[EDITORIAL] Para mover a montanha
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Como a memória é fraca, não custa nada lembrar que a Companhia Vale do Rio Doce, que recentemente encolheu seu nome numa tentativa frustrada de apagar seu passado, nasceu em Minas Gerais pelas mãos de grandes mineiros e com o objetivo de explorar reservas de minério de ferro que se contavam entre as maiores e melhores do mundo. Estes os ingredientes iniciais da construção de uma história que culminou com a transformação da empresa na maior mineradora do planeta. Nesse rol de realizações, conta-se também a implantação do complexo de Carajás, hoje o principal polo produtor da companhia, cuja existência também se deve a recursos que foram gerados a partir das minas de Itabira e graças a mineiros tão grandes quanto Eliezer Batista, recentemente falecido, e Fernando Roquete Reis, realizador da proeza de comprar por US$ 20 milhões a metade norte-americana em Carajás, na qual não enxergavam “potencial” ou preferiam deixar intocada, como uma reserva estratégica para seu País.
De fato não dá para esquecer, por mais que às vezes esta pareça ser a vontade dos atuais controladores da Vale, mesmo que corram o risco de confirmar a profecia de que deixariam como herança em Itabira apenas um grande buraco. O fundamental é que os mineiros, que também nunca se conformaram que a sede da empresa permaneça localizada no Rio de Janeiro por razões exclusivamente políticas, entendam o que se passa e saibam reagir, no contexto do movimento que visa resgatar o protagonismo regional, num esforço que evidentemente inclui melhor aproveitamento de suas riquezas.
Tudo isso nos ocorre a propósito da notícia de que a empresa está próxima de concluir a aquisição do controle da Ferrous, que opera minas de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero. Um negócio avaliado em US$ 550 milhões e que, estima-se, será concluído no próximo ano, desde que sejam atendidas as normas regulatórias brasileiras. Pode parecer apenas mais um negócio, mas se confirmado será também mais um passo num processo de concentração que, ensina a experiência, pouco tem favorecido o Estado que tem no minério de ferro justamente seu principal produto de exportação, mesmo que em condições que estão longe de ser satisfatórias.
Minas Gerais, que nos últimos anos perdeu força política e consistência econômica, num processo de evidente regressão, tem por obrigação estar muito atenta a estes movimentos e suas possíveis consequências. Tarefa para o futuro governador Romeu Zema, que já prometeu fazer do Estado o ponto mais atraente no País para novos investimentos, para a classe política e em especial a bancada federal, para os empresários e as entidades que os representam, este último grupo, se articulado, dono da forma capaz de mover a montanha.
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