Negócios

Cedro usa ideias de funcionários para sobreviver à crise

Engajar os funcionários e inseri-los nas tomadas de decisões da empresa ajuda não só a motivá-los, mas também a gerar economias significantes nos negócios. A Cedro Têxtil, empresa mineira que tem em seu corpo 3.500 funcionários diretos, institucionalizou a implementação de ideias da equipe em 2010 com o chamado programa Kaizen. A iniciativa foi crucial para a sobrevivência da companhia em meio à crise. “2015 e 2016 foram anos terríveis não só pra gente, mas pra todos os setores do mercado. Se não fosse o engajamento e essa busca pela melhora contínua, com certeza, não teríamos sobrevivido. O programa foi uma alavanca para gente conseguir passar por essa maré”, conta o coordenador de Sistema de Gestão Integrada da Cedro Têxtil, Adriano Araújo. No ano passado, a empresa cresceu 24,2%, concretizando a sua recuperação de mercado e, hoje, ela voltou a utilizar 100% de sua capacidade produtiva. Os kaizens são as ideias de funcionários que já foram implementadas na empresa. Desde a criação do programa, a Cedro já conta com 16 mil kaizens. “Ninguém conhece mais como funciona cada setor da empresa do que as pessoas que ali trabalham. São elas que têm condições de falar onde sua respectiva área precisa melhorar, o que pode ser investido, o que pode ser aproveitado. Também implementamos premiações para os melhores kaizens, para motivar os funcionários a nos trazer as suas ideias. O melhor kaizen deste ano, por exemplo, partiu de um funcionário que conseguiu melhorar a eficiência de um produto sem gastar nada para isso, apenas mudando a metodologia. Isso resultou em um ganho de 5% no setor de tecelagem”, explica. Além de se mostrar eficiente, o programa também é autossustentável financeiramente. Do retorno financeiro obtido com os kaizens, 5% são investidos na manutenção do programa. “A grande maioria dos kaizens nos traz bons resultados. O retorno que temos é muito maior do que investimento. O programa serve para melhorar os processos da empresa e reduzir os desperdícios”, conta Araújo. Ele ainda exemplifica que, em 2015, um funcionário da limpeza sugeriu reduzir a vazão da mola da torneira das pias dos banheiros, levando a empresa a economizar na conta de água. Só no ano passado, que marcou a recuperação da empresa, 4.172 ideias vindas de 1.800 funcionários foram implementadas. 29 delas foram do funcionário da fábrica de Sete Lagoas, Cláudio Henrique de Freitas, que trabalha no setor de compras de materiais. Ele foi premiado como o destaque do ano pelo maior número de ideias implementadas. “O programa é espetacular e todos ganhamos com isso. Como comprador de peças de reposições de todo o segmento têxtil do grupo, a minha meta é fazer boas compras com valores mais baixos, então todos os meus kaizens foram voltados para a redução de custos comerciais. Em uma das negociações, por exemplo, eu consegui economizar R$ 600 mil para o grupo”, conta Freitas. Como funciona – Além dos chamados kaizens espontâneos, nos quais os funcionários percebem que há uma possibilidade de melhoria e levam a ideia ao coordenador de suas respectivas áreas, há também os kaizens demandados, quando a empresa leva determinado problema à equipe e ela ajuda a solucioná-lo com seus conhecimentos sobre a área. O coordenador de Sistema de Gestão Integrada da Cedro Têxtil explica: “O colaborador dentro de sua área identifica uma oportunidade de melhoria, desenvolve isso, descreve o processo em um formulário e leva ao conhecimento do responsável de sua área. Se aprovada, a ideia é colocada em execução e após cerca de três meses de teste de sua eficiência, ela é implementada permanentemente na empresa”. Para engajar ainda mais os funcionários, a empresa estabeleceu premiações que vão desde brindes por kaizen implementado até incentivos financeiros por melhor ideia ou “conjunto da obra”. AÇÕES AJUDAM A ENGAJAR OS TRABALHADORES Para a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG), Marise Drumond, programas como o da Cedro são excelentes para engajar as pessoas em prol do negócio e, ainda, garantir lucro e economia para as empresas. “Engajar e estimular os funcionários ainda são gargalos nas grandes organizações. Quando as empresas fazem com que os empregados sejam parte dos seus objetivos, eles se sentem muito mais pertencentes ao trabalho, desafiados e são estimulados a desempenharem melhor as suas funções. Isso gera uma grande vantagem competitiva nas empresas”, explica. Ela relata sua própria experiência de 20 anos em uma multinacional, que também implementava programas de incentivo e participação. “Ideias sugeridas por funcionários certamente trazem ganhos financeiros para as companhias. Quando eu trabalhava em uma grande organização que contava com estes programas, nós tivemos cases de funcionários que trouxeram economias astronômicas de energia elétrica, de produção e melhorias nos processos”, lembra. Para incentivar as empresas a adotarem estas ações, a ABRH desenvolveu o Prêmio Ser Humano, que já está em sua 17ª edição. O objetivo é justamente incentivar as organizações a modernizar os seus sistemas de gestão de RH para gerar uma equipe de funcionários satisfeita, saudável e produtiva. Marise lembra que não só na área do RH, mas nas demais, uma empresa que desenvolve boas práticas de gestão, sustentabilidade, administração, entre outras, ganham visibilidade e melhoram automaticamente a sua reputação.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas