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Minas é o maior mercado de espumante fabricado no PE

A relação entre Minas e o Nordeste vai muito além da concretização pela fronteira geográfica com a Bahia. Pelo contrário, ela é fluida como o rio São Francisco, que nasce em território mineiro e atravessa, dentre outros estados, Pernambuco, onde uma beirada de suas águas é aproveitada para a produção das bebidas Rio Sol. As águas então, não em forma de rio, mas de vinhos e espumantes, fazem o trajeto contrário e retornam para Minas, onde são distribuídas em 12 cidades, responsáveis por cerca de 20% do faturamento da marca. Como agradecimento, o Estado é o campeão de vendas do espumante brut rosé da Rio Sol. “Sabemos que o mercado mineiro é um teste para qualquer produto no Brasil. Reza a lenda que se um produto pegar em Minas, ela vai pegar em qualquer outro lugar. Felizmente, aqui, os produtos da Rio Sol, especialmente o espumante, tiveram uma boa aceitação. Acredito que porque a qualidade brasileira desta bebida já está muito consolidada. Se o consumidor for procurar um espumante importado na mesma faixa de preço do espumante da Rio Sol, ele vai acabar adquirindo um produto de qualidade inferior pelo mesmo valor”, comenta a representante de vendas e distribuidora da marca em Minas Gerais, Cláudia Bernardes. Já os vinhos ainda representam um desafio no mercado mineiro. “Os vinhos brasileiros ainda estão em fase de conquista no gosto do mineiro, porque os impostos são muito altos, e isso é um entrave para este mercado. Isso porque os vinhos do Mercosul vêm com um imposto bem inferior aos nacionais, então, entre comprar um vinho chileno de cerca de R$ 30 e um brasileiro de qualidade semelhante e um pouco mais caro, naturalmente, o brasileiro vai preferir o importado. Especialmente em um cenário de crise onde o fator dinheiro se tornou uma preocupação”, explica. Presente há cerca de dez anos no Estado e, atualmente, sendo encontrado em supermercados e mercados do ramo, Belo Horizonte é a cidade mineira que mais vende os produtos da marca, mas Juiz de Fora, Pará de Minas, Itabira e Governador Valadares também têm boas safras de vendas. A divulgação aconteceu de forma intensiva no início da marca no Estado, principalmente em aulas de cursos de gastronomia, e se tornou constante ao longo dos anos, tanto que, entre 2015 e 2016, foi registrado um aumento de 30% nas vendas por aqui. Por outro lado, a partir de então, o mercado mineiro deu uma estagnada nas vendas, possivelmente por conta da crise, como acredita Cláudia. “As vendas acompanham a situação do Brasil, como todo segmento, então, obviamente, há dificuldades”. Segundo ela, os maiores públicos de venda dos espumantes são os de eventos, como casamentos e formaturas. “O diferencial dos produtos é a qualidade, mas também o ‘peso que tem o rio São Francisco em sua produção e divulgação. É um rio que tem uma ligação muito forte com Minas Gerais, que tem história com o Estado. E acredito que o fato de a marca pertencer a um grupo de Portugal também influencia bastante, porque os vinhos portugueses estão muito em alta, podemos dizer que estão na moda, e isso dá muito prestígio”. Outro diferencial é a localidade de produção, que oferece sol o ano inteiro para as uvas, dando um sabor especial à matéria-prima das bebidas da marca. História – A Vitivinícola Santa Maria, que produz os vinhos brasileiros, fica a 53 quilômetros de Petrolina, no semiárido pernambucano. O negócio começou em 2002, quando o grupo de produtores portugueses Global Wines chegou à região do Dão e implantou a unidade no Vale de São Francisco, faixa de terra entre Pernambuco e Bahia. Foi ali, em meio à vegetação da caatinga, que começou a produção das uvas viníferas, matéria-prima dos vinhos e espumantes das marcas Rio Sol e Adega do Vale. Além do sol o ano inteiro, a produção é privilegiada por um sistema de irrigação por gotejamento, permitindo uma simulação do período de hibernação da planta em um tempo menor, o que possibilita duas safras de uvas por ano, quando o comum em produções de vinho de clima temperado é apenas uma única safra. No total são cerca de 1,3 milhão de litros de espumantes e vinhos por ano. Aproximadamente 60% da produção da Vitivinícola é de espumantes e os outros 40% são de vinhos jovens e de maturação. No local, uma fazenda de 120 hectares, são produzidas as uvas Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tempranilo e Merlot, além de uvas brancas como Chenin Blanc, Viognier, Fernão Pires e Moscatel.

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