Nissan Versa 2024 chegou com atualizações no design

Em número de modelos disponíveis, hatches e sedans já foram os predominantes. Há dez anos, entre os 20 automóveis mais vendidos, nove eram hatches e, oito, sedans. Apenas dois utilitários esportivos (SUV) estavam nesta lista e um monovolume. Todos os 20 eram compactos.
No fechamento de 2023, os hatches sobrevivem com seis exemplares, os sedans agonizam com apenas três, e os SUVs massacram com 11 modelos, sendo dois destes, médios, mostrando que essa tendência por utilitários esportivos está acabando com os outros segmentos.
Felizmente, fora desta lista dos 20 automóveis mais vendidos no ano passado, existem alguns ótimos carros que não são SUVs.

A Nissan registra dois sedans, o compacto Versa e o médio Sentra. Eles são o 38º e o 46º modelo mais emplacado, respectivamente.
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O Veículos recebeu o Nissan Versa Exclusive CVT (2024) para avaliação. No site da montadora, essa versão de topo de linha do modelo tem preço sugerido de R$ 130,19 mil.
Este é o preço nas cores sólidas branca ou preta. Também existem as opções de pinturas metálicas (vermelha, azul, cinza, prata e branca), algumas com teto preto, todas com valor adicional de R$ 2 mil.
As versões do Versa vêm completas, não têm opcionais. Os principais equipamentos de série da versão Exclusive são: ar-condicionado automático e digital; multimídia Nissan Connect com tela de oito polegadas e conexão com Apple CarPlay e Android Auto por fio; carregador de celular por indução; comandos de áudio, computador de bordo, controlador de velocidade e telefone no volante; direção elétrica progressiva; painel multifuncional de sete polegadas com 12 funções; chave inteligente presencial (I-Key) com botão Push Start; acendimento inteligente dos faróis; bancos com forração em material sintético que imita o couro e rodas aro 17 polegadas, diamantadas e com pneus 205/50 R17.
Os dispositivos de segurança são muitos. Os destaques são: alerta de colisão frontal com assistente inteligente de frenagem (FCW/FEB); monitoramento de ponto cego (BSW); alerta de tráfego cruzado traseiro (RCTA); detector de objetos em movimento (MOD); câmeras 360° inteligente; seis airbags; freios ABS com controle eletrônico de frenagem (EBD) e assistência de frenagem (BA); controles de tração e estabilidade; sistema inteligente de partida em rampa (HSA); sensor de estacionamento traseiro; alerta de objetos no banco traseiro; DRL e faróis dianteiros em LED e faróis de neblina.
Motor e câmbio
O motor do Nissan Versa não é turbo, mas é um moderno 1.6 bicombustível com 16V. Ele tem quatro cilindros, duplo comando por corrente e abertura de válvulas variável na admissão e no escape.
Contando com injeção indireta multiponto, atinge torque máximo de 15,3/15,2 kgmf às 4.000 rpm e potência de 113/110 cv às 5.600 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.
O câmbio é automático CVT com simulação de seis (6) marchas e acoplamento por conversor de torque. Ele oferece modo Sport e Low (L), mas não permite comando manual das marchas.
O porta-malas do Versa comporta bons 482 litros, mas o tanque de combustíveis apenas 41 litros. Suas dimensões são: 4,49 metros de comprimento; 2,62 metros de distância entre-eixos; 1,74 metro de largura (sem contar os retrovisores) e 1,47 metro de altura total.

Leve, pesa 1.139 kg. Sua carga útil surpreende, são 513 kg. Típico três volumes, sua distância mínima do solo é de apenas 143 mm, condição que favorece a aerodinâmica.
Com baixo coeficiente de arrasto aerodinâmico (0,32), o Versa acelera de 0 aos 100 km/h em 10,7 segundos e atinge velocidade máxima de 180 km/h, apesar deste motor aspirado ser pouco potente.
Visual
Nessa geração, o modelo deixou de ser racional para ser emocional. Ele perdeu o design funcional e careta para ser ousado, espelhado no Sentra, o sedan médio da marca.
Em 2020, o modelo ganhou a assinatura Nissan V-Motion que marca a dianteira com um aplique em “V” cromado interligando os faróis e direcionando uma linha para as laterais da carroceria.
Essa linha marcada por estes elementos corre no alto pelas laterais, paralela a uma segunda linha que une as maçanetas às lanternas traseiras.
O teto com queda suave, quase um coupé ao terminar além da metade do porta-malas, é separado das laterais por um aplique plástico preto, recurso que cria a ilusão de teto flutuante.
Agora, na reestilização do modelo 2024, o para-choque dianteiro é novo e recebeu uma abertura mais ampla para a grade principal, também em forma de “V”.
O elemento cromado foi fragmentado em segmentos horizontais, estes, aplicados nos extremos desta abertura. A dianteira ficou mais agressiva.
Na lateral, apenas as rodas são novas. Atrás, foi aplicado um aerofólio sobre a tampa do porta-malas e o emblema da Nissan passou a ser o atual da marca, assim como foi renovado na grade e no volante.
Interior
O Versa e o Kicks (SUV) são projetos que utilizam as mesmas plataforma e mecânica. Além disso, usam diversas peças internas iguais. A partir do console central, subindo até ao fim do cluster do painel de instrumentos, todas as peças são idênticas em ambos.
A diferença está na parte superior do painel principal, pois existe um desenho exclusivo para cada modelo. Todas as outras peças, bancos, painéis de portas e puxadores receberam modificações sutis.
Sobressai a ótima qualidade dos materiais usados nessas peças. A parte central do painel principal é revestida com napa que imita couro, acolchoada e com costura aparente. Existem áreas revestidas e macias em todos os apoios de braço nas quatro portas, algo raro de se ver.
Os puxadores das portas são feitos em material que imita fibra de carbono. A única diferença é que as peças da frente têm um friso metálico no acabamento.
Este padrão metálico se repete no raio inferior do volante, nas saídas de ar e em detalhes do ar-condicionado e do multimídia.
Ainda existem peças em preto brilhante e poucas cromadas, como as maçanetas, por exemplo. O revestimento dos bancos tem cores combinadas, detalhes que completam o requinte interno.
Espaço
A cabine do Versa acomoda pernas e ombros de cinco adultos com relativo conforto. Quatro viajam folgados, inclusive com apoio de braço traseiro.
Anteriormente, a cabeça de pessoas com mais de 1,80 metro esbarrava no teto nesta parte traseira. A Nissan trocou essa forração do teto, ampliando o espaço para as cabeças.
Já avaliamos os bancos dianteiros com a tecnologia exclusiva da Nissan no Kicks e no Sentra. Nesta avaliação do Versa, não achamos que o apoio do corpo foi tão envolvente e que a espuma era tão densa como nestes outros modelos, mas estes bancos ainda estão acima da média para a categoria.

A ergonomia do Versa é acertada. Os bancos dianteiros permitem que se assente em posição bem baixa. Os comandos estão todos à mão e o ar-condicionado e o multimídia possuem botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
O sistema de refrigeração é automático de zona única. Tem baixo ruído de ventilação e ótima estabilidade de temperatura, mas poderia ter saídas traseiras para diminuir o tempo de resfriamento.
Desempenho não empolga, mas modelo compensa com espaço e conforto
A despeito do espelhamento com cabo do Nissan Versa Exclusive CVT (2024), recurso ultrapassado, a central multimídia foi muito estável por toda a avaliação.
Ter botões físicos e completos é algo raro, e seus grafismos são de fácil leitura. A tela é pequena para os padrões atuais e falta brilho para ser visível em situações de muita claridade a bordo.
O equipamento de som surpreendeu. Ele reproduz músicas por streaming em volumes mais altos do que o usual, apesar de distorcer nos volumes extremos. A distribuição sonora é agradável.
O sistema de câmeras com visão de 360º ajuda em diversos tipos de manobras, tanto em marcha à ré quanto para frente.
É possível escolher visualizar a imagem ampliada da câmera direita, facilitando enxergar as guias em balizas. Uma tela maior e imagens com melhor definição seria o ideal.
Destaques na segurança, os alertas de tráfego cruzado e de monitoramento de ponto cego auxiliam bastante ao sair para trás em vagas paralelas e ao circular em vias diversas, respectivamente.
No computador de bordo, as informações do veículo e o conta-giros são exibidos em uma tela HD de sete polegadas com 12 funções.
Controlado por botões localizados no volante, este painel oferece páginas claras, variadas e úteis que ajudam muito na navegação, assim como o velocímetro analógico de fácil leitura.
Rodando
A direção elétrica é bem leve para manobras urbanas e fica mais pesada e direta com o aumento da velocidade, o suficiente para continuar confortável e ser segura em estradas.
Aparentemente, a Nissan extraiu todo o potencial deste conjunto de motor e câmbio. É perceptível que ele “se vira” para dar desempenho ao Versa.
Em diversos níveis de aceleração, a programação do câmbio equilibra as relações continuamente variáveis com as pré-programadas.
Acelerando suavemente, as relações são multiplicadas continuamente. Nos cursos intermediários do acelerador, o deslocamento começa com as relações variáveis para só depois bloquear em uma pré-programada, programação que compensa a menor disponibilidade de torque abaixo das 4.000 rpm.
Com o acelerador todo acionado, a primeira marcha é mantida até às 6.000 rpm, e o processo se repete nas cinco marchas seguintes, buscando explorar o máximo do motor. Assim, o Versa fica ágil para uma condução familiar e responsável, mas está longe de ser um esportivo.
Silêncio
Na verdade, a grande qualidade do Versa é o conforto acústico e o de marcha. Além do uso de materiais de isolamento robustos, guarnições duplas, carpetes e espumas expandidas, a amplitude de relações do câmbio CVT deixa a rotação do motor muito baixa, contribuindo com o silêncio a bordo.
Aos 90 km/h é possível circular às 1.600 rpm e aos 110 km/h, às 1.900 rpm. Em ambas às situações, não se escuta o motor. Na velocidade mais baixa, o ruído dos largos pneus 205/50 R17 é tudo que se ouve. Na mais rápida, o vento contra a carroceria aparece e soma-se ao primeiro barulho.
Curiosamente, o conforto acústico circulando aos 110 km/h é maior, pois o resultado da somatória de ambos os sons é mais agradável aos ouvidos do que apenas o ruído dos pneus.
Se essas características garantem conforto acústico, a falta de recursos para operar as seis marchas simuladas não ajuda a colocar o carro em freio motor.
A tecla Sport reduz as relações de marcha, deixa as acelerações mais imediatas, mas não segura tanto o carro nas reduções.
A posição Low (L) do câmbio é útil para ladeiras, por exemplo, mas é muito curta para reter o carro em velocidades maiores.
O ideal seriam as aletas atrás do volante para comutar as marchas livremente ou, pelo menos, a possibilidade de trocá-las por meio da própria alavanca de marchas.
Os sedans são carros mais seguros do que os SUVs, justamente por serem mais baixos. No Versa, essa segurança se sente em sua grande estabilidade, por conta do acerto de suas suspensões. Mesmo mais rígidas, elas entregam muito conforto de marcha em pisos lisos ou ondulados.
Em pisos mal conservados e em lombadas mais salientes o conjunto sofre para isolar a cabine, trabalha no limite do curso e deixa raspar o fundo quando o carro está pesado, com pessoas e bagagem.
Consumo
Já havíamos avaliado essa mesma versão do modelo em 2021. Na época, em nosso teste padronizado de consumo, o Versa foi econômico para um carro com motor 1.6 aspirado.
Usando etanol, ele registrou em rodovias 14,3 km/l (aos 90 km/h) e 12,7 km/l (aos 110 km/h). Em trecho urbano, o resultado foi de 6,7 km/l.
Agora, fizemos uma avaliação diferente. Viajamos por 400 km, ida e volta, com cinco adultos e bagagem.
Também com etanol, na ida, descendo da cidade mais alta para a mais baixa, ele registrou 11,9 km/l. Na volta, a diferença foi pequena, considerando a retomada de altitude. O consumo foi de 10,7 km/l.
Por mais que estejam desaparecendo, ainda existem ótimos carros que não estão no segmento de SUVs. O Versa é um destes.
Para quem quer um sedan espaçoso e muito gostoso de dirigir, o modelo é uma boa opção em custo-benefício, design e confiabilidade mecânica. (AV)
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