Fiat 500e: mais divertido e econômico
No ano passado, a Fiat lançou o 500e, modelo 100% elétrico e responsável pela terceira geração do subcompacto. Projetado sobre uma nova plataforma, a Mini EV, ele é um pouco maior que a segunda geração. Porém, suas proporções foram mantidas, tornando-se um sucessor mais encorpado.
Além das tradicionais carrocerias hatch e cabrio, a novidade é a 3+1, variante que tem uma quarta porta, tipo suicida, do lado direito, que ajuda no acesso ao banco traseiro. Essa geração ganhou os títulos Best Design 2020, Red Dot Award 2020 e Green Car, as principais premiações europeias para automóveis, distinções em design e sustentabilidade.
O DC Auto recebeu, para avaliação, o Fiat 500e na carroceria hatch, versão Icon, de topo de gama. Importada da Itália, ela é a única disponível para o Brasil. No site da montadora, o preço sugerido é de R$ 239,99 mil, em qualquer uma das quatro cores: as sólidas branca e preta, a metálica azul e a fosca cinza, esta a cor da unidade avaliada.
A versão não oferece opcionais. Seus principais equipamentos de série são: teto solar elétrico; ar-condicionado automático digital com agendamento para pré-climatização; direção elétrica; volante com ajuste de altura e profundidade e controles do assistente de condução, do multimídia e do quadro de instrumentos; central multimídia Uconnect 10,25 polegadas com espelhamento sem fio por Apple CarPlay e Android Auto, bluetooth e comandos da climatização; quadro de instrumentos com visor de 7 polegadas full digital de alta resolução com monitoramento das funções do veículo; carregamento por indução para smartphone (até 15W) com luz indicadora de uso; chave presencial para abertura e fechamento das portas e partida por botão; painel com acabamento na cor do veículo; bancos e volante revestidos em material sintético que imita o couro bicolor com grafia exclusiva e logo 500-e; rodas em liga leve de 16 polegadas (pneus 195/55 R16) com acabamento escurecido (com kit fix & go de reparação) e vidros elétricos com sistema one touch.
Os equipamentos de segurança são completos. Seus destaques são: 6 airbags; controle eletrônico de tração e estabilidade (TC + ESC); piloto automático adaptativo (iACC); lane centering (alerta para detecção de faixa); lane control (alerta e auxilio para mudança de faixa involuntária); frenagem de emergência por detecção de obstáculos; monitoramento de ponto cego no retrovisor externo; sistema de ajuste automático para farol alto; reconhecimento de sinalização em via para limite de velocidade; sensores crepuscular e de chuva; espelho retrovisor interno eletrocrômico; parking assist com sensores de estacionamento 360°; câmera de ré com linhas dinâmicas; aviso visual e sonoro para uso de cinto de segurança para todos os passageiros; freios elétricos com Hill Holder (assistente de partida em aclives) e TPMS (sistema de monitoramento pressão dos pneus).
Agora, na terceira geração, a eletrificação é a grande inovação do Cinquecento. A sua plataforma Mini EV foi desenvolvida, exclusivamente, para modelos elétricos. Mais de 90% dos componentes desta nova geração são inéditos.
A posição da bateria sob o assoalho e entre os eixos melhora a distribuição de peso, abaixa o centro de gravidade e, consequentemente, amplia a estabilidade do subcompacto.
Elétrico – A arquitetura recebeu um sistema de baterias de íons de lítio de alta capacidade de armazenamento, 42 kWh. O motor elétrico entrega 87 kW, o que equivale a 118 cv, e atinge 220 Nm, ou 22,4 kgfm de torque.
Entregues, praticamente, em todas as rotações, estes números garantem um ótimo desempenho ao modelo. O Fiat 500 elétrico necessita de 9 segundos para sair da imobilidade e atingir 100 km/h e 4,8 segundos para retomar dos 60 km/h aos 100 km/h, segundo a Fiat.
Ainda de acordo com a fabricante, a autonomia do 500e, com a carga total das baterias, é de 320 km e, em condições ideais, pode chegar até aos 460 km. Em seu cálculo de custo, considerando o preço médio dos combustíveis fósseis e do kW, essa autonomia equivaleria a um consumo médio acima de 62 km/l em motores a combustão.
O tempo de recarga varia com a potência dos equipamentos usados. O 500e vem com um cabo padrão de carregamento doméstico que se conecta a uma tomada de três pinos. Nesta, a mais lenta das opções, são necessários, no mínimo, 14 horas na tomada, podendo este tempo ser mais longo, caso a tensão elétrica seja de 110V e, não, de 220V.
Em aparelhos denominados wallbox, que podem ser instalados em residências ou escritórios, este tempo varia entre 4 e 6 horas, dependendo da rede usada e da potência dos equipamentos. Em carregadores comerciais, mais robustos, com sistemas de carga ultra-rápida em corrente contínua de até 85 kW, é possível gerar uma reserva de energia suficiente para viajar 50 quilômetros em apenas 5 minutos e, em 35 minutos, a carga pode atingir até 80% da capacidade total da bateria.
O Fiat 500e utiliza tomada inteligente tipo 2. Ela permite o carregamento tanto em AC (corrente alternada) como em DC (corrente contínua). É denominada “inteligente” por possibilitar programação de carregamento e fornecer informação sobre o estado de carga da bateria.
500e – O Fiat 500e cresceu apenas 61 mm no cumprimento, 56 mm na largura, 22 mm no entre-eixos e 29 mm na altura. Porém, ele ficou muito mais robusto que seu antecessor.
As maçanetas com abertura elétrica e embutidas nas portas, as luzes de posicionamento em forma de aro com o centro na cor da carroceria, o logotipo 500 com um traço azul no segundo zero formando um “e”, assim como o mesmo, sem este traço, posicionado na frente do carro, no lugar do nome Fiat, são os outros detalhes estilísticos externos do modelo.
Por dentro, o ganho de espaço é bem menos visível. A área para os ombros foi a única que aparenta ter melhorado, mesmo assim, nos bancos dianteiros. No mais, o modelo continua um típico subcompacto.
Espaço justo na frente e apertado atrás, mais adequado para duas crianças. No porta-malas cabem 185 litros, mesma capacidade da outra geração. Seu peso é 1.290 kg, 220 kg a mais que a versão Cult com motor 1.4 da segunda geração, ganho de massa comum aos modelos elétricos em relação aos seus pares à combustão.
Interior – O design interno também foi aprimorado em sua forma, acabamentos e usabilidade. Todo o painel principal, a tela do multimídia, os comandos do ar-condicionado e os botões de controle do câmbio foram horizontalizados e posicionados para cima. Até o volante passou a contar com apenas dois raios e a base achatada, potencializando essa orientação das linhas internas que ampliaram a cabine visualmente.
Além do duplo raio do volante, o painel de instrumentos continua redondo, heranças da primeira geração do Fiat 500. A concentração dos comandos em posição elevada, e a não necessidade de um túnel central, deixou livre a área entre os dois bancos dianteiros, configuração que arejou ainda mais o interior.
O painel principal na cor da carroceria e a moldura na cor prata que adorna todo este painel é uma solução de design moderna e sofisticada ao mesmo tempo. Não existem materiais emborrachados revestindo as outras partes, mas os plásticos aparentes são de alta qualidade. O revestimento dos bancos, dos apoios de braço e do volante aparenta boa qualidade e compensam a escassez de superfícies macias ao toque.
A abertura elétrica das portas se repete no interior. Um botão nos puxadores das portas, igual ao usado para a ignição, destrava e abre as mesmas. Dentro dos seus bolsões, existe uma alavanca física para o caso de pane elétrica.
Modelo possui torque e potência quase instantâneos
Design e engenharia à parte, o melhor do 500e está ao volante. Dirigir um elétrico é sempre uma descoberta de soluções que cada montadora encontra para adaptar seu público a essa nova experiência.
No caso do Fiat 500e ela é marcada por sons e música. Ao ser ligado, ficar em “ready”, um breve tema sonoro é emitido, assim como ocorre com outras ações a bordo, quando são ouvidas outras assinaturas sonoras. Essas informações substituem o ruído do motor ou a interrupção do mesmo, por exemplo, uma vez que o motor elétrico é totalmente silencioso.
No princípio do deslocamento, o modelo emite um zumbido externamente que, não por acaso, remete aos sons de carros voadores dos desenhos animados e filmes de nossa infância. Este recurso tem a função de alertar pedestres até o carro atingir 20 km/h. Quando atinge os 25 km/h, pela primeira vez depois de ligado, o tema “Amarcord”, do italiano Nino Rota, é tocado brevemente.
Outra diferença que não passa em branco é a reposta do motor ao pé direito. Com torque e potência quase instantâneos, o Fiat 500e acelera como um esportivo e com uma progressão linear, diferentemente dos motores a combustão que são mais ou menos eficientes, dependendo do regime de rotação em que se encontram. A condução é muito divertida e ágil.
Três programações da intensidade de regeneração da carga das baterias definem modos de condução distintos e influenciam diretamente na autonomia do veículo. No Normal, ao aliviar o pé do acelerador, o carro continua seu deslocamento por inércia, a regeneração é mínima e ela só se acentua quando se pisa no freio. Esse modo apresenta a função creeping, na qual o veículo inicia seu movimento ao liberar o pedal do freio, como em um carro automático comum.
O modo Range habilita a função One Pedal Driving. Nele, o carro só entra em movimento quando o acelerador é acionado. Quando é aliviado, a regeneração da bateria é ativada intensamente, desacelerando o carro.
O sistema interpreta o movimento de liberação do acelerador, considerando a velocidade da ação e o curso do mesmo, modulando com maior ou menor retenção do veículo, permitindo uma condução, praticamente, usando apenas o pedal do acelerador. O pedal do freio só é usado em paradas mais fortes.
No modo Sherpa, a velocidade máxima é limitada a 80 km/h, o acelerador responde mais progressivamente para economizar energia, o ar-condicionado e os sistemas de aquecimento são desligados para reduzir ao mínimo o consumo e, assim, garantir que o condutor alcance o destino definido no sistema de navegação ou a estação de carregamento mais próxima.
Sem o barulho do motor, o ruído dos pneus sobre o asfalto e do vento contra a carroceria ficam mais presentes que o normal. O isolamento acústico do modelo é suficiente para entregar conforto sonoro, tanto no circuito urbano, quanto no rodoviário.
Conforto – Pesado e baixo, o Fiat 500e tem um acerto das suspensões mais rígido, característica que garante uma estabilidade excelente. Seu curto entre-eixos possibilita respostas rápidas da direção, comportamento que faz lembrar um kart.
Contudo, o conforto de marcha se mantém em pisos lisos. Sobre ondulações e asfalto esburacado os pneus e suspensões sofrem com os impactos e transferem vibrações para a cabine.
Ao término da nossa avaliação, o modelo cumpriu a autonomia prometida. Usando 78% da carga da bateria, rodamos 246 km. Neste consumo, chagaríamos aos 315 km com 100% da energia acumulada, apenas 5 km a menos que a especificação da montadora.
Em nossos testes padronizados de consumo pudemos aferir o consumo do Fiat 500e em km/kWh, dado fornecido pelo completo computador de bordo. No teste de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta atingimos 8,4 km/kWh e, na mais rápida, 7,0 km/kWh.
No teste padronizado de consumo urbano, em um circuito de 6,3 km, realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.
O Fiat 500e finalizou este exigente teste com 7,9 km/kWh, uma média melhor que a obtida aos 110 km/h, algo que sinaliza uma maior eficiência no anda e para das cidades em comparação ao atingir e manter velocidades maiores em estradas.
O Fiat 500 sempre cativou mais pela emoção do que pela razão. Agora, elétrico e mais belo do que nunca, ele vai continuar virando a cabeça de muitas pessoas pelas ruas do Brasil e estacionando na garagem dos poucos que podem pagar por um carro tão divertido de guiar.
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