocidade; direção elétrica com coluna regulável em altura e distância; ar-condicionado analógico; chave presencial e partida por botão; sistema stop/start; vidros elétricos com acionamento por um toque; rodas escurecidas aro 17 polegadas com pneus 215/55 R17 e revestimento de volante e bancos em material sintético que imita o couro.
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Em segurança, os equipamentos além dos obrigatórios são: seis airbags; controle eletrônico de estabilidade e tração; assistente de partida em aclive; sensor crepuscular; faróis do tipo projetor e sensor de aproximação traseira e câmera de marcha à ré.
Motor e câmbio
O motor tem bloco de três cilindros, 1.0 litro de capacidade e 12 válvulas. Turbo alimentado e bicombustível, conta com injeção indireta multiponto, duplo comando de válvulas com variação de abertura na admissão e na exaustão, e este é tracionado por correia dentada banhada em óleo. Ele rende 116 cv às 5.500 rpm com ambos os combustíveis e seu torque atinge 16,8/16,3 kgfm às 2.000 rpm com etanol e gasolina, respectivamente.
O Tracker 1.0 acelera de 0 aos 100 km/h em 10,9 segundos e alcança 177 km/h de velocidade máxima, segundo a Chevrolet. O câmbio é automático convencional com seis (6) marchas. Ele permite limitar a marcha mais longa por meio de botão posicionado na lateral da manopla da alavanca. O acoplamento é feito por conversor de torque.
Visual
Baseado na versão LT, o Tracker Midnight traz mais alterações estéticas do que ganhos em equipamentos. Além das rodas em liga leve pintadas em preto brilhante, a capa dos retrovisores externos, a base do para-choque traseiro e o friso da grade frontal têm acabamento semelhante a este.
Já a marca da Chevrolet, a “gravatinha”, abandona o tradicional dourado ao centro, que passa a ser preto fosco e apresenta uma superfície texturizada. Máscara negra nos faróis e emblema Midnight nas portas completam a indumentária externa all black da versão.

Interior
Internamente, a marca ao centro do volante também vem em preto fosco e seus raios e todos os frisos que emolduram as saídas de ar, o quadro de instrumentos e a base da alavanca de câmbio replicam o preto brilhante das peças externas.
Estranhamente, as maçanetas internas das portas mantiveram a cor prata, não adotaram o preto brilhante, assim como as capas das colunas e o revestimento do teto continuaram brancos, como em todas as outras versões. Poderia ser tudo na cor preta para complementar a caracterização all black.
Finalizando, pequenos detalhes cromados e os bancos revestidos com a mesmo material usado na versão Premier, porém em tons de cinzas, deixaram o interior do Tracker Midnight mais sofisticado do que o da LTZ, versão superior.
No painel principal e nos apoios e encostos dos braços das portas dianteiras existe um revestimento sintético que minimiza a predominância maciça de plásticos duros por toda a cabine.
Se o design interno do Tracker é moderno, dinâmico e, ainda atual, esmero no acabamento nunca foi o seu forte. Nesta categoria, apenas o Jeep Renegade e o Honda HR-V têm revestimentos macios ao toque.
Exterior
O design externo do Chevrolet Tracker é um dos seus destaques. Sua carroceria é típica dos crossover. Mistura robustez e dinamismo, pois suas partes são volumosas, apresentando formas e recortes diagonais e vincos marcantes. Suas medidas externas são: 4,27 metros de comprimento; 1,79 metro de largura; 1,62 metro de altura e 2,57 metros de distância entre-eixos.
Em seu tanque de combustíveis cabem 44 litros e o porta-malas comporta 393 litros. Leve para o porte, o Tracker 1.0 pesa 1.271 kg, sua capacidade de carga é de 410 kg e o modelo não pode receber reboque para tracionar carretinhas.
A despeito deste bom tamanho para um SUV compacto, a altura livre do solo, 157 mm, e o ângulo de entrada, 17 graus, não atingem os números mínimos necessários para classificar o Tracker como um utilitário esportivo pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Mesmo assim, ele é vendido como um SUV pela Chevrolet.
Não consideramos isso uma desvantagem. O Tracker é mais alto do que o Onix e o Onix Plus, o suficiente para passar por lombadas e entradas de garagens sem tocar os para-choques e o assoalho.
Por outro lado, por ser mais baixo do que os SUVs concorrentes, ele tem as suspensões menos rígidas e uma posição ao volante mais próxima ao piso, algo que apreciamos.
Internamente, quatro adultos tem espaço de sobra para cabeça, ombros e pernas. O quinto ocupante vai menos confortável. Os bancos dianteiros apoiam bem o corpo, deixando-os bem encaixados. O encosto traseiro apoia bem as costas, já o assento, poderia ser mais comprido para sustentar melhor as pernas.
A densidade da espuma de todos os bancos poderia ser maior, sustentaria melhor os ocupantes, deixando-os menos cansados em viagens. Os apoios de braço das portas são bem dimensionados, já os dois centrais, são pequenos. Os vãos das portas e o ângulo de abertura das mesmas não são tão generosos como o volume interno, característica que dificulta o acesso de pessoas com baixa mobilidade.
Ergonomia
A ergonomia é acertada, com todos os equipamentos à mão, inclusive, a central multimídia e o ar-condicionado estão levemente voltados para o motorista. O aro do volante é fino, favorecendo mãos pequenas, mas os comandos satélites são um pouco recuados, dificultando o uso para essas mesmas mãos.
Os botões dos retrovisores elétricos posicionados atrás da alça da porta são os únicos deslizes. No mais, todos os outros sistemas têm controles físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
O ar-condicionado permite operação cega por meio dos seus três botões giratórios. O tempo de resfriamento, a manutenção da temperatura e o ruído de funcionamento estão na média destes sistemas analógicos, os quais consideramos melhores do que os digitais, pois resfriam com maior intensidade.
Mas, não existem saídas de ar para os passageiros de trás, dutos que diminuiriam o tempo para todo o habitáculo atingir a temperatura desejada.
Multimídia
O ótimo multimídia, o atendimento remoto OnStar e o Wi-Fi a bordo formam um conjunto muito completo. Pareando ou espelhando o celular sem a necessidade de cabo, a central funcionou com precisão.
O OnStar entrega mais informações que uma simples pesquisa de voz no assistente Google, por exemplo. O sinal 4G, contratável na operadora Claro, chega mais forte e estável aos celulares devido à antena mais eficiente usada no veículo.
Velocímetro e conta-giros analógicos têm números visíveis, com certeza, mas as marcações das frações são muitas e próximas, não contribuem para uma fácil leitura. O computador de bordo posicionado entre eles tem dados múltiplos, completos e com números e letras visíveis.
O Tracker tem boa visibilidade para um SUV, mas ele ainda é alto, quando comparado aos hatches e sedans. Contudo, a câmera de marcha à ré e o sensor de aproximação traseira ajudam bastante nas manobras de estacionamento.
As regulagens de altura e distância do volante, e as de altura do banco e cinto de segurança, garantem ótimo posicionamento ao motorista. O cinto do carona não foi contemplado com este sistema ajustável.
A direção elétrica é direta, característica que deixa a condução mais esportiva. Ela é leve em manobras, mas poderia ganhar peso mais progressivamente, pois fica um pouco pesada em velocidades intermediárias.
Conjunto da suspensão entrega conforto e estabilidade
Sempre dissemos que a Fiat faz os melhores ajustes de suspensões entre os carros nacionais. Vale um crédito para a GM, pois as suspensões dos seus modelos são tão bem ajustadas quanto. As suspensões do Tracker entregam conforto e estabilidade equilibradamente, sem nenhum grande destaque para um dos dois quesitos.
Elas filtram muito bem as irregularidades dos pisos, trabalhando silenciosamente, mas algumas peças internas aparentam sofrer com pequenas torções, emitindo ruídos. O modelo mantém a trajetória em curvas, não tende a sair de frente ou traseira, mas sua carroceria inclina mais do que o esperado, considerando a boa estabilidade apresentada.
Já avaliamos o Tracker outras duas vezes, ambas na versão Premirer, equipada com o motor 1.2 de três cilindros e este mesmo câmbio automático. Sendo assim, vamos comparar estes dois conjuntos. Ambos trabalham em harmonia, as trocas são suaves e as relações estão bem escalonadas. Mas, comparado ao Tracker com motor 1.2, o motor 1.0 deixa o desempenho do modelo mais contido.
Rodando
Em todas as situações é preciso maior curso no acelerador para o Tracker 1.0 prestar o mesmo serviço, ou quase, como faz o 1.2. Na verdade, andando em velocidade de cruzeiro, a diferença é pequena. Os dois andam soltos, passam as marchas antecipadamente, buscando manter o motor em rotação mais baixa possível, privilegiando o baixo consumo.
Em sexta marcha, aos 90 km/h, o motor 1.0 gira às 1.950 rpm e, aos 110 km/h, a rotação fica às 2.200 rpm, regimes com 300 e 250 rpm mais altos que no 1.2, respectivamente. Mesmo com rotações maiores nestas condições, para acelerações de ultrapassagem, por exemplo, é preciso pisar com mais intensidade no acelerador para o carro deslanchar, em comparação ao 1.2. Acelerando forte, o giro sobe rapidamente, assim que a turbina começa a pressionar, e a rotação atinge 6.100 rpm, invadindo um pouco a faixa vermelha, antes das marchas passarem, programação que garante desempenho máximo ao Tracker 1.0.
Mesmo assim, este comportamento não é esportivo, mas atende perfeitamente a uma condução responsável, compatível com a característica familiar do modelo.
O isolamento acústico é muito bom, deixando a cabine silenciosa, a despeito da retenção aerodinâmica relativamente intensa, sentida a partir dos 80 km/h.
Ruído dos pneus é mais presente, mesmo assim, abafado. O som do motor só aparece em rotações maiores, acima das 2.300 rpm. Porém, como em todos os modelos de três cilindros, ele é mais grave, intermitente, mais gostoso de ouvir do que o dos blocos de quatro cilindros.
Consumo
Avaliamos o consumo do Tracker Midnight em viagem de ida e volta ao litoral fluminense. Na ida, usando apenas gasolina, eliminando os trechos urbanos, considerando apenas estradas, circulamos por 535 km e obtivemos uma ótima média de 17 km/l.
Na volta, usando 90% de etanol no tanque, 10% de gasolina, o consumo também foi muito bom, considerando que neste retorno saímos da cidade mais baixa para a mais alta, em relação ao nível do mar.
Aferimos o consumo em uma distância menor, 495 km. Registramos 13 km/l. Mesmo com estes bons resultados do motor 1.0, o motor 1.2 se mostrou melhor dimensionado para o peso do modelo, pois entrega melhor desempenho e, em algumas condições, melhor consumo.
O Tracker Midnight traz um visual diferenciado, raro na categoria, mas cobra muito por isso. A versão é R$ 10,64 mil mais cara que a LT e custa apenas R$ 2,07 mil a menos do que a LTZ, versão bem mais equipada. Optar por essa estética all black da Midnight é uma escolha emocional. As outras duas versões nos parecem uma escolha mais racional.
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