Economia

UE alerta que tarifas dos EUA sobre carros serão um desastre

São Paulo/Washington – A comissária da União Europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, enfatizou em discurso, ontem, que “não há vencedores” em uma guerra comercial, além de advertir que tarifas dos Estados Unidos (EUA) sobre carros europeus seriam “um desastre”. As declarações são dadas em um momento de tensões no comércio com os EUA. A autoridade comentou em Bruxelas as tarifas impostas pelo governo do presidente americano, Donald Trump, sobre suas importações de aço e alumínio. Ela diz ter tentado persuadir os americanos de que a Europa não é a fonte do problema, porém não teve sucesso. “Pelo menos em aço e alumínio, o mundo enfrenta inegavelmente desafios como resultado do excesso de capacidade global – a raiz desse problema é a China”, argumentou. “Mas medidas similares sobre os carros seriam desastrosas”, completou. Malmström lembrou que o montante de comércio afetado nesse caso seria muito maior. As exportações da UE de aço e alumínio sujeitas às tarifas dos EUA representam 6,4 bilhões de euros por ano, enquanto as de carros e partes de veículos superam 50 bilhões de euros a cada ano. A comissária sugeriu que os EUA podem ter lançado mão dessa estratégia como “uma medida ilegal para ganhar fôlego nas negociações comerciais”. Segundo Malmström, é preciso adotar medidas para que o ambiente no comércio global melhore. “Esperamos que possamos encontrar meios de trabalhar juntos para avançar em uma agenda positiva de comércio mutuamente benéfica”, defendeu. Estados Unidos – Fabricantes de automóveis, concessionárias e fornecedores estão unidos na oposição às tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça impor sobre automóveis e partes de veículos. “A oposição é disseminada e profunda, já que as consequências são alarmantes”, afirmou Jennifer Thomas, da Aliança de Fabricantes de Automóveis, durante audiência do Departamento do Comércio realizada ontem sobre as tarifas. Trump determinou uma investigação para concluir se as importações de automóveis representam uma ameaça à segurança nacional e justificariam as tarifas. Já o setor alerta que isso elevaria o custo e seria um convite a retaliações dos parceiros. Em estudo divulgado ontem, o Centro para Pesquisa Automotiva concluiu que uma elevação de 25% nas tarifas para automóveis e partes de automóveis reduziria as vendas nos EUA em 2 milhões de veículos e significaria a perda de 714.700 empregos. BLOCO JÁ PREPARA LISTA PARA POSSÍVEL RETALIAÇÃO A comissária de Comércio da União Europeia (UE) disse ontem que espera que uma missão da UE a Washington alivie as disputas comerciais transatlânticas, mas que o bloco está preparando uma lista de importações norte-americanas para serem sobretaxadas caso os Estados Unidos imponham tarifas sobre automóveis europeus. A comissária de Comércio, Cecilia Malmstrom, viajará a Washington, em 25 de julho, com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com o objetivo de manter conversas centradas no comércio com o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. Os Estados Unidos impuseram tarifas sobre o aço e o alumínio da UE em 1º de junho e Trump está ameaçando estender tais tarifas aos carros e autopeças do bloco. Malmstrom disse que o setor automotivo dos EUA é saudável e que ninguém envolvido no setor pediu tarifas. “Estamos preparando, junto com nossos Estados membros, uma lista de medidas de reequilíbrio também. E isso nós deixamos claro para nossos parceiros americanos”, destacou Malmstrom, em uma conferência organizada pelo German Marshall Fund dos Estados Unidos, em Bruxelas. A União Europeia já impôs suas próprias tarifas de importação sobre 2,8 bilhões de euros em produtos norte-americanos, que variam de bourbon a motocicletas. As medidas correspondentes para as tarifas sobre os carros seriam muito mais altas.

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