Kanttum aproveita aporte para expandir
Aprimorar a metodologia de educação aplicada em sala de aula é parte de um processo de autoavaliação do educador e análise da dinâmica no ambiente escolar. E se o professor, junto ao coordenador, pudesse rever as aulas realizadas e, assim, reformular a forma de aplicar o conteúdo para melhorar o processo da educação? No mercado, já há um aplicativo que faz isso. Trata-se do Kanttum, plataforma que permite que o professor se grave em sala da aula, com o próprio celular, tablet ou notebook. Depois, o vídeo é automaticamente compactado e é feito o upload. Para a realização do projeto, a startup obteve um aporte de R$ 250 mil de um investidor anjo em 2015. Após testada como ferramenta de formação dos professores e com a tecnologia já aplicada em diversas instituições de ensino, a empresa vai poder agora acelerar os trabalhos, visto que recebeu este ano mais um aporte de R$ 1,6 milhão da Cedro Capital, gestora de fundos e recursos. “Com esse investimento, nosso primeiro objetivo é estruturar a área pedagógica da Kanttum, ou seja, contratar mais professores para modelar a nossa oferta de serviços para o mercado educacional. Nosso segundo objetivo é reforçar a estrutura operacional, como tecnologia, equipe de marketing e vendas para crescer no mercado”, explica o CEO e fundador da empresa, Pablo Sales. A expectativa é fechar o ano com 25 mil professores atingidos, frente aos 10 mil que utilizavam o aplicativo no início do ano. E ao longo de 2019, a meta é chegar de 30 mil a 40 mil professores atingidos. Sales explica o que motiva esta perspectiva de crescimento: “Queremos ficar três vezes maiores no ano que vem, e isso é possível, porque está havendo muitas mudanças na rede pública de ensino, então, acredito que nos próximos dois anos vai haver uma abertura muito grande deste mercado de formação de professores. Como somos a única empresa que oferece este produto atualmente, vamos abarcar esta demanda”. Já quanto ao faturamento, a expectativa é que ele dobre no ano que vem. A Kanttum já atua com duas instituições de ensino público via consórcio, em Pernambuco e no Ceará. E as instituições privadas, que correspondem a grande maioria dos clientes da startup, também contribuem para aumentar esta demanda. Atualmente a empresa tem 13 clientes, instituições de ensino que somam 300 escolas ou unidades atingidas. O contrato é feito entre a rede de ensino / instituição e a Kanttum, de forma que todos os professores passem a utilizar o aplicativo em sala de aula. O custo da plataforma é a partir de R$ 19,90 por professor. “Hoje, a maioria das pessoas que vão empreender em educação acaba enxergando isso a partir da perspectiva do aluno. O que a gente observa, e é o que faz parte da nossa tese de impacto, é que se conseguirmos transformar um professor mediano em um excelente educador, isso vai impactar diretamente cerca de 100, 200 ou 300 alunos. E isso vai sim contribuir para melhorar a educação”, explica Sales. Como funciona – O aplicativo da Kanttum permite que o professor se filme durante a aula. Isso pode ser feito por meio de um tablet posicionado em um tripé ou, em casos de instituições que não disponibilizem este suporte ao professor, ele pode gravar por meio do seu próprio smartphone. Depois da aula, o educador se vê em sala de aula e pode se autoavaliar, melhorando os pontos necessários. “Há uma lista de habilidades definidas pela escola junto com a Kanttum, um protocolo de avaliação direcionado ao professor e ao mentor ou coordenador. O professor precisa se ver para fazer uma reflexão na prática. Depois, ele preenche estes critérios de avaliação. No aplicativo temos uma ferramenta que permite fazer anotações enquanto ele assiste o vídeo. Então, temos a visão do professor, como ele se enxerga em sala de aula. Depois, é o coordenador que vê o vídeo, faz comentários e marca os pontos que ele acha relevantes na sessão de feedback ao professor”, explica o fundador da startup, Pablo Sales. Tradicionalmente, os coordenadores costumam assistir a aulas esporádicas para fazer essa avaliação, o que pode deixar o professor e os alunos pouco à vontade. O aplicativo suprime essa necessidade, e o professor e coordenador podem fazer uma reunião depois, presencial ou por videoconferência, para avaliar juntos onde melhorar com base no diagnóstico dado pela plataforma. Este material pode ser utilizado em um plano de desenvolvimento para o ano letivo posterior, no planejamento da formação do corpo docente e no aprimoramento educacional da escola. História – Em 2014, o aplicativo tinha o nome de Replay4me. Sales se baseou em sua experiência como diretor comercial de duas empresas de educação em Belo Horizonte para criá-lo. Inicialmente, o objetivo era gravar as aulas para o aluno rever e não para os professores. “Quando fui vender o produto, me apontaram dois problemas: o direito de imagem do aluno e a renegociação com o professor, já que gravar as aulas para alunos seria uma forma de EAD. Uma das escolas observou, no entanto, que esta tecnologia seria ótima para os casos em que o coordenador pedagógico tem que assistir uma aula presencial para ajudar o professor. Então, com o primeiro aporte financeiro que recebemos do desenvolvedor anjo, passamos a aperfeiçoar a tecnologia para este fim”, conta. Em 2017, a empresa passou a se chamar Kanttum e já se estabeleceu na área de formação de professores.
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