Megane E-Tech é o novo elétrico europeu da Renault para o Brasil

Na matéria de lançamento do novo Kardian, informamos que o Megane E-Tech inaugurou uma nova era para a Renault no Brasil. Ele trouxe o atual DNA da marca francesa, no design e na identidade visual.
Clássico na linha de carros médios da Renault, o nome Megane já foi vendido em nosso mercado nas carrocerias hatch, cabriolet, sedan, perua e monovolume, as três últimas, nacionalizadas.
O Megane E-Tech é um hatch médio. Na ficha técnica da Renault, um monovolume. Mas, ele aparenta ser um sketch automotivo, aqueles desenhos com rodas grandes, laterais altas e janelas estreitas.
Na verdade, repleto de traços comuns aos utilitários esportivos (SUV), extremamente robusto, ele é um crossover “bombado”.
O Veículos recebeu o Renault Megane E-Tech para avaliação. Importado da França, seu preço sugerido é R$ 279,99 mil, em qualquer uma das três cores metálicas: azul, prata ou cinza.
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Sem opcionais, o Megane E-Tech é muito bem equipado, inclusive, ele traz algumas soluções técnicas inéditas e outras exclusivas.
Podemos destacar as seguintes: maçanetas externas ocultas e rebatíveis automaticamente; retrovisor interno com câmera (Smart Rear View Mirror); cluster 100% digital com tela de 12,3 polegadas; retrovisores externos com rebatimento automático, aquecimento e iluminação de cortesia com a projeção da marca Renault no piso; faróis em LED dinâmicos, adaptativos e com luzes de direção sequenciais; farol alto inteligente com função neblina e luzes traseiras em LED com efeito 3D.
Outros equipamentos e configurações são: multimídia OpenR de 9 polegadas; sistema de som Arkamys Auditorium; ar-condicionado dual-zone com saída de ar traseira; chave presencial do tipo cartão e acesso hands-free; modos de condução Multi-Sense com Ambient Lighting; painéis revestidos em tecido e Alcântara; teto e retrovisores na cor preta e rodas modelo Oston 18 polegadas com pneus 195/60 R18.
Em termos de segurança, o modelo é muito completo: controle de velocidade adaptativo (ACC) com Stop&Go; alerta e assistente de permanência em faixa (LDW+LKA) com aviso para ultrapassagens; alerta de distância segura (DW); alerta de colisão frontal (FCW); frenagem automática de emergência (AEBS); alerta e frenagem de tráfego cruzado traseiro (RCTA+RCTB); alerta e intervenção de ponto cego (BSW+BSI) e alerta de saída segura dos ocupantes (OSE).
Além desses sistemas mais relevantes de ADAS, o Megana E-Tech traz reconhecimento de placas de velocidade (TSR) com alerta de excesso de velocidade (OSP); detector de fadiga do motorista; aviso sonoro para pedestres (VSP); QR Code para auxílio em emergências; monitoramento da pressão dos pneus (TPMS); regulagem automática de altura dos faróis; sensores crepuscular e de chuva; sensores de estacionamento frontal, traseiro e laterais com câmera de ré traseira; controles eletrônicos de estabilidade e tração (ESP+ASR); assistente de partida em rampa (HSA); freios ABS e 7 airbags (2 frontais, 2 laterais, 2 de cortina e 1 entre os bancos dianteiros).
Motor
O motor elétrico é do tipo síncrono eletricamente excitado (EESM) com rotor bobinado. Ele rende 220 cv de potência e 30,6 kgfm de torque.
O câmbio automático, com uma marcha à frente e uma à ré, é acionado por meio de alavanca satélite na coluna de direção.
A alimentação do motor é feita por um conjunto de baterias de íon-lítio com capacidade de 60 kWh. Seu conector para recarga tem encaixes do tipo CCS Type 2 e CCS Combo.
Eles são compatíveis com equipamentos AC, em até 22 kW, e DC, em até 130 kW, respectivamente.
A Renault declara que em wallbox AC de 22 kW a recarga leva 1 hora e 50 minutos para recuperar a carga entre 15% e 80% e, em carregadores de alta potência (DC de 130 kW), este tempo cai para 36 minutos.
Números
Externamente, o Magane E-Tech tem 4,20 metros de comprimento e 2,68 metros de entre-eixos, relação que deixou ambos os balanços muito curtos, contribuindo para o visual encorpado do modelo.
Completando a carroceria parruda, ela é baixa, tem apenas 1,52 metro de altura, e é larga, com 1,77 metro de lado a lado.
Além dessas relações, as janelas são muito estreitas, deixarando a linha de cintura bem elevada e uma mínima área envidraçada. Dessa forma, as laterais apresentam uma lataria muito volumosa.
A brutalidade dimensional é compensada por sutilezas. Volumes abaulados são equilibrados por alguns vincos. Maçanetas ocultas deixam as laterais visualmente limpas.
Os conjuntos luminosos são esguios, acendem de fora a fora, descrevendo um desenho sinuoso na frente e um horizontal na traseira.
Espaço
O afastamento dos eixos deixou muito espaço interno, mais do que o esperado. A arquitetura monovolume interna pode explicar este bom aproveitamento na cabine.
Quatro adultos têm amplo espaço para cabeças, ombros e pernas. Para um quinto ocupante, um pouco menos.
Baterias em carros elétricos ficam sob os bancos, deixando seus assoalhos altos. O conjunto de baterias do Megane E-Tech tem apenas 11 cm, dos mais baixos existentes.
Mas, o teto rebaixado do modelo obrigou o uso de bancos igualmente baixos, deixando este piso elevado, como é usual na categoria.

Sendo assim, nas posições da frente a ergonomia ainda é adequada, permite deixar o banco bem baixo e as pernas esticadas, postura mais esportiva que permite ótima interação entre homem e máquina.
Porém, atrás, as pernas dobradas ficam altas e sobra pouco espaço para os pés sob estes baixos bancos.
Como o comando do câmbio migrou para a coluna de direção, sobrou espaço no console central.
À frente, existe um compartimento de 7 litros, ideal para bolsas e objetos maiores. Sob o apoio de braço existe um baú com 3 litros. Nas portas, os nichos para objetos são acarpetados e comportam 2 litros.
Assim como a cabine, o porta-malas é maior do que aparenta por fora. Ele comporta 440 litros. Sob o seu piso existe um compartimento para guardar acessórios elétricos que possui 32 litros de capacidade.
Interior
No mais, a experiência a bordo é das mais prazerosas. O design é limpo e horizontal. As superfícies de contato são macias ao toque.
O painel principal é revestido em tecido na cor cinza e com trama grossa. Além do requinte, este material traz para à cabine aconchego semelhante ao dos sofás domésticos.
Bancos envolventes e revestidos em tecido feito com materiais reciclados e peças bem construídas, algumas com superfícies metálicas e sofisticadas, enriquecem o interior do Megane E-tech que, se não é de carro premium, está bem próximo em esmero aos modelos luxuosos.
O conjunto formado pelo painel de instrumentos e o multimídia sobressai na cabine. Separadas por saídas de ar, essas telas aparentam ser contínuas e curvilíneas.
Na verdade, essas saídas escondem a mudança de ângulo das telas, que são planas, assim como dão continuidade visual a todo este conjunto.
Também modernos, os grafismos delas são minimalistas. O design dos instrumentos, textos e números é feito com traços finos e leves, porém, extremamente visíveis, bom exemplo a ser seguido.
O carregador por indução fica em posição alta, muito à mão, assim como os comandos físicos do ar- condicionado, ergonomia muito acertada.
Já o volante concentra um excesso de comandos, complexidade que exige algum tempo de adaptação para uma usabilidade precisa.
Acima da média, o funcionamento do sistema de controle de velocidade adaptativo (ACC) merece elogios. O sistema faz uma leitura precisa dos veículos a frente e adapta a velocidade suavemente, sem dar sustos no condutor.
Seu melhor recurso funciona em trânsito intenso. Automaticamente, ele retoma o movimento em paradas de até 30 segundos.
Suave nas acelerações, modelo sofre com as precárias condições das estradas
Normalmente, os veículos elétricos dão um coice na aceleração total. No Megane E-Tech essa aceleração também é mais suave, progressiva.
Mesmo assim, ele acelera de 0 a 100 km/h em apenas 7,4 segundos e retoma de 80 a 120 km/h em 4,4 segundos. Sua velocidade máxima é limitada aos 160 km/h para preservar as baterias.
Além do desempenho convincente, o conjunto de suspensões independentes nos dois eixos entrega muito conforto.
Em pisos perfeitos, ou um pouco irregulares, as vibrações são bem isoladas da cabine. Mas, o projeto sofisticado do francês sofre para assimilar a agressividade das nossas “crateras”.
Mesmo assegurando conforto de marcha, molas e amortecedores são levados ao limite aqui no Brasil, atingem fim de curso ou “queda de roda”, pois precisam encarar condições inexistentes na Europa.
A direção elétrica acompanha a eficiência das suspensões. Leve em manobras, direta e precisa em movimento, todo este conjunto garante muita estabilidade e controle direcional ao Megane E-Tech.
Se os seus 1.680 kg jogam contra o desempenho, ajudam na aderência dos pneus relativamente estreitos.
Por mais potente que seja, o carro elétrico visa à eficiência energética, motivo destes pneus com menor área de contato com o solo.
Com 100% de carga, Megane E-Tech tem alcance (autonomia) entre 337 e 495 km, variações apresentadas em diferentes normas de aferição.
Regeneração
Em todos os modelos elétricos existem recursos para a regeneração da carga das baterias. No Megane E-Tech são dois os principais.
Por meio do botão Multi-Sense, posicionado no volante, é possível acionar quatro modos de condução, cada um deles acompanhado de iluminação ambiente específica.
Do econômico ao esportivo, passando pelo confortável e um configurável, variações das respostas do motor ao curso do acelerador, do esterço do volante e da regeneração mudam o seu comportamento.
Existem paddle-shifters que acionam quatro níveis de regeneração. Diferente de sistemas que já avaliamos, este também interfere ao acelerar, isto é, quanto maior o nível de regeneração, algo que acontece quando não estamos acelerando, menor é a resposta do motor quando aceleramos.
Não gostamos deste sistema. O carro fica lerdo na aceleração e amarrado na regeneração. Preferimos os tradicionais que só atuam na regeneração.
Também diferente, o modelo não oferece programação de condução apenas com o acelerador, sem a necessidade do uso do pedal de freio. Mas, no nível máximo de regeneração, a utilização do modelo fica semelhante a este recurso.
Consumo
Normalmente, os modelos 100% elétricos informam o consumo em kWh a cada 100 km. Nós convertemos essas médias para km/kWh, padrão que adotamos nas avaliações do Veículos.
Em nossas avaliações temos demonstrado que, ao contrário do propagado, os carros elétricos também são mais econômicos em estradas, pelo menos quando comparamos seu consumo rodoviário com o aferido em nosso teste urbano, padrão que simula a acidentada topografia de Belo Horizonte.
Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta, o Megane E-Tech registrou 7,87 km/kWh. Na mais rápida, 6,57 km/kWh.
No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos e vencemos 152 metros de desnível ao longo do circuito. Neste severo teste, o Megane E-Tech atingiu 5,91 km/kWh.
Considerando nossas médias aferidas, e a capacidade da bateria (60 kWh), o Megane E-Tech 100% carregado percorreria 354,6 km circulando até 60 km/h em cidades com topografia acidentada.
Em estradas, atingiria 472,2 km rodando aos 90 km/h e 394,2 km mantendo os 110 km/h.
Atuar no mercado de elétricos não está fácil para as montadoras europeias. Sem os subsídios que as montadoras chinesas recebem do próprio governo, elas não conseguem competir em preço com eles.
Mas, em compensação, o Megane E-Tech entrega design, tecnologias e refinamento superior ao da maioria destes modelos orientais. Além disso, a Renault é uma marca consolidada em nosso mercado.
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