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Strada Ranch tem motor 1.0 turbo com 130 cv

Aliada ao câmbio automático do tipo CVT, motorização é o grande destaque desse modelo da Fiat na linha 2024
Strada Ranch tem motor 1.0 turbo com 130 cv
Crédito: Amintas Vidal

Podemos dizer que a Fiat Strada é o “Gilette” do setor automotivo brasileiro. Mesmo sendo líder do segmento, ela sempre foi aperfeiçoada para manter o reinado. Todas as inovações surgidas, entre as picapes compactas, foram lançadas por ela.

Cabine estendida, cabine dupla com duas, três e quatro portas, bem como o câmbio automático são alguns dos diferenciais estreados pela Strada que a deixaram sempre à frente da concorrência.

Agora, na linha 2024, o modelo recebeu motor turbo e ar-condicionado digital e automático, outras duas primazias na categoria.

Não por acaso, a Strada será o veículo de quatro rodas mais vendido no Brasil pelo terceiro ano consecutivo.

Até o fechamento de novembro, foram emplacadas 110.028 unidades do modelo, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

São quase 17 mil unidades a mais do que o Volkswagen Polo, o segundo colocado, diferença suficiente para garantir à picape compacta da Fiat o tricampeonato antecipadamente, assim como a marca cravou a liderança em participação no mercado pelo terceiro ano seguido.

O Veículos recebeu a Strada Ranch 1.0 Turbo, com câmbio do tipo CVT, para avaliação, versão com estilo country. Ela divide o topo da linha com a inédita Strada Ultra, variante com pegada urbana, a única versão a contar com este conjunto mecânico.

No site da montadora, o preço para as duas versões é o mesmo, R$ 133,99 mil. Neste valor, a cor é a preta sólida.

As outras cores sólidas, branca e vermelha, custam R$ 999 a mais no preço (R$ 133,99 mil) e, as metálicas prata e cinza, R$ 2,290 mil a mais no preço (R$ 133,99 mil). Tanto a Strada Ranch, quanto a Ultra, vêm completas de série e não oferecem opcionais.

Os principais equipamentos da Strada Ranch são: ar-condicionado automático e digital com apenas uma zona de refrigeração; central multimídia com tela de 7 polegadas’ e espelhamento sem fio para smartphones; volante com comandos do áudio, computador de bordo e paddle shifters para troca das marchas; carregador de celulares por indução; coloração marrom na parte central do painel e no revestimento sintético que imita o couro aplicado a todos os bancos e às portas dianteiras; rodas em liga leve 16 polegadas, diamantadas e calçadas com pneus 205/60 R16 ATR de uso misto, além dos estribos laterais.

Em termos de segurança, os destaques são: quatro airbags (frontais e laterais); controles de estabilidade e de tração avançado (TC+) e controle eletrônico que auxilia nas arrancadas do veículo em subida (Hill Holder); sensor de monitoramento da pressão dos pneus; sensores de aproximação; câmera traseira e faróis em LED.

Motor e câmbio

O motor é a principal novidade da linha 2024 da Strada. Ele é o GSE Turbo 200, o mesmo 1.0 de três cilindros que equipa os SUVs da Fiat (Pulse e Fastback) e o Peugeot 208.

Ele tem o exclusivo controle de válvulas MultiAir III, sistema de atuadores eletro-hidráulicos que permitem a abertura das válvulas de admissão com variações em período, amplitude e frequência.

O câmbio é o automático do tipo CVT, sistema que varia continuamente as relações de marchas. A Fiat programou sete relações específicas para simular o uso de marchas escalonadas, no modo manual ou quando o motor é mais exigido.

Essas marchas podem ser cambiadas na própria alavanca ou por meio das aletas posicionadas atrás do volante. O acoplamento entre o motor e o câmbio é feito por um conversor de torque convencional.

Visual

Além do novo powertrain, essas versões ganharam alterações visuais na frente. O para-choque dianteiro e as grades foram redesenhados. A peça de proteção ficou mais robusta e recebeu nichos para os faróis de neblina semelhantes aos do Pulse.

A trama das aberturas passou a ser octogonal e, não, filetada. Este novo conjunto frontal descreve uma estrutura em “X”. Lateralmente, apenas as rodas são novas, em design e tamanho, uma polegada a mais.

Atrás, tudo igual no visual. As duas versões receberam a identificação Turbo 200 referente ao motor, emblema que substituiu outro que sinalizava o câmbio automático quando essa versão tinha motor 1.3 aspirado de quatro cilindros.

Internamente, foram três alterações significativas na linha Strada 2024. Todas as versões do modelo adotaram o novo volante da marca que tem o miolo retangular.

As versões Ranch, Ultra e Volcano receberam ar-condicionado digital, de série nas duas primeiras, opcional na última.

Finalizando, essas versões receberam revestimento por toda a extensão dos apoios de braços das portas dianteiras, o mesmo material sintético que imita couro perfurado usado nos bancos. Ele é marrom com costuras brancas na Ranch e cinza escuro com linha vermelha na Ultra.

Como a tonalidade marrom usada na Strada Ranch contrasta com o as cores escuras de todas as outras partes da cabine, essa nova aplicação nas portas ajudou a elevar a qualidade interna deste interior da versão que é o único não monocromático na linha do modelo.

Externamente, a Strada atual tem o design inspirado na Fiat Toro, a picape intermediária da marca. Luzes dianteiras definidas pela base do capô, linhas marcantes e fortemente ascendentes nas laterais e traseira alta e robusta são os principais elementos que garantem o mesmo DNA às duas picapes.

Diversas partes e detalhes parecidos finalizam essa receita externa que caiu no gosto do consumidor brasileiro e consolidou os dois modelos no topo das vendas na categoria de comerciais leves.

Interior

Internamente, o design da Strada também é original, não aproveitou os painéis dos carros doadores, apenas algumas peças e equipamentos de bordo. Essas versões, Ranch e Ultra, têm acabamento em preto brilhante no volante e em partes do painel.

Maçanetas e frisos em prata fosco, e pequenos detalhes cromados adornando algumas peças, completam este conjunto, amenizando a simplicidade construtiva de toda a cabine.

Este revestimento sintético dos bancos e dos apoios de braço é um grande diferencial da Strada Ranch e Ultra.

A bicromia do material (caso da Ranch) e o padrão canelado das costuras nos assentos e encostos, em ambas, deixam o visual interno mais elaborado em relação às outras versões.

Compacta, a Strada oferece espaço sem sobras para quatro adultos. Um quinto passageiro fica bem apertado.

Os comandos estão todos à mão e os encostos de braço das portas corretamente posicionados. Sua ergonomia é acertada, mas falta regulagem em distância para o volante em todas as versões da picape.

Existe uma boa quantidade de nichos para celulares, copos e outros objetos, porém, eles não são muito amplos.

Os bancos dianteiros são novos e muito eficientes. A espuma do encosto é rígida, dá boa sustentação ao corpo e suas laterais ressaltadas seguram muito bem os passageiros em curvas.

O banco traseiro tem encosto muito vertical, ângulo um pouco desconfortável. Tanto essa posição menos recostada, como o limitado espaço para as pernas neste mesmo banco, visam liberar maior área na caçamba, prioridade em uma picape.

Em compensação, as portas traseiras abrem quase 80 graus, facilitando o acesso dos passageiros.

Crédito: Amintas Vidal

Boa capacidade para cargas e melhor conjunto de suspensão

No projeto dessa nova geração da Strada, o pneu sobressalente foi alojado sob a caçamba, ampliando a área de carga da mesma.

Em todas as versões com cabine dupla, ela comporta um volume de 844 litros, mas a capacidade de carga varia conforme o motor e o câmbio.

Essas versões turbo suportam 650 kg, assim como as aspiradas com câmbio manual. Já nas aspiradas com câmbio CVT, o peso máximo cai para 600 kg.

A versão Ranch pesa 1.253 kg, 2 kg a mais do que a Ultra, provavelmente, diferença de peso dos seus pneus, pois a variante urbana usa modelos 100% para o asfalto.

Mas a Fiat declara os mesmos números de desempenho para ambas: aceleração de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e velocidade máxima de 180 km/h. O tanque de combustíveis de todas as versões comporta 55 litros.

Tecnologias

A direção elétrica é muito leve em manobras, mas ganha mais peso do que o necessário em velocidades intermediárias. Nas velocidades mais altas, o peso é adequado para uma condução mais segura.

Os sensores de estacionamento e a câmera de marcha à ré com guias dinâmicas são imprescindíveis, pois a traseira da picape é muito alta e limita bastante a visibilidade para trás.

O novo sistema de ar-condicionado digital é eficiente no resfriamento e é correto ergonomicamente. As funções principais estão nos grandes botões giratórios e permitem operação cega. As secundárias têm comandos de pressão e seus ícones e números são visíveis.

O volume da ventilação é intenso e o resfriamento do ar é rápido, mantendo a temperatura interna sem grande dificuldade. Este ótimo trabalho só não é perfeito porque o sistema de circulação fica muito ruidoso a partir da terceira velocidade da circulação do ar.

As suspensões são elogiáveis, como na maioria dos modelos da Fiat. No caso, elas são preparadas para o trabalho e ficam muito rígidas quando a picape está vazia. Mesmo assim, entregam relativo conforto, sem oscilações exageradas.

Na traseira, mantendo o diferencial que já destacava a outra geração, existem molas parabólicas no lugar das helicoidais e um eixo em forma de ômega que permitem maior peso de carga e melhor transposição em estradas com pisos irregulares.

Destaque

Mas, o grande destaque dessas versões é mesmo o motor, uma vez que o câmbio é o mesmo das versões aspiradas.

Entregando torque máximo a baixa rotação (1.750 rpm), ele permite circular com o mínimo de curso no acelerador e responde muito progressivamente ao aumento do mesmo. Visivelmente, este acerto privilegia a economia de combustível.

Por ser um câmbio CVT acoplado a um motor turbo, o conjunto responde sempre com uma relação ideal. Com curso médio ou amplo do acelerador, as marchas programadas são acionadas e a picape deslancha, mais esportivamente do que o esperado após uma reação, inicialmente, tão progressiva.

Também é possível acionar a tecla Sport e ganhar, aproximadamente, 500 rpm em cada relação, recurso que pode ser usado, tanto para desempenho, quanto para causar freio motor à Strada.

O mais eficiente, no entanto, é usar os paddle shifters. Ativo a qualquer momento, eles ajudam na aceleração em retomadas e, mais ainda, no freio motor, tanto em estradas, como em cidades, aliviando o uso dos freios e melhorando o consumo nos dois tipos de trânsito.

No modo automático, e com curso total no acelerador, a turbina demora um pouco para encher, mas empurra bastante e de forma linear quando pressurizada.

O sistema reduz as marchas, deixa a rotação subir o mais rapidamente possível, mas faz troca antes mesmo do giro atingir às 6.000 rpm, começo da faixa vermelha do tacômetro.

Mesmo assim, o desempenho é muito melhor que na Strada com motor aspirado e um dos melhores entre os veículos equipados com este conjunto.

Mesmo tendo um diferencial mais curto que em outros modelos que usam este powertrain, provavelmente por ser a Strada veículo para carga, este conjunto circula aos 90 km/h às 1.950 rpm e aos 110 km/h às 2.200 rpm.

Como usual, esses números ocorrem na relação mais longa possível, pois a sétima marcha simulada não é a última relação que o sistema pode atingir. No modo manual, e na última marcha, quando voltamos para o automático, a rotação do motor cai 200 rpm, pelo menos.

O conforto acústico da Strada é condizente com uma picape compacta. O barulho do arrasto aerodinâmico é um pouco elevado em velocidades mais altas.

Já o pneu de uso misto, por ser mais macio, transmite menos aspereza do piso para a cabine, se comparado aos pneus para asfalto, e seu ruído é contido.

Esperado para uma picape, sons e vibrações se concentram mais na parte posterior, provenientes da caçamba, principalmente quando ela está vazia.

Como em todos os modelos com motores de três cilindros, o seu ronco é grave, agradável, isso quando é ouvido, em rotações acima das 2.500 rpm.

Consumo

Em nossos testes de consumo rodoviário padronizado, a Strada Ranch foi muito econômica circulando com gasolina.

Nós realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta, a Strada Ranch registrou 20,6 km/l e, na mais rápida, marcou 16,7 km/l.

No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.

Neste severo teste, o Strada Ranch registrou 10,7 km/l, também com gasolina.

Pelo preço e conjunto mecânico das Strada Ranch e Ultra, é perceptível que a Fiat quer brigar com as versões de entrada da picape Chevrolet Montana.

Além do design externo melhor resolvido, a Strada tem maior capacidade de carga. Já o seu espaço interno, perde para o da rival.

Entre essas duas versões, a Ranch nos parece mais vantajosa do que a Ultra, pois o seu interior é diferenciado e o pneu de uso misto entrega mais conforto, permite uma usabilidade mais ampla e, aparentemente, não prejudicou o consumo.

*Essa e outras matérias estão disponíveis no nosso blog: www.dcautoblog.com

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