Kardian mostra como será a cara da nova Renault no Brasil

Após duas grandes fases no Brasil, uma produzindo modelos da Europa Ocidental e, a outra, projetos da Europa Oriental, a Renault está começando sua terceira fase nacional, a da pós-pandemia.
Ao completar 25 anos como montadora local, em 2023 ela iniciou a importação do elétrico Megane E-Tech, crossover que ostenta a atual linguagem de design da marca, mas é um modelo de nicho.
Agora, para mostrar a sua cara e expor essa nova fase nas ruas, a Renault está lançando um carro totalmente inédito, o Kardian, um SUV compacto nacional de grande volume de produção.
Entre inúmeras inovações, o Kardian está estreando a nova marca da Renault em um modelo brasileiro, assim como a versátil plataforma RGMP, o motor 1.0 turbo e o câmbio automatizado.
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O SUV já é produzido no Complexo Ayrton Senna, localizado em São José dos Pinhais (PR), planta referência em tecnologia da indústria 4.0, única da América Latina reconhecida pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) como o “Farol da 4ª Revolução Industrial Avançada”.
O Kardian é o primeiro veículo do Renault International Game Plan 2027, o plano estratégico para os mercados internacionais, anunciado em outubro de 2023 pelo CEO global da marca, Fabrice Cambolive. Até 2027, serão lançados outros sete novos modelos dentro deste mesmo projeto.

Além da nova marca da Renault, a Nouvel R, o Kardian traz outros elementos do atual DNA da francesa, alguns de carros elétricos. Inspirados no tradicional losango, a grade frontal exibe aberturas em formato de “diamantes em 3D”, detalhes feitos em preto brilhante na versão Première Edition.
Design
Ainda na dianteira, a assinatura luminosa tem dois módulos de cada lado. O superior apresenta uma faixa estreita com os faróis de rodagem diurna (DRL) e os piscas, ambos em LED.
O módulo inferior tem os faróis e os faróis de neblina em full LED, somente na versão de topo da gama.
Na traseira, fechando o conjunto luminoso, as lanternas descrevem dois “C” contrapostos e ressaltados da carroceria, assinatura que é mais tradicional nos faróis dos modelos à combustão da marca.
Se este novo design será a imagem desta mudança, a grande diferença entre o Kardian e os atuais carros nacionais da Renault não é visível. O Kardian competirá no segmento B-SUV.
Plataforma
O modelo é primeiro veículo produzido no Brasil construído sobre a base global Renault Group Modular Platform (RGMP).
Plataforma flexível, ela permite o desenvolvimento de projetos com comprimentos entre 4,0 e 5,0 metros, quatro dimensões de entre-eixos, entre 2,6 e 3,0 metros, e três medidas para a seção traseira, versatilidade que dará origem a modelos dos segmentos B, C e LCV (veículo comercial leve).
Essa base poderá receber sistemas de propulsão convencionais (monocombustível ou flexível) ou híbridos E-Tech (híbrido leve, 100% híbrido e do tipo plug-in), com torque entre 200 e 370 Nm.
Ela também permite a aplicação de avançadas tecnologias de assistência ao condutor (ADAS).
Sob o slogan “Kardian é a mudança que muda tudo”, temos um SUV originado de um hatchback, assim como o Fiat Pulse e o Volkswagen Nivus, dois dos seus principais concorrentes.
Seu ponto de partida é o Dacia Sandero, modelo romeno que está uma geração à frente do finado Renault Sandero nacional.
Da carroceria original, somente as colunas “A”, o teto e os vãos das portas são iguais. Todas as outras partes externas foram reprojetadas para encorpar o Kardian.
Alterações
O capô foi elevado e vincado, ficando visível de dentro do carro e robusto, recurso primário de design nessas transformações de hatches.
Acompanhando essa elevação, para-choque e para-lamas dianteiros, grades e faróis receberam o “DNA elétrico” da Renault, como informamos no início do texto.
No caso do Kardian, as cinco portas, o para-choque e os para-lamas traseiros foram redesenhados, ampliando a percepção de tamanho do modelo.
No mais, barras de teto e acabamentos em plásticos sem pintura circundando toda a carroceria fecham a caracterização de SUV do Kardian.
Essas barras longitudinais podem ser reposicionadas na transversal, permitindo o transporte de carga sem a necessidade de acessórios comprados à parte.
Assim como o design da dianteira, as rodas do Kardian são espelhadas nos elétricos da Renault, têm o desenho mais elaborado, plano e fechado.
Números
O Kardian tem 4,12 metros de comprimento; 1,75 metro de largura e 1,54 metro de altura. Seus ângulos de ataque e saída são de 20° e 36°, respectivamente, e ele tem 20,9 cm de vão livre.
O entre-eixos tem 2,60 metros, um dos maiores do segmento. O porta-malas comporta um bom volume (358 litros) e o tanque de combustíveis é grande para um compacto, com 50 litros.
Interior
Internamente, as mudanças foram menos radicais. O painel principal foi redesenhado, recebeu saídas de ar mais elegantes e acabamento mais sofisticado ao centro.
O console central foi modificado na frente e alongado para trás, ganhou comando de marchas e-shifter e freio de mão acionado por tecla.
Quadro de instrumentos digital, iluminação ambiente customizável, painéis das portas redesenhados e revestimentos mais elaborados são outras evoluções do Kardian em relação ao Dacia Sandero.
Estratégia de marketing, a Renault divulgou que o Kardian tem 13 dispositivos avançados de assistência ao motorista (ADAS).
Na verdade, ela considerou todos os sistemas eletrônicos de segurança importantes na condução, mas, realmente, só alguns fazem parte desta sigla.
Sistemas
O Kardian traz cinco sistemas avançados: controle de velocidade adaptativo (ACC); alerta de colisão frontal (FCW); frenagem automática de emergência (AEB); alerta de distância segura (DW) e alerta de ponto cego (BSW).
Dos oito restantes, os relevantes são: câmera multiview; sensores de estacionamento dianteiro e traseiro; sensor crepuscular e assistente de partida em rampa (HSA).
As versões do Kardian são muito bem equipadas, mas só a Première Edition (topo de linha) traz todos estes sistemas.
Motor e câmbio
Falando em versões, todas são equipadas com o motor 1.0 turbo e o câmbio automatizado de dupla embreagem em caixa úmida.
O novo motor turbo TCe 1.0 flex faz parte da mesma família do motor turbo TCe 1.3 flex, desenvolvido em parceria com a Daimler. Esses dois propulsores compartilham 70% de componentes.
O motor turbo 1.0 conta com injeção direta central com 200 bar de pressão, turbocompressor que trabalha com a pressão máxima de 1.5 bar, válvula wastegate eletrônica e duplo comando de válvulas variável com atuadores elétricos.
Ele entrega potências de 125/120 cv às 5.000 rpm, torques de 220 Nm às 2.250 rpm e 200 Nm às 2.000 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente. Com etanol, 90% do torque (200 Nm) já estão disponíveis às 1.750 rpm.
Segundo dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem, o motor turbo TCe 1.0 flex tem consumo urbano de 13,1 km/l com gasolina e 9 km/l com etanol. Na estrada, o consumo é de 13,9 km/l com gasolina e 9 km/l com etanol.
O Kardian associa o motor turbo TCe a um câmbio de dupla embreagem úmida (EDC, Efficient Dual Clutch).
As marchas também podem ser trocadas manualmente, usando as aletas (paddle-shifters) localizadas atrás do volante, equipamento de série em todas as versões.
Este tipo de câmbio já equipou mais de 1,3 milhão de veículos Renault e Alpine, como Captur, Megane, Scenic, Talisman Espace, Traffic, Alpine A110, entre outros.
Todas as três versões do Kardian são equipadas de série, sem opcionais, exceto o teto biton para a variante Techno.
Primeiras impressões ao volante mostraram um veículo equilibrado
Em circuito misto, porém curto (40 km), pudemos ter as primeiras impressões ao volante do Kardian.
Nossas referências são os seus principais concorrentes, no caso, o Fiat Pulse 1.0 turbo com câmbio CVT e o Volkswagen Nivus 1.0 com câmbio automático de 6 marchas.
O banco do motorista permite ser regulado mais baixo, nem tanto quanto no Nivus, mas melhor do que no Pulse.
Para nós, que gostamos de ficar mais próximo possível ao piso, ponto para o Kardian. As regulagens do volante são amplas e o cinto tem ajuste de altura, resultando em ótima postura.
Com 90% do torque às 1.750 rpm, o Kardian responde rápido ao curso inicial do acelerador, quase sem o atraso que é comum em modelos turbo.
Trocas de marchas
Porém, o que mais agradou foram as trocas de marchas: rápidas, justas e quase imperceptíveis. Acelerando pouco, ou muito, a precisão se manteve.
Quando usamos os paddle-shifters a alegria foi ainda maior. Ao avançar as marchas elas são comutadas muito rapidamente, de forma mais ágil do que no câmbio CVT do Fiat Pulse, e bem mais precisas e ligeiras do que no VW Nivus.
Porém, na hora de fazer as reduções, a eletrônica estragou a brincadeira. Muito conservadora, a programação do câmbio só permite reduções que não elevem o giro do motor em demasia.
A marcha corrente fica piscando no painel enquanto aguarda a rotação cair e, somente depois, o sistema permite a redução. Este acerto de proteção existe nos câmbios dos concorrentes, mas o do Renault Kardian é o menos permissivo dos três.

Como a arquitetura dos três motores é igual (três cilindros e turbo com injeção direta), o comportamento deles é bem parelho.
Os três SUVs concorrentes arrancam com agilidade, aceleram bem até às velocidades de cruzeiro e perdem o ímpeto acima disso. São ótimos carros familiares, não são esportivos, mas atendem perfeitamente em uma condução responsável.
Suspensão
No Kardian, o acerto das suspensões também é intermediário. É mais rígido do que o do Pulse e mais macio do que o do Nivus.
A Renault encontrou um ótimo equilíbrio entre conforto e estabilidade. O modelo entra em curvas sem adernar muito a carroceria, contorna as mesmas com ótimo controle direcional e filtra bem as irregularidades do piso, como ondulações, remendos e pequenos buracos no asfalto.
Em estradas de terra, o Kardian deslocou com desenvoltura, não raspou o assoalho em facões e mostrou boa aderência para pneus não apropriados para essa tarefa.
Porém, era perceptível que os pneus 205/55 R17 com alta pressão e a carga mais alta das suspensões (a mesma que evita o seu fim de curso nestes terrenos irregulares) fazem com que os pneus de perfil baixo sofram muito, principalmente em pedras.
Além disso, nessas condições, os impactos são transferidos para a cabine, reduzindo o conforto de marcha. O Kardian é mais urbano do que rural, o perfil de uso da maioria dos compradores deste segmento.
Nesta breve avaliação, ficou claro que a Renault se balizou por seus dois adversários diretos. O Kardian ficou um SUV muito equilibrado entre a robustez do Fiat Pulse e o refinamento dinâmico do Volkswagen Nivus.
Melhor equipado e bem precificado entre eles, o modelo vai dar trabalho aos seus dois principais concorrentes. (AV)
Versões, preços e equipamentos
Renault Kardian Evolution turbo TCe
Preço: R$ 112,79 mil
A versão de entrada conta com 6 airbags (frontal, lateral e de cortina); controlador de velocidade e limitador de velocidade (CC + SL); assistente de partida (HSA); sensores de estacionamento traseiro e câmera de ré; controles eletrônicos de estabilidade e tração (ESP+ASR); sistema de monitoramento de pressão dos pneus (TPMS); cluster digital de 7 polegadas; multimídia com tela de 8 polegadas e Android Auto e Apple CarPlay com espelhamento sem fio; ar-condicionado digital com função auto; retrovisores externos com ajuste elétrico; faróis e assinatura luminosa 100% em LED; barras de teto funcionais e modulares em preto; roda flexwheel biton de 16 polegadas; start&stop; modo ECO com EcoScoring; volante com ajustes de altura e distância; vidro do motorista com função one-touch e antiesmagamento e vidros elétricos para os passageiros.
Renault Kardian Techno turbo TCe
Preço: R$ 122,99 mil
Todos os equipamentos da versão Evolution acrescidos de frenagem automática de emergência (AEBS); alerta de colisão frontal (FCW); freio de estacionamento eletrônico; console elevado com apoio de braço; painéis e volante com acabamento em revestimento premium; roda de liga leve de 17 polegadas diamantadas biton; chave presencial do tipo cartão e acesso hands-free; partida remota do motor; saídas USB-C para o banco traseiro; seis alto-falantes e vidros dos passageiros com função one-touch e antiesmagamento.
Renault Kardian Premièr Edition turbo TCe
Preço: R$ 132,79 mil
Todos os equipamentos da versão Techno acrescidos de controle de velocidade adaptativo (ACC); câmera multiview (MVC); alerta de ponto cego (BSW); alerta de distância segura (DW); sensores de estacionamento frontal; faróis de neblina em LED; sensor crepuscular; Multi-Sense com modos de condução Eco, Sport e My Sense (personalizável); ambient lighting (iluminação dinâmica e personalizável no interior); carregador de smartphone por indução; roda de liga leve de 17 polegadas diamantada e escurecidas; antena shark; teto biton preto; skis na cor prata acetinada e grade frontal em preto brilhante. (AV)
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