Veículos

Jetta GLI é verdadeiro esportivo em ação

Sedan, lançado para substituir a versão Highline 2.0 TSi, conta com motor 2.0 turbo capaz de render 231 cv de potência
Jetta GLI é verdadeiro esportivo em ação
Crédito: Amintas Vidal

AMINTAS VIDAL*

Importado do México, o sedan esportivo Jetta GLI 350 TSi foi lançado em 2019 para substituir a versão Highline 2.0 TSi, que era montada na Argentina e não tinha grandes modificações estéticas em relação às variantes 1.4 produzidas até 2018.

Em 2021, a GLI passou a ser a única versão do Jetta vendida no Brasil. Ano passado, ela sofreu uma leve reestilização e recebeu algumas modificações mecânicas e aprimoramentos em equipamentos de bordo.
Neste mar de SUVs em que se transformou o nosso mercado, o Jetta GLI é um alento para quem gosta de carro esportivo de verdade.

Veículos recebeu o Jetta GLI 350 TSi para avaliação. No site da montadora ele é oferecido por R$ 232,39 mil. Este é o seu valor na cor branca sólida.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


A cinza, também sólida, acresce R$ 800 ao preço final, as metálicas somam R$ 2 mil e, a preta perolizada, R$ 2,2 mil.

Completo de série, seus equipamentos diferenciados são: teto solar elétrico; sistema de ambientação luminosa em LED; banco do motorista com ajustes elétricos e três memórias; ar-condicionado digital com duas zonas; multimídia VW Play com tela de 10,1 polegadas; quadro de instrumentos digital de 10,25 polegadas e carregador de celular por indução eletromagnética.

Em termos de segurança, os destaques são: sistema ADAS (Advanced Driver Assistance Systems); seis airbags; faróis e lanternas em LED; sensores de chuva e crepuscular e retrovisores externos com aquecimento anti-embaçamento.

Motor e câmbio

O motor do Jetta GLI é o EA888. Usado por todo o grupo Volkswagen, inclusive em modelos da Audi, ele é monocombustível à gasolina, tem bloco com quatro cilindros, 2.0 litros, é turbo alimentado e, ao ser adaptado às novas normas de emissões em 2022, passou a contar apenas com injeção direta.

Antes eram oito bicos injetores, pois também existiam quatro indiretos. Mesmo assim, ele ganhou 1 cv de potência, registrando 231 cv às 5.000 rpm e torque máximo de 350 Nm (35,7kgfm) às 1.500 rpm.
Acionado por corrente, seu comando é duplo no cabeçote, tem 16 válvulas e permite variação de abertura na admissão e na exaustão.

A transmissão automatizada é nova. Mudou da de 6 marchas para a de 7 marchas. Ambas têm dupla embreagem banhada a óleo, sistema mais resistente que os antigos câmbios automatizados a seco da Volkswagen que apresentavam ruídos ao trafegar sobre pisos ruins.

Design

Crédito: Amintas Vidal

Em relação ao antigo Jetta Highline 2.0 TSi, o GLI já tinha um visual bem mais diferenciado, mostrando ser a versão esportiva do modelo.

Agora, após a reestilização de 2022, sua identidade esportiva ficou ainda mais marcante. Novas molduras nas aberturas do para-choque dianteiro, sendo duas em preto brilhante e duas em vermelho, independentemente da cor da carroceria, distinguiram a versão, tornando-a inconfundível.

O para-choque traseiro também é novo. A parte inferior em plástico sem pintura foi ampliada, ganhou textura em colmeia e recortes salientes nas saídas duplas do escapamento.

As novas ponteiras deste sistema de exaustão são ovais e bem mais encorpadas, lembrando as de modelos esportivos de marca premium.

O emblema GLI, e o friso vermelho que interliga os faróis, ganharam pequena modificação, e a nova marca da Volkswagen foi aplicada ao modelo pela primeira vez.

Lateralmente, só o desenho das rodas é novo, e elas mantêm a mesma medida: 225/45 R18.

Interior

Internamente, o Jetta GLI recebeu os equipamentos mais atuais da marca: o volante com botões de comando iluminados que se “apagam” quando o carro está desligado, a manopla em que as posições do câmbio são indicadas por iluminação na mesma e a central multimídia VW Play que foi desenvolvida para o Nivus e vem sendo adotada em outros modelos da marca.

Crédito: Amintas Vidal

A régua plástica que dá acabamento ao painel e às portas dianteiras ganhou padrão gráfico rajado em vermelho sobre preto brilhante, combinação que ficou esportiva e sofisticada ao mesmo tempo.
O volante e a manopla de câmbio ganharam detalhes em vermelho, mesma cor das costuras aparentes usadas no material sintético que imita o couro preto perfurado e reveste bancos, volante, encostos e apoios de braços.

No mais, a cabine mantém a mesma cor cinza nos revestimentos dos painéis e portas que é feito com material macio ao toque na parte da frente. Mas tudo é rígido atrás, diferença que deixa a aparência traseira interna muito pobre em relação ao requinte frontal.

Inclusive, parte das portas traseiras não é revestida por peça plástica, deixando a cor da carroceria aparente.

Ergonomia

Construído sobre a ótima plataforma MQB, o Jetta é um sedan médio com bom espaço interno e ergonomia acertada.

Quatro adultos têm espaço de sobra para pernas, ombros e cabeças. Atrás, no meio, só uma criança vai com conforto, pois o túnel central é alto e largo.

O banco do condutor pode ser regulado mais baixo, posição que combina com a esportividade da versão. Ele fica alinhado com os pedais e a coluna de direção, conectando o “piloto” à estrutura e aos comandos do Jetta.

Com memórias para as regulagens elétricas, este assento garante conforto e posicionamento correto para até três motoristas diferentes.

Todos os equipamentos de bordo ficam à mão e quase todos têm botões físicos, rotativos para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.

O ar-condicionado de dupla zona tem comandos replicados na central multimídia. Ele é eficiente em tempo de resfriamento, manutenção de temperatura e ruído de ventilação. Não ter saídas de ar para o banco traseiro é o seu único defeito.

Multimídia

O VW Play tem a melhor tela do mercado. Nítida, clara e sensível, ela impressiona visualmente.
Seus grafismos são muito elaborados, evidenciando que este sistema foi desenvolvido integralmente pela marca. Mas, em nossa semana de avaliação, ocorreram algumas instabilidades no espelhamento que atrapalharam a uso cotidiano.

O quadro de instrumentos digital é muito configurável, igualmente nítido e com ícones bem desenhados.
Além de exibir os mostradores básicos e o completo computador de bordo ao centro, essa posição pode ser usada para indicar algumas funções do Adas.

O Adas não é completo, pois não tem indicação de saída de faixas e nem centralização nas mesmas.
Mas, o controle de cruzeiro adaptativo, o aviso de colisão eminente com frenagem autônoma de emergência, o detector de ponto cego e o de tráfico traseiro, bem como a comutação automática do farol alto formam um conjunto que auxilia a condução com muita precisão em todos estes recursos, tanto em estradas quanto no trânsito urbano.

Conjunto da suspensão garante conforto do sedan Volkswagen

Tecnologias auxiliares à parte, a dinâmica e o desempenho do Jetta GLI são as suas grandes virtudes. A direção é direta e ganha peso adequadamente para tornar segura a condução esportiva.
Em manobras de estacionamento ela é leve o suficiente para ser confortável. Os sensores de aproximação dianteiros e traseiros amenizam a baixa visibilidade do modelo.

As suspensões são robustas e firmes, trabalham em silêncio e garantem muita estabilidade a um carro comprido (4,48 metros), largo (1,80 metro) e pesado (1.476 kg).

Elas trabalham abafando os impactos das irregularidades dos pisos, mas é perceptível que o acerto esportivo sobrecarrega os pneus e o próprio sistema.

Mesmo assim, o Jetta GLI ainda é um carro confortável, considerando o tanto que sua carroceria não aderna em curvas e ele permanece neutro, sem tendência em sair de frente ou traseira.

Desempenho

Toda essa calibração não faria sentido se o desempenho do Jetta GLI não fosse tão esportivo. O motor turbo e o câmbio automatizado de sete marchas formam um dos melhores conjuntos que já avaliamos.
O giro do motor sobe muito rapidamente, quase sem delay, assim como as trocas são rápidas e muito precisas, despejando nas rodas mais torque do que os pneus e a tração dianteira conseguem transformar em deslocamento.

Na primeira arrancada mais forte, os pneus cantam e as suspensões trepidam, indicando que um asfalto mais aderente, sem remendos, era o mais indicado para a nossa avaliação. Sendo assim, só provocamos a fera em trechos do nosso circuito em que o piso estava perfeito.

Com uma relação de apenas 6,39 kg por cv, o GLI atinge 100 km/h em apenas 6,7 segundos e chega, segundo a VW, aos 249 km/h, números que só modelos de marca premium atingem.

Existe um seletor de modos de condução que intensifica a performance, prioriza a economia de combustível ou equilibra essas características.

Além das alterações automáticas que essas seleções trazem, é possível modificar alguns parâmetros em página dedicada no multimídia. No modo Sport, um sistema amplifica do ruído do motor na cabine, algo muito divertido.

Consumo

Circular economicamente com esse Jetta é difícil, pois ele instiga o condutor acelerar forte.
Em estradas ele fica solto, aproveitando bastante o deslocamento por inércia, isso, quando se consegue segurar o pé direito. As longas relações do conjunto mecânico ajudam na eficiência energética.

Aos 90 km/h e de sétima marcha, o motor trabalha às 1.400 rpm. Aos 110 km/h e na mesma última marcha, a rotação fica em 1.900 rpm.

Em ambas condições não se ouve o motor, pouquíssimo do arrasto aerodinâmico e apenas o ruído de atrito dos pneus invade a cabine, principalmente quando o porta-malas de 510 litros está vazio, pois ele se torna uma caixa amplificadora das vibrações decorrentes de todo o acerto esportivo desta versão do Jetta.

Para um carro tão esportivo essa versão, que só usa gasolina, foi até econômica. Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Na volta mais lenta atingimos 16,8 km/l. Na mais rápida, 15,3 km/l. Essa pequena diferença de consumo entre as duas velocidades indica que na mais rápida o deslocamento por inércia fica mais eficiente.
Em nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.

Nessas condições severas, o Jetta GLI finalizou o teste com 8,7 km/l. O sistema stop/start funcionou perfeitamente em todas as paradas, contribuindo para o bom resultado.

Não existe em nosso mercado nenhum outro carro de marca não premium que seja tão esportivo.
Mesmo com preço em uma faixa que abrange todos os SUVs compactos e a maioria dos médios, segundo revendedores Volkswagen, as unidades do Jetta GLI já chegam vendidas às concessionárias e existe fila de espera pelo modelo. (AV)

*Colaborador
Leia essa e outras matérias no blog: www.dcautoblog.com

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas