Rota das Docerias rende desenvolvimento à região
29 de maio de 2019 às 0h05
A tradição doceira de várias regiões de Minas Gerais já é reconhecida, porém, em Lagoa Santa, na região Central, essa riqueza tem ganhado novos contornos. A união das doceiras da região da Lapinha tem trazido desenvolvimento econômico e social para a comunidade.
São 12 profissionais que aprenderam o ofício com mães e avós e que agora estão se sentindo valorizadas e recuperando valores enraizados na cultura mineira através da Rota das Doceiras. O projeto tem como princípio o conceito de turismo de base comunitária, que se caracteriza por ser desenvolvido pelos próprios moradores de um lugar, que articulam atividades, operações e empreendimentos em uma comunidade que recebe visitantes de vários níveis.
De acordo com a coordenadora do Receptivo Lapinha e uma das idealizadoras do projeto, Marta Machado Soares, a Rota das Doceiras surgiu a partir de um levantamento dos sítios históricos e do patrimônio imaterial da região. Hoje, os centenários doces da Lapinha e o seu modo de fazer são protegidos pelo Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico, que registrou a prática de produção de Doces e Quitandas da Lapinha como Patrimônio Imaterial do Município.
Hoje, a Rota já faz parte do portfólio de agências de turismo. “Antes, o turista ia à Gruta da Lapinha e ia embora sem conhecer as outras belezas da região. E assim também não consumia aqui. O turismo de base comunitária cresce em todo o mundo porque as pessoas não querem só consumir, quer saber a história, aprender, participar. Então esse projeto é uma forma de gerar renda e preservar toda a riqueza material e imaterial que temos aqui”, explica Marta Soares.
A Rota das Doceiras se constitui na organização de um roteiro turístico, com o mapeamento dos domicílios de diversos produtores locais. Nesse roteiro é possível visitar os produtores locais, acompanhar e aprender sobre a produção de doces, quitandas e artesanatos da região da Lapinha.
Além disso, a Rota se propõe a desenvolver feiras e eventos culturais para impulsionar a divulgação e comercialização dos produtos. Entre os dias 11 e 14 de junho, as doceiras vão expor seus produtos durante a Semana Lund para visitantes nacionais e estrangeiros ao longo do Segundo Simpósio de Arqueologia no Carste de Lagoa Santa.
“É emocionante ver como a vida dessas mulheres está mudando. Algumas já começaram a adquirir bens que antes eram apenas um sonho por causa dos doces. Contamos com alguns parceiros, em especial o Senar-MG (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Minas Gerais) para a profissionalização delas. Também fomos conhecer os modelos de sucesso de São Bartolomeu (distrito de Ouro Preto, na região Central) e Gonçalves (Sul de Minas) para aprender como preservar a nossa tradição e ao mesmo tempo oferecer um bom serviço”, destaca a coordenadora do Receptur Lapinha.