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HB20 Platinum Plus se destaca na categoria

Hatch da Hyundai, reestilizado na linha 2023, oferece pacote de auxílios à condução incomum entre compactos
HB20 Platinum Plus se destaca na categoria
Crédito: Amintas Vital

Amintas Vidal*

Lançado em 2012, o HB20 foi o primeiro carro compacto que a Hyundai produziu no Brasil. Projetado para ser robusto como o Volkswagen Gol, mas com design clonado do belo Hyundai i30, ele fez muito sucesso em nosso mercado.

O HB20 chegou ao pódio da categoria em 2015. Até 2022, ele foi o líder no fechamento de dois anos, 2º colocado em quatro e 3º em dois anos, de acordo com os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Veículos recebeu o Hyundai HB20 Platinum Plus (2023) para avaliação. No site da montadora ele é oferecido por R$ 119,59 mil. Neste valor a pintura é preta sólida. A branca, também sólida, acresce R$ 700 no valor e, qualquer outra cor, custa R$ 1,6 mil a mais.

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Essa versão é completa de série e os equipamentos diferenciados são: sistema de conectividade remota Blue Link; multimídia de 8 polegadas com espelhamento sem cabo; ar-condicionado digital e automático; carregador de celular por indução; chave presencial e com partida remota do motor; retrovisores rebatíveis eletricamente; sistema stop/start e bancos com revestimento misto, tecido e material sintético que imita o couro.

Em termos de segurança, o HB20 Platinum Plus está entre os compactos mais equipados do mercado.

Seu grande destaque são os recursos do sistema Adas (Advanced Driver Assistance Systems).

Ele conta com detector de colisão eminente e frenagem autônoma de emergência capaz de identificar carros, ciclistas e pedestres; assistente de centralização e de permanência em faixa; alerta de presença em ponto cego; alerta de tráfico cruzado traseiro com frenagem autônoma; alerta de saída segura da cabine e farol alto adaptativo.

Completando a segurança temos: seis airbags; controles de estabilidade e tração; monitoramento de pressão dos pneus; assistente de partida em rampa; detector de fadiga do motorista; DRL e lanternas em LED; alerta de presença no banco traseiro; sensores crepuscular e de aproximação traseira com câmera de marcha à ré.

Motor e câmbio

Seu motor é o Kappa 1.0 Turbo GDI. Bicombustível, ele tem bloco de três cilindros, injeção direta, duplo comando de válvulas acionado por corrente com variação de abertura, tanto na admissão como no escape.

Ele desenvolve 120 cv às 6.000 rpm e tem torque de 17,5 kgfm às 1.500 rpm, com etanol ou gasolina.
O câmbio é automático convencional com seis (6) marchas e conversor de torque. Ele permite comutação manual das marchas na alavanca de câmbio ou nas aletas atrás do volante.

Na linha 2023, o HB20 foi reestilizado. O hatch recebeu mudanças externas mais extensas e internas mais leves. Agora, a nova grade, hexagonal e mais alta, elevou a frente do modelo.

Também inéditos, para-choque mais retilíneo, faróis retangulares, capô marcado por vincos e para-lamas dianteiros com linhas mais paralelas ao piso completaram as mudanças na parte da frente.

Lateralmente, houve somente a adoção de novas rodas diamantadas de 16 polegadas para as versões com motor turbo. Atrás, o para-choque também é novo e igualmente retilíneo.

Agora, as novas lanternas são interligadas e formam uma peça contínua de um extremo ao outro, certamente, a mudança mais impactante.

Esse conjunto tem um volume tridimensional e avança para fora da tampa do porta-malas. Mas, ao contrário do sedan, no hatch apenas as lanternas são iluminadas por LEDs, a faixa ao centro não acende.

Interior

Internamente, as mudanças foram menos radicais. O quadro de instrumentos totalmente digital presente nas duas versões mais caras é a grande novidade.

No hatch as tonalidades são escuras, variações de preto e cinza escuro nos painéis e revestimentos. Peças em preto brilhante e detalhes metalizados formam um conjunto com alta qualidade interna percebida.
Bancos e apoios de braços das portas são revestidos, tanto na frente quanto atrás, algo raro na categoria. O revestimento predominantemente escuro mistura tecido listrado e canelado com material sintético que imita o couro, combinação que deixa a versão jovial.

O espaço interno no HB20 é justo. Quatro adultos têm boa área para pernas, ombros e cabeças. Atrás, ao centro do banco, só uma criança viaja bem acomodada, pois o modelo não é tão largo para receber cinco adultos com conforto.

O HB20 tem 4,01 metros de comprimento; 2,53 metros de distância entre-eixos; 1,72 metro de largura e 1,47 metro de altura. Ele é um compacto tradicional, não avantajado, como são alguns concorrentes.
Seu porta-malas tem 300 litros de capacidade e o tanque de combustíveis comporta bons 50 litros. Sua carga útil é de 423 kg e ele pode rebocar até 400 kg, em equipamentos com ou sem freio.

Ergonomia

A ergonomia na cabine é acertada. Os ajustes de altura e distância do volante, assim como as regulagens de altura do banco e do cinto de segurança, garantem uma postura correta ao motorista.

Os equipamentos de bordo estão bem posicionados, não exigem grandes deslocamentos dos braços para serem alcançados e possuem botões físicos para serem operados: giratórios para os comandos principais e de pressão para os secundários, arquitetura ideal.

O ar-condicionado é eficiente em tempo de resfriamento, manutenção da temperatura e ruído de funcionamento. Basicamente controlado por apenas dois botões giratórios e um de pressão, ele permite o uso cego, o mais seguro.

Poder regular a intensidade da refrigeração em três níveis, quando operando em AUTO, é um diferencial deste sistema. Não ter saídas de ar para o banco traseiro é uma limitação.

Crédito: Amintas Vital

Multimídia

O multimídia tem tela pequena para os tempos atuais, mas em brilho, definição e sensibilidade ao toque ela está na média da concorrência.

Porém, diferente da maioria, existem muitos botões físicos de atalhos pra acessar páginas do sistema ou controlar o áudio, algo que ajuda muito na usabilidade.

O sistema de multimídia tem funções raras, como gravador de voz para registro de lembretes e ativação da câmera de ré em deslocamento para frente, útil para quem usa reboque.

Também é possível acionar e monitorar o carro pelo celular usando o aplicativo Blue Link. Poder ligar e desligar o motor remotamente ou controlar a velocidade e o trajeto de um manobrista são recursos úteis para o dia a dia.

O quadro de instrumentos é um conjunto formado por uma tela central, marcadores digitais e arcos luminosos no formato do cluster.

Na tela, as páginas do computador de bordo apresentam dados múltiplos e com números legíveis, além de outras informações do veículo, como as do Adas.

Velocidade e rotação do motor são mostradas em números digitais em destaque. No caso da rotação, falta uma casa decimal para uma indicação mais precisa.

Os arcos luminosos se ascendem conforme a rotação é elevada ou ficam vermelhos e piscam ao alertar para uma colisão eminente.

Como o carro tem muitos equipamentos embarcados, existem doze controles no volante e outros diversos nas hastes satélites, exigindo algum tempo de adaptação. O Adas traz os recursos mais importantes, mesmo não sendo completo.

Tecnologias

A detecção de colisão eminente com frenagem autônoma emergencial e o alerta de presença em ponto cego formam a dupla mais importante destes equipamentos de auxílio à condução semiautônoma, em nossa opinião.

Estes dois sistemas usam avisos visuais e sonoros, ambos progressivos em intensidade conforme o aumento do risco, programação correta.

Ainda existe a detecção de saída de faixa e o centralizador nas mesmas, duplo recurso que também consideramos de suma importância.

No HB20 ele é conservador, atua antecipadamente nas correções. O modelo não conta com o controle de cruzeiro adaptativo, mas os principais estão presentes.

Além destes, existem três recursos bem raros no segmento. O primeiro é o detector de tráfico cruzado traseiro.

Em uma saída em marcha à ré de um estacionamento, por exemplo, ele freia o carro automaticamente, caso detecte outro veículo na perpendicular e em movimento, evitando a colisão.

O segundo recurso é um alerta de tráfego paralelo, que identifica veículos trafegando nas laterais quando as maçanetas internas das portas são acionadas, evitando colisões com as portas ou o atropelamento dos ocupantes ao desembarcarem do veículo.

Por fim, o terceiro recurso nós utilizamos de maneira proposital. Parados em um semáforo, deixamos o carro da frente seguir quando este se abriu e ficamos parados.

O sistema soou um bip avisando que estávamos “distraídos”. Ele é ótimo para pessoas que usam o celular no trânsito quando o fluxo para.

Ao estacionar, o sensor de marcha à ré e a câmera ajudam na manobra, apesar das guias de orientação não serem dinâmicas e a definição da imagem não ser tão alta. Por sua vez, a direção elétrica é muito leve, ajudando nessa operação.

Acerto do conjunto motor e câmbio é o grande destaque do modelo

Em velocidades intermediárias e altas, a diminuição da assistência elétrica no Hyundai HB20 Platinum Plus (2023) também é correta, sendo progressiva. Ela deixa o peso da direção confortável e suficientemente segura em uma condução responsável.

O acerto das suspensões é um pouco mais rígido, garantindo estabilidade para o bom desempenho que descreveremos a seguir.

Mesmo assim, elas isolam a carroceria das irregularidades do piso, o necessário para o modelo não ser desconfortável.

Mas, nos trechos mais irregulares, a estrutura do HB20 aparentou sofrer com torções, condição sinalizada por ruídos provenientes dos painéis.

Nos obstáculos maiores, sentimos que o curso das suspensões é curto, chegando facilmente ao batente.

Mas, a altura do solo é boa, o carro não raspa em lombadas e entradas de garagens.

Essa versão pesa 1.110 kg, já abastecida. Sendo assim, ela tem relação peso/potência de 9,25kg/cv, carga que garante um desempenho muito bom para um carro sem pretensão esportiva.

Desempenho

A Hyundai é conservadora nos números. Ela divulga que essa versão acelera de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos e atinge velocidade máxima de 190 km/h.

Entretanto, testes publicados na internet mostram que ela cumpre a primeira tarefa bem mais rápido, em 9,0 segundos, uma marca respeitável.

Entre todas as qualidades do modelo, a que mais se destaca é o acerto do conjunto motor câmbio. Ele entrega um ótimo equilíbrio, permite um andar econômico e, também, responde com vigor a uma condução mais esportiva.

A falta da segunda casa decimal no conta-giros não ajuda, mas, aparentemente, aos 90 km/h o motor trabalha às 1.950 rpm e, aos 110 km/h, às 2.400 rpm, regimes baixos e que favorecem a economia de combustível. Nessas condições, o ruído aerodinâmico predomina sobre o dos pneus e do motor.

Inclusive, nas decidas mais íngremes e longas em estradas, é perceptível a retenção do modelo, pois ele não embala muito por inércia, quando não há curso no acelerador. Mas, o conforto acústico está na média da categoria.

Quando aceleramos forte, o motor sobe de giro rápido, troca as marchas com precisão e entrega um desempenho convincente. Não dá para considerá-lo um esportivo, mas vai além do esperado para um carro com vocação familiar.

Exigindo o máximo deste elástico motor, o câmbio estica as marchas até às 6.200 rpm, antes de trocá-las.

Usando as aletas, é possível ter maior controle sobre as trocas, mais nos avanços das marchas, pois o sistema é conservador e não faz reduções que elevem o giro próximo ao regime máximo de segurança.

Mesmo assim, o uso das aletas para colocar o carro em freio motor é muito útil. Além de diminuir o desgaste das pastilhas e discos de freio, contribui com o bom consumo do modelo.

Consumo

Circulando apenas com etanol no tanque, o HB20 se mostrou bem econômico. Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Na volta mais lenta atingimos 15,2 km/l. Na mais rápida, 13,1 km/l. No circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km.

Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos.Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.

Nessas condições, o HB20 finalizou o teste com 8,9 km/l de etanol. O sistema stop/start funcionou perfeitamente em todas as paradas, contribuindo para este bom resultado.

O HB20 Platinum Plus está entre os hatches mais completos e mais caros. Ele é uma opção para quem quer ter as tecnologias mais avançadas em um carro com este tipo de carroceria, já que são recursos mais comuns em utilitários esportivos.

*Colaborador

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