Nissan Sentra retorna ao Brasil renovado

Os sedans médios já foram os modelos mais desejados pela maioria dos brasileiros. Antes da febre pelos utilitários esportivos (SUV), eles eram a escolha dos consumidores com maior poder aquisitivo.
Assim como as peruas e os monovolumes foram extintos pela predileção aos SUVs, os sedans médios estão se transformando em modelos de nicho, sobrevivendo como híbridos ou esportivos, por exemplo.
Entre os poucos remanescentes “comuns”, o Toyota Corolla está vendendo quase a metade do que vendia em seus áureos tempos, o Chevrolet Cruze sairá de linha em breve e a oitava geração do Sentra retorna ao catálogo da Nissan para ser uma forte opção no segmento.
VEÍCULOS recebeu o Nissan Sentra 2.0 Exclusive CVT Premium para avaliação. No site da montadora ele é oferecido por R$ 174,99 mil.
Este é o seu valor na cor preta sólida. A cor prata acresce R$ 2.100 mil ao preço final e, as cores branca e cinza com teto preto, R$ 3.100 mil.
Completo de série, seus equipamentos diferenciados são: teto solar elétrico; banco do motorista com ajustes elétricos; ar-condicionado digital com duas zonas; multimídia de 8 polegadas com espelhamento por cabo; painel de instrumentos digital de 7 polegadas; sistema de som Bose com oito alto-falantes; chave presencial; retrovisores externos rebatíveis eletricamente; acabamento premium na cor sand e rodas em liga leve de 17 polegadas, diamantadas e calçadas com pneus 215/50 R17.
Em termos de segurança, os destaques são: sistema Adas (Advanced Driver Assistance Systems); controle dinâmico de chassi por meio dos controles de tração e estabilidade avançados; sensores de estacionamento traseiro e dianteiro; alerta de tráfego cruzado traseiro; câmera 360º com detecção de objetos em movimento; alerta de objetos no banco traseiro; seis airbags e faróis em LED.
Motor e câmbio
O motor do Sentra é a terceira geração do MR20DD, propulsor 2.0 aspirado que desenvolve 151 cv de potência às 6.000 rpm e 20 kgfm de torque às 4.000 rpm.
Equipado com injeção direta de combustível, e movido exclusivamente a gasolina, ele conta com comando de válvulas duplo, tracionado por corrente e dotado de abertura variável na admissão e no escape.
Tecnologias como a aplicação do aço spray que ajuda a reduzir o atrito dentro dos cilindros e a adoção do Ciclo de Atkinson que diminui os esforços de funcionamento do motor priorizam o menor consumo de combustível, recurso que justifica a potência e o torque contidos.
O Sentra utiliza o câmbio CVT Xtronic de oitava geração. Ele tem oito (8) relações pré-programadas que emulam as trocas de marchas automaticamente em acelerações médias ou fortes.
Essas relações também podem ser comutadas manualmente, por meio de paddle shifters (aletas) atrás do volante.
A Nissan tentou vender o Sentra de sexta geração como um carro que não tinha cara de “tiozão”. Na época, seu design não era careta, mas estava longe de ser uma referência no segmento.
Agora, nessa oitava geração, o Sentra adotou a nova identidade visual da Nissan e está moderno, belo e harmônico, adjetivos dos modelos mais aclamados em matéria de design.
Design
O Sentra é um sedan com perfil coupé, o estilo do momento. A curvatura do seu teto se alonga ao máximo para trás e quase forma uma linha contínua com a tampa do porta-malas.
Este recurso de design cria colunas “C” muito largas, mas elas foram bem resolvidas no modelo.
A parte posterior das portas traseiras e a superior dos para-lamas traseiros ganharam uma elevação que invade a coluna “C”.
Antes de elas encontrarem o teto, foi criada uma faixa em preto fosco que segue a linha do porta-malas e separa visualmente o teto da carroceria, acentuando a usual dinâmica da traseira dos coupés e conferindo leveza rara à mesma.

Também característico deste estilo, as portas são altas, as janelas estreitas e a frente é bem destacada da cabine.
No caso do Sentra, além de alongado, o capô é vincado, arqueado e tem um complemento sobre a grade frontal que dá continuidade à sua linha, deixando a frente ainda mais comprida e rebaixada. Essa dianteira ostenta a assinatura Double V-Motion da Nissan.
Neste padrão, faróis, friso e recortes do para-choque seguem essa orientação em “V” com linhas diagonais formando um conjunto dianteiro baixo na vertical e largo a horizontal.
Essa dianteira e o encontro do teto com as colunas “C”, que descrevemos anteriormente, são as partes marcantes no visual do Sentra.
Se a frente é baixa, a traseira é alta, e essa ascendência é realçada por dublo vinco lateral. Atrás, o modelo não é tão original, mas as lanternas verticais, os vincos paralelos ao solo e o extrator destacado no para-choque traseiro completam o design deste Sentra que tem na sua largura a maior diferença em relação à sétima geração do modelo.
Números
São 55 mm a mais na largura, totalizando 1,82 metro. O entre-eixos cresceu apenas 7 mm, o comprimento quase não foi alterado e a altura diminuiu em 48 mm, registrando 2,71 metros; 4,65 metros e 1,46 metro, respectivamente.
Em volume de carga, o porta-malas perdeu 37 litros, ficando com 466 litros. No tanque de combustível cabem 47 litros, 5 litros a menos do que na geração passada.
O Sentra suporta carregar 375 kg no total e ele pesa 1.405 kg. Com relações de 9,3 kg/cv e 72,5 kg/kgfm, ele acelera de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos e atinge a velocidade máxima de 200 km/h, segundo a Nissan.
Internamente, o ganho em largura melhorou o espaço para quatro adultos, principalmente para ombros e pernas. Atrás, o caimento do teto diminuiu o espaço para a cabeça dos mais altos.
Ao centro do banco traseiro, só uma criança viaja com conforto, pois as posições laterais são amplas e apoiam com sobra quem viaja nos extremos deste banco.
Todos os bancos têm a tecnologia chamada de Zero Gravity pela Nissan. Na prática, são bancos que usam espumas de alta densidade, moldadas para sustentar as pessoas por longos períodos sem cansá-las.
Outro destaque são os ajustes elétricos do banco do motorista, feitos mais rapidamente do que o usual.
Mesmo existindo o sedan compacto Versa nos EUA, o Sentra ainda é um carro de entrada para os norte-americanos. Tamanha é a diferença entre os dois mercados, que o Sentra é vendido como modelo de luxo no Brasil.
Realmente, o painel principal, as portas e console central são revestidos com materiais macios ao toque e todas as partes rígidas são feitas em plástico de boa qualidade e montagem correta.
Simplicidade
Mas, alguns equipamentos sinalizam simplicidades próprias do segmento em que ele compete por lá.
O freio de estacionamento é por pedal, o espelhamento do celular exige cabo e o comando dos vidros só é automático na porta do motorista.
No mais, a ergonomia da cabine é acertada, todos os equipamentos são completos, eficientes e existem botões físicos para operá-los, arquitetura ideal.
De forma resumida, o multimídia tem as funções básicas, é muito estável, mas a sua tela é pequena para um carro atual.
No quadro de instrumentos, a parte analógica está bem dimensionada, números e graduações são visíveis. A tela digital central traz informações completas, em páginas bem sequenciadas.

O som da renomada marca Bose se destaca mais pela qualidade sonora e potência na amplificação do que pela distribuição espacial, como acontece no Nissan Kicks.
O ar-condicionado tem botões físicos para todas as funções, é eficiente na refrigeração e na manutenção de temperatura, mas, climatizaria mais rapidamente a cabine se tivesse saídas de ar para o banco traseiro.
O sistema de câmeras 360º e os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros ajudam bastante nas manobras, pois o carro é largo e comprido, apesar da visibilidade ser boa para um sedan médio.
Para melhorar, o alerta de tráfico cruzado e a detecção de objetos em movimento deixam essas atividades diárias bem mais tranquilas.
Banco, volante e cinto de segurança têm todos os ajustes e deixam o motorista corretamente postado. A assistência elétrica da direção é condizente com o tamanho do carro, garante o conforto mínimo necessário, mas poderia ser ainda mais leve, para oferecer mais comodidade.
Modelo conta com recursos de auxílio à condução
Circulando na relação mais longa do CVT, e aos 90 km/h, o motor do Nissan Sentra 2.0 Exclusive CVT Premium trabalha às 1.490 rpm. Já aos 110 km/h, ele gira às 1.900 rpm.
Baixos para as velocidades, estes dois regimes garantem conforto acústico e consumo reduzido para um motor 2.0.
Nessas condições ouve-se pouco o atrito dos pneus, a retenção aerodinâmica e um baixo e grave ruído do motor, que não incomoda.
Neste deslocamento usamos o modo ECO que usa a relação mais longa possível em cada situação e deixa a resposta do motor ao curso do acelerador mais lenta.
Assim, o carro fica muito solto, aproveitando o deslocamento por inércia. Aparentemente, quando não há curso no acelerador, o câmbio reduz as relações, algo bom para motoristas que não têm o hábito de utilizar o freio motor em decidas, por exemplo.
Em acelerações mais fortes ou totais, principalmente no modo Sport, a programação do câmbio reduz as marchas pré-programadas, retém cada uma para a rotação se elevar, e troca rapidamente para a próxima relação desta programação.
Este comportamento é muito parecido ao dos câmbios automáticos e pouco lembra os CVT mais antigos que pareciam patinar na busca de desempenho.
No caso do Sentra, como já pontuamos, o objetivo é ser mais econômico do que esportivo. Mas, o desempenho é satisfatório e condizente com a sua proposta familiar.
Por ter centro de gravidade baixo, suspensões independentes nos dois eixos e pneus largos, seu controle direcional é elevado para um sedan médio.
Mas, isso cobra o seu preço, principalmente em nossas vias. Com apenas 134 mm de altura livre do solo, e longos balanços dianteiro e traseiro, o Sentra raspa para-choques em entradas e saídas de garagens e o fundo em lombadas mais altas.
Sobre asfalto liso este conjunto entrega conforto elevado, trabalha em frequência confortável e isola a cabine das irregularidades do solo, razoavelmente bem.
Sobre pisos danificados, remendados ou esburacados, as suspensões aparentaram sofrer com o trabalho e indicaram necessitar de melhor adaptação.
Inclusive, o conjunto dianteiro da unidade avaliada já apresentava ruídos provenientes de folgas que surgiram antes dos 7.000 km rodados.

Recursos
O conjunto de recursos de auxílio à condução do Sentra é quase completo, oferecendo aquelas que acreditamos serem as principais tecnologias.
O alerta de colisão frontal, o assistente de frenagem e o monitoramento de ponto cego formam o trio mais relevante em segurança. O modelo ainda conta com controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e corretor de saída de faixa.
O ACC usa o radar e a câmera do carro para começas a medir a distância em relação ao carro da frente a partir dos 200 metros, mais do que a maioria dos sistemas das marcas concorrentes.
Porém, o corretor de faixa não atua na direção elétrica, mas sim, freia levemente a roda contrária ao lado da faixa que está sendo invadida. Este recurso é menos eficiente do que os usuais.
Para um sedan médio, o Sentra surpreendeu com um ótimo consumo, mesmo sendo um carro que só usa gasolina.
Consumo
Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e, outra, os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta atingimos 19,4 km/l. Na mais rápida, 17,3 km/l.
Em nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos.
Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso. Nessas condições, o Sentra finalizou o teste com 9,7 km/l.
Com a inevitável invasão dos SUVs em nosso mercado, é ótimo aparecerem mais opções de carros em outros segmentos. Dominado pelo Toyota Corolla, o mercado de sedans médios está carente de concorrentes.
O retorno do Nissan Sentra ao Brasil é um alento aos amantes destes confortáveis, espaçosos e seguros modelos.
Mais equipado e econômico do que seu conterrâneo, o Sentra é uma ótima alternativa ao Corolla e, também, a diversos SUVs que são mais caros, consomem mais combustível e são menos seguros do que ele.
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