Fiat Titano é uma verdadeira picape média ‘raiz’

A Fiat sempre colheu frutos das suas ousadias. Provavelmente, a safra mais antiga foi a mais rentável. Em 1978, ela lançou a 147 Pick-up, a primeira picape feita a partir de um hatch compacto monobloco.
De lá para cá, o plantio rendeu a Fiorino e a Strada, sucessoras da pioneira e igualmente vencedoras. Não satisfeita, a Fiat investiu na picape intermediária Toro, pouco depois da Renault criar a Oroch.
Ao contrário da francesa, que modificou o SUV Duster para fazer o primeiro modelo intermediário, a Fiat partiu da mesma plataforma do SUV Renegade para fazer uma picape completamente original.

Agora, para figurar no mercado de picapes médias, a Fiat lançou a Titano, modelo sobre chassi, motor a diesel e tração 4×4, padrão desta categoria muito vendida, principalmente no interior do Brasil.
Veículos recebeu a Fiat Titano Ranch 2.2 4X4, com câmbio automático, para avaliação, versão de topo de gama.
Seu preço no site da montadora é R$ 259,99 mil. A cor vermelha da unidade avaliada, e as demais metálicas, acrescem R$ 2,49 mil.
Completa de série, seus principais equipamentos são: ar-condicionado digital de duas zonas com saídas para o banco traseiro; bancos dianteiros com regulagens elétricas; chave presencial com partida por botão; multimídia de 10 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay com fio e GPS Tom Tom; display colorido de 4,2 polegadas; volante multifuncional com ajuste em altura e distância; direção hidráulica; retrovisores com rebatimento elétrico e indicador de direção; estribo lateral; revestimento dos bancos em material sintético que imita o couro e rodas em liga leve diamantadas de 18 polegadas com pneus 265/60 R18.
Em termos de segurança, os destaques são: seis airbags; freios ABS com EDB; controles de tração e estabilidade; controle de movimentação do reboque; sistema de auxílio de partida em rampa; assistente em decidas íngreme; aviso de saída de faixa; monitor de pressão dos pneus; câmera 360°; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sensores de chuva e crepuscular e faróis baixos, DRL e lanterna em LED.
Motor e câmbio
Seu motor a diesel é o mesmo usado na van Ducato. Ele tem quatro cilindros, deslocamento de 2.179 cm³, 16 válvulas e comando duplo no cabeçote tracionado por correia dentada.
Equipado com turbo e injeção direta, atinge potência de 180 cv às 3.750 rpm e o torque chega aos 40,8 kgfm às 2.000 rpm.
Seu câmbio é automático com seis (6) marchas. Sua caixa de transferência permite três modos de tração: 2H (2 High Speed) em que a tração fica 100% nas rodas traseiras; 4H (4 High Speed) tração nas quatro rodas que é utilizada quando o veículo está em terrenos escorregadios e 4L (4 Low Speed) usado quando é necessário maior torque, em baixas velocidades, principalmente em condições severas de off-road.
De acordo com a Fiat a Titano, nessa versão Ranch, leva 12,4 segundos para sair da imobilidade e alcançar os 100 km/h. Ela atinge velocidade máxima de 175 km/h.
Desenho
Típica picape média, a carroceria da Titano segue uma receita básica. Teto, capô e caçamba traçam linhas paralelas que, em conjunto com as laterais verticais, formam o clássico estilo quadrado.
Conjunto de faróis em bloco único ladeando a grade principal e lanternas na horizontal separadas pela tampa basculante da caçamba complementam este design, o mais tradicional em picapes.
Seu interior tem a modernidade do painel horizontal dos utilitários esportivos da Peugeot adaptado à robustez do veículo. Contudo, por dentro, a Fiat Titano é muito parecida com os utilitários esportivos da francesa.
Todas as peças internas são feitas em plástico rígido. Apenas os apoios de braço e os bancos são revestidos. Pelo menos, as portas traseiras também recebem essa mesma área macia.
Diversas texturas, detalhes cromados e peças com pintura imitando superfícies metálicas sofisticam o interior, mas não escondem que essa é uma picape raiz, seus acabamentos são mais simples.
Espaço
Mas, ela é das mais amplas. Sua cabine acomoda cabeça, ombros e pernas de quatro adultos com muito conforto.

Atrás, o túnel central incomoda um quinto adulto, e todos vão com as pernas elevadas, pois o piso é alto, algo comum em picapes montadas sobre chassi, principalmente, nas médias.
Externamente, a Titano também é grande. Seus números são: 5,33 metros de comprimento; 1,96 metro de largura; 1,86 metro de altura e 3,18 metros de distância entre-eixos.
Essa versão Ranch pode transportar até 1.020 kg de carga total e a sua caçamba comporta um volume de 1.211 litros. No tanque de combustível cabem 80 litros.
Pesando 2.150 kg, a Titano Ranch pode rebocar até 3.500 kg em equipamentos com freio. Segundo a Fiat, essa é a maior capacidade de reboque entre todas as picapes médias à venda em nosso mercado.
Off-Road
Para o fora de estrada, a Titano tem 29°de ângulo de ataque, 27° de ângulo de saída e 232 mm de altura livre do solo.
Ela pode se inclinar até 42° e acessar rampas com este mesmo ângulo. Sua capacidade máxima de submersão é de 600 mm, deslocando-se em velocidades de até 10 km/h.
Em relação aos sistemas elétricos da concorrência, a direção hidráulica da Titano é mais pesada, mas, além de ser adequada ao tamanho da picape, ela ganha peso progressivamente, algo raro nas direções elétricas da Fiat.
Algo normal em picapes médias, a direção da Titano esterça pouco, exigindo muito espaço para manobrar. A versão avaliada contava com câmera 360° e sensor de aproximação dianteiro e traseiro.
O aviso de saída de faixa é o único recurso de ADAS da Titano. Básico, ele não faz a correção. Os sensores de chuva e crepuscular são outros recursos de automação desta enxuta lista de tecnologias.
Com vocação para o trabalho, modelo também se dá bem na terra
Rodando, a Titano mostra que é uma picape para o trabalho, já que ela tem um acerto muito rígido das suspensões.
Quando vazia, o conjunto oscila em frequência muito alta, além de não isolar bem a cabine das irregularidades do solo. Essa característica corresponde à robustez geral do projeto.
Quando viajamos com cinco adultos e bagagem, a Titano ficou mais confortável, porém, ela ainda mostrava mais robustez do que maciez na estrada.
Curiosamente, em velocidades maiores, a frequência de trabalho ficava mais baixa e o conjunto transferia menos vibrações para o interior da picape.

Por outro lado, essa carga extra não deixa a carroceria adernar muito. Mesmo sendo de uso misto, os pneus são muito largos e aderem bem em curvas.
Circulando na terra, ela entregou o seu melhor. Passou por estradas com diversos facões e volumosos montes de terra fofa sem tocar o fundo ou perder a aderência. Usamos a tração 4X4 (4H) por todo o caminho.
Silêncio e suavidade
Apesar de ser menos potente e ter torque menor do que os motores das picapes concorrentes, este propulsor, acoplado ao câmbio de apenas seis marchas, não decepciona.
Ele é silencioso para um modelo a diesel e as trocas são suaves para uma caixa que também não é tão moderna.
De sexta marcha, aos 90 km/h, o motor trabalha às 1.600 rpm, e aos 110 km/h, às 2.100 rpm. Nestes regimes de cruzeiro, pouco se ouve o motor, o atrito dos pneus e o arrasto aerodinâmico.
O conforto acústico é bem superior ao de marcha. A calmaria acaba quando é preciso fazer a Titano deslanchar.
Acelerando fundo as marchas são trocadas às 4.200 rpm e o motor confere desempenho melhor do que o esperado para a relação peso/potência de 11,94 kg/cv e peso/torque de 52,7 kg/kgfm.
Os modos de condução Eco, Normal e Sport são funcionais. Eles alteram muito a resposta do motor ao curso do acelerador, assim como o câmbio posterga ou antecipa as trocas de marchas para buscar o melhor consumo, o andar mais equilibrado ou o melhor desempenho, respectivamente.
Consumo
Aferimos o consumo rodoviário da Titano em viagem ao interior de Minas Gerais. Ida e volta, em um total de 400 km, obtivemos marcas distintas.
Com três adultos e bagagem, pegando alguns trechos de lentidão causados por obras, o consumo foi de 11,7 km/l. Mais pesada na volta, com cinco adultos e bagagem, porém sem retenções, atingimos melhor média, de 12,6 km/l.
No teste padronizado de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h e fazemos 20 paradas simuladas em semáforos. A Titano foi muito econômica, marcando 9,8 km/l.
As Fiat Strada e Toro são as melhores em suas categorias. A Titano não tem essa vantagem, sendo o seu preço a arma da Fiat.
A versão Ranch tem o valor das versões intermediárias da concorrência. A intermediária, Volcano, custa o mesmo das de entrada. A Endurance é a cabine dupla, diesel e 4×4, mais barata do Brasil.
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