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RAM lança nova picape de entrada no Brasil

Sob o comando do Grupo Stellantis, lançamento nacional da Rampage recebeu aporte da ordem de R$ 1,3 bilhão
RAM lança nova picape de entrada no Brasil
Crédito: Divulgação

Amintas Vidal *

O nome RAM representava as picapes da Dodge, marca que pertencia ao grupo norte-americano Chrysler. Nos anos de 1980, foi lançada a Dodge Rampage, uma picape sobre monobloco que não sobreviveu àquela década.

Em 2009, a RAM se tornou uma marca à parte, exclusiva de picapes. Agora, sob o comando do Grupo Stellantis, o nome Rampage está sendo resgatado para lançar a picape de enatrada da RAM em nosso mercado.

Também construída sobre monobloco, o mesmo da picape intermediária Fiat Toro, a Rampage foi projetada no Brasil e já está sendo montada na fábrica da Stellantis em Goiaana (PE), polo que produz os modelos nacionais da Jeep e a própria Toro.

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Desenvolvida para a toda a América do Sul, a Rampage fez sua estreia mundial essa semana em São Paulo (SP).

Veículos acompanhou este evento no Autódromo de Interlagos (SP). Na ocasião, tivemos nosso primeiro contato com a nova picape.

Apoiados por times norte-americanos da marca, mais de 800 engenheiros e técnicos realizaram o seu projeto, superando 1,2 milhão de horas de trabalho.

O investimento na picape passou de R$ 1,3 bilhão, do total de R$ 16 bilhões que a Stellantis está alocando no País entre 2018 e 2025.

Versões

A Rampage estará na rede de concessionárias RAM a partir de agosto, em três versões, cada uma com personalidade própria: Rebel, com vocação para o off-road; Laramie, urbana e sofisticada; e R/T, esportiva.

Mas a pré-venda on-line começou essa semana, mais precisamente, ontem (22 de junho), no site da marca.

Atualmente, a Stellantis tem compartilhado seus modelos entre as suas marcas, como fez com a Toro que recebeu emblemas da RAM e a designação 1000 para atender a alguns países das Américas do Sul, Central e do Caribe.

Porém, para a Rampage, ela desenvolveu um projeto inédito sobre a plataforma da Toro. Toda essa base recebeu alterações estruturais para suportar uma picape mais pesada.

Suas porções dianteira e central mantiveram a mesma arquitetura. Já a traseira foi modificada para receber uma caçamba redesenhada e as novas colunas “C” da cabine que têm outro ângulo de inclinação em comparação à picape da Fiat.

Partes estruturais deste esqueleto são compostas por aços de alta e ultra-alta resistência, atingindo 86% do material empregado.

Além destes reforços e modificações na base, 90% das peças que compõe a chaparia da cabine e da caçamba receberam alguma alteração ou foram completamente redesenhadas.

Visual

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Externamente, a única parte da Toro reconhecível na Rampage é a coluna “A”. Todas as outras peças visíveis da carroceria são novas.

As janelas mais estreitas e a caçamba mais alta rebaixaram visualmente o teto da Rampage criando dois volumes distintos, um menor acima e outro muito robusto abaixo, estrutura visual que transmite dinamismo e solidez ao mesmo tempo, virtudes difíceis de serem encontradas em uma picape.

Perfil e vincos com linhas contínuas de fora a fora na carroceria, paralelas entre elas, assim como peças externas mais volumosas, desenhadas com faces muito planas e formas quadradas por todos os lados deixaram a Rampage maior, muito mais encorpada que a Toro, com o porte próximo ao das picapes médias.

Porém, internamente, o espaço da Rampage é o mesmo da Toro. Os ganhos na cabine vieram do redesenho de diversas peças e da aplicação de materiais de acabamento superiores.

Interior

Visivelmente, o interior do Jeep Commander foi modificado para fazer o design interno da Rampage ficar o mais parecido possível com o da picape grande RAM 1500.

A parte central do painel principal foi refeita, ganhando linhas mais horizontais e um platô mais destacado, como na 1500.

O conjunto que engloba a tela do multimídia, as saídas centrais da ventilação e o sistema de ar-condicionado foi todo redesenhado e construído com plástico preto brilhante, solução que, se não permitiu deixar essa tela na vertical, como nas outras picapes da marca, pelo menos criou um volume bem destacado, semelhante ao dos outros modelos RAM e diferente do Jeep Commander.

O comando eletrônico e rotativo das marchas usado nas picapes RAM permitiu a construção de um console central para a Rampage totalmente diferente da Jeep.

Também finalizado em plástico preto, ele é alto, plano e limpo visualmente. Sua elevação criou um prático nicho inferior que tem saídas USB, um porta-objeto que pode receber celulares ou tablets em carregamento.

Além destas modificações mais profundas, todos os bancos foram redesenhados e os padrões de acabamento e as identificações internas da marca foram especificados de acordo com essas mesmas versões existentes nas picapes grandes.

Exclusivo para a Rampage, o grafismo da tela de instrumentos foi todo reprojetado.

No mais, diversas peças como botões, maçanetas, puxadores, molduras e painéis das portas foram compartilhados com o Commander e outros modelos da Stellantis.

Em termos de mecânica e equipamentos, o compartilhamento doméstico é ainda mais extenso, mas a Rampage traz um motor turbo a gasolina que é inédito entre os modelos nacionais do grupo.

Motor

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O motor Hurricane 4 pode equipar as três versões, sendo que na R/T ele é a única opção. São 272 cv de potência e 400 Nm (40,8 kgfm) de torque gerados pelo propulsor 2.0 litros de quatro cilindros em linha, a gasolina, o mesmo que equipa o Jeep Wrangler.

Ele é todo feito em alumínio e conta com injeção direta e duplo comando variável de válvulas. Pertencente à família GME (sigla inglesa para motor médio global) da Stellantis, o Hurricane 4 tem ainda turbo compressor twin-scroll de baixa inércia, válvula de alívio eletrônica e recirculação refrigerada dos gases de escapamento.

Segundo a marca, a Rampage terá o melhor desempenho entre todas as picapes produzidas na região.
Na versão R/T, ela acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e tem velocidade máxima (limitada) de 220 km/h. Nas demais, essa aceleração ocorre em 7,1 segundos e a velocidade máxima é de 210 km/h.
Quando equipada com este motor, a Rampage conta com escapamento duplo que, na versão R/T, produz um som “pipocado”, típico de esportivos mais potentes.

No volante da Rebel e da Laramie há o botão Sport que altera o visual do quadro de instrumentos digital, torna mais rápidas as respostas ao curso do acelerador e da direção com assistência elétrica e programa as trocas de marchas em giros mais altos.

Na R/T, esse comando leva o nome da versão e altera ainda mais extensamente estes parâmetros.

Diesel

O outro propulsor da Rampage é o Multijet Turbo Diesel, também de 2.0 litros, que entrega 170 cv de potência e 380 Nm (38,8 kgfm) de torque.

Equipado com ele, a Rampage é capaz de ir de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos e atingir até 186 km/h. O Multijet está disponível nas configurações Rebel e Laramie.

Todas as versões da Rampage têm câmbio automático de nove (9) marchas, seletor giratório das mesmas e opção de trocas manuais por meio de aletas no volante.

A tração é sempre 4×4 sob demanda. Ela distribui a força entre os dois eixos e conta com opção de reduzida ativada por meio de um botão no console central.

Suspensão

Independentes nas quatro rodas, com arquitetura McPherson na frente e multilink atrás, as suspensões da Rampage têm geometria e calibração específicas para a nova picape.

A versão R/T conta com molas e amortecedores mais firmes, rebaixamento de 10 mm na suspensão e rodas de aro 19 polegadas com pneus 235/55 R19.

Na Rebel, visando o fora de estrada, os pneus são do tipo All Terrain 235/65 R17 (com banda de rodagem ainda mais off-road na opção a gasolina). A versão Laramie conta com aros de 18 polegadas e pneus 235/60 R18.

O elevado desempenho do motor Hurricane 4 também exigiu cuidado especial com o sistema de freios. Em todas as Rampage eles são a disco ventilados nas quatro rodas, com 305 mm de diâmetro na frente e 320 mm atrás.

O freio de estacionamento é eletrônico e tem o recurso Auto Hold. Nos aclives há, ainda, o Start Assist (para partida em rampa). Também de série, em todas as versões, ela conta com o Hill Descent Control (HDC), recurso para descidas íngremes no off-road.

A capacidade de carga é de 1.015 kg nas configurações a diesel e de 750 kg com o propulsor a gasolina. A caçamba tem 980 litros de capacidade volumétrica e conta com revestimento plástico em todas as versões.

No interior da cabine, porta-objetos contabiliza 35,4 litros de volume utilizável. Os tanques de combustíveis comportam 60 litros de diesel e 55 litros de gasolina, conforme a motorização.

Preço pode chegar a R$ 269,99 mil

A Rampage Rebel Turbo Diesel custa R$ 239,99 mil. Seus principais equipamentos são: central multimídia de 12,3 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio; quadro de instrumentos full digital de 10,3 polegadas; revestimento interno em material sintético que imita o couro na cor preta; banco do motorista com ajustes elétricos de 12 vias; sistema Ram Connect (plataforma de serviços conectados); faróis e lanternas full LED; carregador de celular por indução com resfriamento; freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold; sete airbags; controle de velocidade adaptativo; monitoramento de pontos cegos; sistema de permanência na faixa de rodagem; alerta de colisão frontal com frenagem autônoma e detecção de pedestres e ciclistas e pneus All Terrain 235/65 R17.

A Rampage Rebel Hurricane 4 Turbo custa R$ 249,99 mil e acrescenta, além da motorização à gasolina, o escapamento duplo, o modo Sport e os Pneus All Terrain Plus 235/65 R17.

A Rampage Laramie Turbo Diesel também custa R$ 249,99 mil e vem com todo o conteúdo da versão Rebel Turbo Diesel acrescentando o revestimento interno Mountain Brown, o para-choque traseiro e outros acabamentos cromados e as rodas aro 18 polegadas diamantadas com pneus 235/60 R18.
A Rampage Laramie Hurricane 4 Turbo custa R$ 259,99 mil e recebe, além da motorização à gasolina, o escapamento duplo e o modo Sport.

A Rampage R/T Hurricane 4 Turbo custa R$ 269,99 mil e acrescenta o revestimento interno de couro e suede com costuras Ruby Red, o modo R/T, a suspensão esportiva, o escapamento duplo esportivo e as rodas aro 19 polegadas e o teto pintados na cor preta brilhante.

O único opcional para todas as versões é o Pack Elite, que custa R$ 6 mil e traz o sistema ambiente light, o som premium Harman Kardon e o banco do passageiro com ajustes elétricos.

Breve contato

No Autódromo de Interlagos (SP) pudemos acelerar a Rampage R/T por duas voltas e fizemos uma arrancada partindo da imobilidade para testarmos o seu desempenho do 0 aos 100 km/h.

Além de mostrar aderência acima da média para uma picape ao realizarmos curvas em altas velocidades, o acerto acústico do escapamento, pipocando nas reacelerações, tornou a experiência mais esportiva com este fundo musical comum aos carros de competição.

Com a versão Rebel à gasolina, passamos por um curto trajeto off-road. Em princípio, o silêncio a bordo impressionou, pois a área de acesso a este circuito está passando por reformas e diversos tratores e caminhões circulavam a nossa volta.

Nas cavas alternadas a Rampage entrou em pêndulo sem ranger painéis ou o monobloco, demonstrando a rigidez da estrutura.

As programações eletrônicas do sistema de tração, aliadas aos elevados números de torque e potência deste motor, superaram todos os obstáculos facilmente, comprovando a boa capacidade para o fora de estrada desta picape.

E isso levando-se em conta que, por ser montada sobre monobloco e não contar com caixa de redução (apenas uma marcha mais reduzida), ela não é um modelo específico para este fim.

Com preços agressivos de produto e planos de manutenção competitivos para o segmento, a Rampage vai tirar compradores de diversas picapes das outras marcas e, até mesmo, das versões mais caras da Fiat Toro.

Como ouvimos recorrentemente de executivos de montadoras, melhor sofrer canibalização interna do que deixar o cliente ir para a concorrência. (AV)

*O colaborador viajou a convite do Grupo Stellantis

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