Velha esquerda, novos eleitores
Carlos Perktold*
Este articulista imaginou que, passadas as eleições e anunciado o vencedor pelo voto popular, parariam os maldosos vídeos e as fake news sobre os diversos candidatos. Todos aceitariam os resultados e fariam tudo para favorecer o bem do País. Ilusão minha. Elas, as fake news, continuam e é com tristeza que vejo a dificuldade de o PT e o restante da esquerda aceitarem a derrota na eleição presidencial. O País inteiro e até os menos radicais perceberam que a mudança de agora em diante, por menor que seja, será histórica. Temem pelo futuro que a direita possa oferecer quando comparado àquele passado inútil da esquerda. Onde estão as reformas anunciadas por Lula em 2003 e que durante oito anos ele teve apoio popular e maioria no Congresso para implantar? O que dizer dos trágicos anos de governo da ex-futura senadora Dilma Rousseff?
Pior ainda para a esquerda, ela continua não aprendendo com o passado e, seguindo os passos atuais, não voltarão mais ao poder como imaginou José Dirceu e seus acólitos. Aqueles repisam sobre os mesmos erros e insiste em caminhar na mesma trilha que os levou à derrota. Seus líderes instruem os ingênuos ativistas que 57 milhões de eleitores brasileiros são fascistas e somente quem vota na esquerda é democrata. É risível a afirmação. Esses “democratas” não sabem o que é fascismo e não percebem que a assertiva provoca ódio entre os desinteressados pela esquerda.
Ela não faz crítica e nem autocrítica. Não acredita na culpabilidade de Lula e no julgamento de quase vinte juízes, alguns até aumentando a pena aplicada na primeira instância. Não leram o processo e alegam que não há provas. Também não li, mas acredito que os dezesseis juízes leram e se convenceram delas. Não há possibilidade de ter havido acordo entre tantos juízes apenas para eliminar Lula das eleições (e possível derrota). E nem foi somente a Presidência da República a sofrer radical transformação, mas boa parte do Brasil elegendo novos líderes e deixando O PT e o velho zoológico político desamparados até pelos colegas ideológicos.
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O que a esquerda se recusa a ver é que a população, os eleitores, eu, você e todos que não me lerão nesta coluna, cansaram dos políticos profissionais de sempre, intermediando tenebrosas transações e embolsando não a comissão devida, mas o negócio todo. Cansamos. É chegada a hora de novas esperanças. Que o novo presidente não nos desaponte como fizeram Jânio, Sarney, Collor, duas vezes Lula, duas vezes Dilma e o fraco Temer: os brasileiros não aguentarão um novo Messias nos frustrando.
* Psicanalista, advogado e escritor
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