Hyundai HB20S sobrevive em um segmento cada vez mais restrito

Hatches e sedans compactos já dominaram o mercado de carros de entrada no Brasil. Gradualmente, os hatches estão ficando com cara de SUVs enquanto, os sedans são substituídos por utilitários esportivos (SUV) coupé, já que estes também comportam grandes volumes em seus porta-malas.
Entre os que ainda não foram substituídos, o Hyundai HB20S oferece tecnologias raras, recursos que os sedans compactos concorrentes e, até mesmo, estes utilitários esportivos que estão chegando não oferecem.
Veículos recebeu o Hyundai HB20S Platinum Safety para avaliação, versão de topo da gama. No site da montadora ela é oferecida por R$ 135,31 mil.
Neste preço a pintura é preta sólida. A branca, também sólida, acresce R$ 900 e todas as outras cores custam R$ 1,70 mil a mais.
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Completa de série, os equipamentos diferenciados desta versão são: sistema de conectividade remota Blue Link; multimídia de 8 polegadas com espelhamento sem cabo; ar-condicionado digital e automático; carregador de celular por indução; chave presencial com abertura do porta-malas por aproximação e partida remota do motor; retrovisores rebatíveis eletricamente; sistema stop/start e bancos revestidos com material sintético que imita o couro, perfurado, na cor cinza claro.

Os recursos do sistema Adas (Advanced Driver Assistance Systems) se destacam nessa versão. Ele conta com alerta de colisão eminente e frenagem autônoma de emergência; assistente de permanência e centralização em faixa; alerta de presença em ponto cego; alerta de tráfico cruzado traseiro com frenagem autônoma; alerta de saída segura quando as portas são abertas e farol alto adaptativo.
Completando a segurança, temos: seis airbags; controles de estabilidade e tração; monitoramento de pressão dos pneus; assistente de partida em rampa; detector de fadiga do motorista; DRL e lanternas em LED; alerta de presença no banco traseiro; sensores crepusculares, de marcha à ré e câmera traseira.
Motor e câmbio
Seu motor é o Kappa 1.0 Turbo GDI. Ele tem bloco de três cilindros, injeção direta, duplo comando de válvulas acionado por corrente com variação de abertura, tanto na admissão como no escape.
Ele desenvolve 120 cv às 6.000 rpm e tem torque de 17,5 kgfm às 1.500 rpm, seja com etanol ou gasolina.
O câmbio é automático convencional com seis marchas e conversor de torque. Ele permite comutação manual das marchas na alavanca de câmbio ou nas aletas atrás do volante.
Interior
O quadro de instrumentos totalmente digital presente nas versões mais caras é a grande novidade.
Cores e texturas dos materiais de revestimento também são novas, assim como as cores dos painéis e outras peças internas.
O HB20S recebeu cores claras, tons de cinza, e o hatch adotou a cor preta. Nessa versão Platinum Safety o cinza médio predomina em todos os painéis (partes rígidas), enquanto o cinza claro está presente em todos os revestimentos (partes macias ao toque).

Outras peças em preto brilhante e detalhes metalizados formam um conjunto com ótima qualidade interna percebida.
O espaço na cabine da linha HB20 é o mesmo para os dois modelos. Quatro adultos têm boa área para pernas, ombros e cabeças, sem sobras.
Atrás, ao centro do banco, só uma criança viaja bem acomodada, pois os modelos não são tão largos para receberem cinco adultos com conforto.
Números
O HB20S tem 4,32 metros de comprimento, 31cm a mais do que o hatch, praticamente, a única medida diferente entre os dois modelos.
Este alongamento da carroceria permite um porta-malas de 475 litros, 175 litros a mais do que no HB20. Em ambos, o tanque de combustíveis comporta 50 litros.
O ar-condicionado é eficiente em tempo de resfriamento, manutenção da temperatura e ruído de funcionamento.
Controlado por dois botões giratórios e cinco de pressão, ele permite o uso cego, o mais seguro. Não ter saídas de ar para o banco traseiro é a sua única limitação.
Multimídia
O multimídia tem tela pequena para a atualidade, mas, em brilho, definição e sensibilidade ao toque, ela está na média da concorrência.
Porém, diferente da maioria, existem muitos botões físicos de atalhos pra acessar páginas do sistema ou controlar o áudio, algo que ajuda muito na usabilidade.
Seu sistema tem muitos recursos úteis para o dia a dia, inclusive, alguns que podem ser operados pelo aplicativo Blue Link.
Ele permite ligar e desligar o carro remotamente, bem como controlar velocidade e trajeto de um manobrista, por exemplo, tudo pelo celular.
O quadro de instrumentos é um conjunto formado por uma tela central, marcadores digitais e arcos luminosos no formato do cluster.
Na tela, as páginas do computador de bordo apresentam dados múltiplos e com números legíveis, além de outras informações do veículo, como as do Adas.
Como o carro tem muitos equipamentos embarcados, existem doze controles no volante e diversos outros nas hastes satélites, exigindo algum tempo de adaptação. O Adas traz os recursos mais importantes, mesmo não sendo completo.
Sistema de auxílio à condução é bem completo e apresenta recursos raros no segmento
Adas
A detecção de colisão iminente com frenagem autônoma emergencial e o alerta de presença em ponto cego formam a dupla mais importante entre os equipamentos de auxílio de condução.
Estes sistemas usam avisos visuais e sonoros, ambos progressivos em intensidade conforme o aumento do risco.
Ainda existe a detecção de saída de faixa com centralização nas mesmas, recurso que consideramos o terceiro mais importante. No HB20S ele é preciso e, inclusive, busca a tangência da curva em algumas intervenções.
Tivemos a oportunidade de testar três dos recursos mais raros neste segmento. O primeiro é o detector de tráfico cruzado traseiro. Em uma saída em marcha à ré de um estacionamento ele freou bruscamente o carro e evitou uma colisão, pois não vimos que descia outro carro que estava oculto pela coluna “C” do sedan.
O segundo e o terceiro utilizamos de forma proposital. Parados em um semáforo, deixamos o carro que estava à frente seguir, quando o sinal abriu, e ficamos parados.
O sistema soou um bip avisando aos “distraídos”. Este recurso é ótimo para pessoas que usam o celular no trânsito quando o fluxo para, por exemplo.
Monitorando pelo retrovisor externo, aguardamos a aproximação de um veículo e iniciamos a abertura da porta. Imediatamente soou um alarme estridente avisando sobre o risco de colisão. O conjunto de segurança desta versão é realmente diversificado.
Sensor
O sensor de marcha à ré e a câmera ajudam a amenizar a baixa visibilidade traseira, apesar das guias de orientação não serem dinâmicas e a definição da imagem na tela não ser tão alta.
A direção elétrica também ajuda em manobras, pois ela fica muito leve ao esterçar. Em velocidades intermediárias e altas, o sistema perde a assistência menos progressivamente que o ideal, o volante fica mais pesado que o necessário, mas garante a segurança direcional nessas condições mais perigosas.
O acerto das suspensões é um pouco rígido para um carro tão leve. Elas garantem estabilidade e controle direcional, mas trabalham em frequência mais alta, um comportamento relativamente esportivo para um sedan compacto.
Mesmo assim, sobre pisos irregulares, este conjunto funciona em silêncio e não transfere muitas vibrações para a cabine.

Mas, nos trechos mais esburacados, a estrutura do HB20S aparentou sofrer com torções, condição sinalizada por ruídos provenientes dos painéis.
Esperto
Ao sair da inércia, o HB20S é dos mais espertos. Sua turbina enche rápido, o giro sobe em seguida e ele desloca com vigor.
O pedal do acelerador é pesado, apresenta maior resistência do que o normal, algo que acaba contribuindo para arrancadas mais esportivas, inicialmente. Porém, com o tempo, acostuma-se.
Acelerando suavemente, o câmbio comuta as marchas prematuramente e sem trancos, mantendo as rotações baixas e deixando o carro deslocar por inércia, menos que os seus concorrentes mais pesados, é certo, mas o suficiente para ele ser econômico.
Usar as aletas para segurar o carro em freio motor também ajuda na economia, mas sua programação é conservadora, não permite reduções agressivas, mais esportivas, comportamento que combinaria muito com suas acelerações e retomadas propiciadas por seu baixo peso.
Avaliamos o HB20S, em 2023, com o mesmo conjunto mecânico e abastecido com gasolina. Agora, os testes foram realizados com etanol no tanque.
Consumo
Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta atingimos 19,4 km/l e 14,5 km/l. Na mais rápida, 16,4 km/l e 12,5 km/l com gasolina (2023) e etanol (2025), respectivamente.
No circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.
Nessas condições pouco favoráveis, o HB20S finalizou o teste com 10,8 km/l de gasolina e 6,9 km/l de etanol. O sistema stop/start funcionou perfeitamente em todas as paradas, contribuindo para estes bons resultados.
Os sedans compactos estão sucumbindo aos SUVs, assim como foram eliminados os sedans médios de quase todas as linhas das montadoras generalistas.
Entre os modelos remanescentes, o HB20S se mantém com apenas duas versões aspiradas com câmbio manual e duas turbo com câmbio automático.
O Hyundai HB20S Platinum Safety 2026 está entre os sedans compactos mais caros do mercado, mas traz equipamentos que os seus concorrentes não oferecem e, até mesmo, a maioria dos SUVs.
Para quem sabe apreciar o conforto e a estabilidade superior dos sedans, essa versão supera quase todos os veículos utilitários esportivos compactos quando o assunto é tecnologia embarcada.
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